Pires de Lima
"O CDS é contra o aumento dos impostos"
Económico com Lusa
06/09/11
O presidente do Conselho Nacional do CDS alertou hoje que o aumento dos impostos "não é razoável" a médio e longo prazo.
António Pires de Lima, em declarações à Agência Lusa, afirmou que "do ponto de vista estrutural, o CDS é contra o aumento dos impostos, mas também entendemos que, no curto prazo, há circunstâncias que obrigam a alguns ajustamentos, nomeadamente o facto de precisarmos de recuperar credibilidade financeira do ponto de vista internacional e cumprir o acordo com a 'troika', que também prevê infelizmente alguns aumentos de impostos".
No entanto, o dirigente centrista alertou que os aumentos de impostos que têm sido anunciados pelo Governo, nomeadamente ao nível do IRS, "só podem ser entendidos como temporários".
Disse que "não é razoável que Portugal tenha hoje, com os rendimentos que tem, níveis de impostos que fazem com que as classes baixa e média sejam tão penalizadas e que nas mais altas quase 50% [dos rendimentos] seja para pagar a dívida do Estado. Não é razoável em termos de médio e longo prazo".
No entanto, Pires de Lima considerou que os reparos que têm vindo a público por parte de elementos do CDS, incluindo os seus, são feitos "sem pôr minimamente em causa a coesão da coligação" governamental entre PSD e CDS-PP, uma vez que são feitos "com bom espírito" e tendo como principal objectivo "o sucesso" do actual Executivo.
"Não vejo que estas sugestões, estes reparos, estas críticas construtivas possam minar minimamente o espírito de lealdade e solidariedade com que o CDS tem estado nesta coligação e vai continuar a estar. Esta coligação tem um mandato para quatro anos e o CDS tem a firme intenção de se manter solidário com esta coligação durante todo o espaço desta legislatura", assegurou.
Por outro lado, sublinhou, "é compreensível que o Governo, no curto prazo, faça ajustamentos ao nível dos impostos superiores ao memorando da 'troika', desde que seja bem explicado e comunicado - e seguramente existiram aí alguns défices -, face à situação com que o novo Governo se viu confrontado e para poder cumprir metas orçamentais com que está absolutamente comprometido".
Avançou que "o que se pode discutir é se, do ponto de vista de equidade e justiça, os sacrifícios pedidos aos portugueses estão de facto bem repartidos, [uma vez que] é sobretudo sobre aqueles que trabalham que está a ser feita a maior penalização. Os rendimentos dos capitais e património, até os impostos sobre a empresa, têm sido razoavelmente poupados neste aumento de impostos que tem vindo a ser comunicado".
Para o dirigente democrata-cristão, outra questão fundamental é a de os aumentos de impostos serem acompanhados por "reais e sensíveis iniciativas de diminuição da despesa, para que no próximo ano se possa começar a conhecer um desagravamento fiscal".
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