sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Mudar de Vida - Carlos Paredes

Verdes Anos - Carlos Paredes

MOÇAMBIQUE


Nada explica que num país onde 50% do Orçamento do Estado vem dos doadores - o G19, que inclui os países nórdicos, o Reino Unido, o Canadá, a Espanha, a Itália e Portugal - a administração faça gastos ostensivos. O chefe de Estado de Moçambique, para se deslocar 20 quilómetros, para o outro lado da baía, aluga seis helicópteros a 2 mil dólares à hora cada.
É, pois, natural que o povo moçambicano, que um dia acreditou nos nacionalistas da Frelimo, na sua luta contra o colonialismo português para o libertar da miséria e opressão, sintam na pele que pouca coisa tenha mudado. Nacionalistas e Colonizadores confundem-se. A luta, afinal, é de classes. De pobres contra aqueles que se apoderaram do poder para benefício próprio.
Não basta dar dinheiro para promover o desenvolvimento das nações pobres. Os países doadores, por mais que isso custe aos pruridos de soberania das elites corruptas, têm o direito de fiscalizar o modo como esse dinheiro é investido. A não ser que, na ausência de regras, na indefinição, doadores e beneficiários, todos, lucrem com o negócio. A verdade é que Moçambique, um pais cheio de recursos, continua um dos mais pobres do planeta. O povo ainda não sentiu as vantagens das ajudas do G19 mas as ruas estão cheias de Jaguares, Ferraris e Hummer`s.
Revoluções, precisam-se!
(AOC)

XENOFOBIA


O mundo, no seu conjunto, tem hoje um problema grave de imigração clandestina maciça. Um problema que, infelizmente, irá piorar. E que, por força dos crescentes desequilíbrios ambientais, climáticos e económicos, poderá mesmo vir a tornar-se num dos maiores de todos os tempos da raça humana. Como é também verdade que a Europa e o mundo têm problemas crescentes de desemprego e de insegurança. Mas todas estas questões nunca se resolveram com expulsões, deportações e perseguições organizadas a grupos específicos de cidadãos de nacionalidades ou etnias predifinidas. Nem nunca se solucionaram com decisões unilaterais, tomadas Estado a Estado. Não é a forma correcta para a Europa os resolver, na sua relação com o mundo, e muito menos oara os resolver dentro das suas próprias fronteiras comuns. Bem pelo contrário, políticas como esta, que têm motivações paralelas às assumidas publicamente, e que visam somente explorar o que pior têm os povos em momentos de dificuldade, sempre nos conduziram a situações indesejáveis.
O projecto de alteração da Lei de Imigração francesa, prevê a expulsão de estrangeiros, incluindo cidadãos da União Europeia que não garantam ter meios de subsistência duradouros, que sejam uma ameaça para a ordem pública ou que abusem do direito de livre circulação que vigora em vários Estados da UE.
(Texto de Pedro Camacho)
NOTA: Ninguém emigra por gosto, ninguém abandona o seu país a não ser para fugir à fome, à doença, à miséria. É pois altura de os Estados desenvolvidos e ricos pensarem num novo modelo de desenvolvimento que não exclua as restantes nações da partilha da riqueza. Só assim os povos deixarão de emigrar. É uma questão de sobrevivência e paz para todos. Caso contrário, não tenhamos dúvidas, veremos o "modelo Sarkozy" ser aplicado a outros países.
(AOC)

TEMPESTADE NO NEGÓCIO DOS SUBMARINOS


O Tridente, o novo submarino português, um topo de gama de última geração entre os submarinos das armadas europeias, é um monstro mal-amado e incómodo para as afixiadas contas públicas nacionais. Claro que a Marinha reclama para esta nova arma um papel decisivo no controlo da vasta Zona Económica Exclusiva Portuguesa, com perto de 1,7 milhões de quilómetros quadrados. O problema é que o País padece de problemas mais imediatos, e a compra do Tridente e do Arpão traduz-se num agravamento do défice orçamental superior a mil milhões de euros. Há economistas a admitir que o esforço financeiro para pagar os dois submarinos anula os efeitos das medidas de austeridade impostas pelo Governo. Fala-se até de um inevitável aumento da carga fiscal sobre os exauridos orçamentos dos portugueses.
Para além disso, o negócio entre o Estado Português e o consórcio alemão German Submarine Consortium está envolto numa névoa de suspeições, que já originou investigações judiciais em Portugal e Alemanha. Escutas telefónicas entre o ex-tesoureiro do CDS-PP, Abel Pinheiro, e Paulo Portas, ministro da Defesa à data do negócio, suscitam suspeitas de favorecimento do consórcio alemão, que justificaram a abertura de um novo processo. Gestores alemães e portugueses são acusados de fraude e burla num esquema que terá lesado o Estado português em 34 milhões de euros. Está também por explicar o depósito, numa conta bancária do CDS, de um milhão de euros em notas.
(Texto escrito com base num artigo de Francisco Galope, publicado na revista "Visão" em 9 de Setembro de 2010).
NOTA: A compra dos dois submarinos topo de gama faz-me lembrar aquela história das velhas famílias da nobreza, que, apesar de empobrecidas, sem dinheiro para mandar cantar um cego, continuam a dar festas de arromba para manter o status. Assim está Portugal!

O LIVRO DA CONSCIÊNCIA


NOVO LIVRO DE ANTÓNIO DAMÁSIO
A partir do próximo dia 24 estará à venda nas livrarias portuguesas O Livro da Consciência, nova obra de António Damásio, o reputado neurocientista português radicado nos EUA.
Editado pela Temas e Debates/Círculo de Leitores, vem juntar-se a O Erro de Descartes, O Sentimento em Si e Ao Encontro de Espinosa.
Desta vez Damásio aborda os sentimentos e a construção da consciência, demonstrando a ligação entre biologia e cultura.

Lisboa debaixo de terra A Muralha Fernandina

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Tahijam - Steve Shehan, Nadishana, Nebil Othmani

Lisboa debaixo de terra O Padrao do Chao Salgado Canal Historia JPL TVRIP

A CRISE É PARA OS OUTROS


"MOURATO NUNES, EX-COMANDANTE DA GNR, CONTINUA A TER MOTORISTA PARTICULAR, MESMO DEPOIS DE TER CESSADO FUNÇÕES."
(notícia da revista "Visão" de 9 de Setembro de 2010)
Um Governo que corta nas despesas com a saúde, com o ensino, que se prepara para cobrar portagens nas SCUTS, que aumenta impostos sobre a classe média, não tem coragem para acabar com benesses injustificadas?
Por seu lado, Mourato Nunes, se fosse um homem solidário com o seu país, um verdadeiro militar, deveria ser o primeiro a oferecer-se voluntariamente para desonerar o orçamento deste encargo. Afinal, os militares juraram defender o país e o seu povo de quem os quer prejudicar.
(AOC)

LIBERALIZAR OS DESPEDIMENTOS


Pedro Passos Coelho apresenta esta semana a versão final do projecto de revisão constitucional do PSD ...
Abandonar a "justa causa" é para a direcção do PSD um ponto de honra, até por considerarem que se trata de um conceito muito conotado com a actual legislação laboral portuguesa e com a necessidade de haver culpa do trabalhador para poder ser despedido, conceito que Passos Coelho quer alterar. A sua convicção é que flexibilizar a legislação do trabalho é inevitável para libertar as empresas e até para segurar emprego.
(excerto de um texto do jornal "Expresso de 11 de Novembro de 2010)

IMPOSTOS EM PORTUGAL


"... 43% DOS IMPOSTOS EFECTIVAMENTE PAGOS EM PORTUGAL FORAM PAGOS POR FAMÍLIAS COM RENDIMENTOS ENTRE 32 E 50 MIL EUROS POR ANO. ISSO, FAMÍLIAS QUE VIVEM COM MENOS DE 1500 EUROS LÍQUIDOS POR MÊS. SÃO OS REMEDIADOS QUEM MAIS FINANCIA O ESTADO."
(excerto de um texto de Martim Avillez Figueiredo, publicado no jornal "Expresso" de 11 de Setembro de 2010)

MATAR PELA FÉ OS NÃO CRENTES


REUNIÃO DE SACERDOTES DAS PRISÕES DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA (USA)

CONCLUSÕES DA REUNIÃO:

A religião muçulmana, é a que mais cresce em número nos Estados Unidos, especialmente nos grupos minoritários.

No mês passado, assisti a uma classe de treinamento, para manter as minhas condições de segurança no departamento de prisões do estado.

Durante a reunião, foram apresentados três dos intervenientes que dissertaram sobre o tema: Um sacerdote católico, um pastor protestante e um imã muçulmano, que nos deram diversas explicações. Na minha qualidade de capelão, interessava-me sobretudo o que o imã islamico diria.

O imã, fez uma completa e detalhada apresentação da sua religião de base do islamismo, apresentando inclusivé alguns vídeos.

Depois das apresentações, foi concedido um tempo para perguntas e respostas.

Quando chegou à minha vez, perguntei ao imã:

Por favor, corrija-me se me equivoco, mas segundo entendo, a maioria dos imãs e clérigos do islão, declararam a “JIHAD” (guerra santa), contra os infiéis de todo o mundo. De modo que matando um infiel, que é uma ordem para todos os muçulmanos, têm assegurado um lugar no céu. Se assim é... pode dar-me uma definição de infiel?

Sem discutir minhas palavras, o imã disse: “São os não crentes”.

Questionei: Permita assegurar-me que o entendi bem: A todos os seguidores de Álá, é-lhes ordenado que matem a todo aquele que não é da sua fé, para poderem ir para o céu? Está correcto?

A expressão da sua cara mudou de uma autoridade para a de uma criança apanhada em flagrante a ir à caixa das bolachas. Com ar envergonhado respondeu: ASSIM É!

Acrescentei: pois bem senhor imã, tenho um verdadeiro problema quando imagino se o Papa Bento XVI ordenasse as todos os católicos que matassem todos os muçulmanos e que o Dr. Stanley ordenesse a todos os protestante que fizessem o mesmo para também poderem ir para o céu...

O imã ficou mudo.

Continuei: Também estou com um problema que é ser seu amigo, quando o senhor e os seus colegas, dizem aos seus pupilos que me matem. O que preferiria o senhor: a Álá que lhe ordena matar-me para poder ir para o céu ou a Jesus que me ordena amá-lo a sí, para que eu vá para o céu e que o leve comigo.

Podia-se ouvir caír uma agulha no chão de tanto silêncio, quando o imã inclinou a cabeça de vergonha.

COM O NOSSO SISTEMA JUDICIAL LIBERAL E POR PRESSÃO DA “ACLU” (Organização Árabe Americana), ESTE DIÁLOGO NÃO SERÁ PUBLICADO. POR ISSO, ROGAMOS QUE FAÇA CIRCULAR ESTE DIÁLOGO POR TODAS AS SUAS LISTAS DE DIRECÇÕES PARA O DAR A CONHECER.

Rick Mathes – Capelão de prisões (USA)

“OU VIVEMOS TODOS JUNTOS COMO IRMÃOS OU MORREMOS TODOS JUNTOS COMO IDIOTAS! (Dr. Martin Luther King)

NÃO SOU CRENTE, mas se eles matam e se matam pela sua fé... porque não enviar este e-mail aos meus amigos e irmãos de fé...

Sejamos corajosos!!!

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A PROSTITUIÇÃO NA SUÉCIA


FIM DO SEXO PAGO.
Um ano de prisão. Eis a pena a que se habilitam as pessoas que "obtenham uma relação sexual a troco de dinheiro", como pretende o Governo. A duas semanas das eleições legislativas, todos os partidos parlamentares se mostram favoráveis ao endurecimento da actual lei que prevê até seis meses de prisão para quem recorre à prostituição.

(
Notícia publicada na Revista "Visão" em 9 de Setembro de 2010)

Nota: Embora a prostituição seja considerada a mais antiga profissão do mundo, aquilo que se pode dizer da lei sueca é que é um avanço civilizacional. Enquanto os políticos suecos se preocupam com a saúde pública e com a dignidade da mulher (embora haja quem defenda que a utilização do corpo para fins sexuais, sem relação de afectividade, a troco de dinheiro ou outros favores, seja uma profissão tão digna como outra qualquer forma de exploração de mão-de-obra), assiste-se em Portugal à mais abjecta prostituição. Quem viaja pelo país encontra, à beira da mais movimentada estrada, do mais recôndito caminho, mulheres expondo-se, dispostas ao comércio carnal em locais públicos, sem as mínimas condições de higiene. Para além de falsos moralismos, o que aqui está em causa é a saúde pública, quando sabemos as doenças venéras encontram assim um caminho seguro. Não se trata de esconder o que é óbvio, de varrer para debaixo do tapete a vergonha de uma imagem de terceiro mundo. O Governo tem problemas bem mais graves a resolver, mas é altura dos políticos, que se preocupam com a quantidade de sal no pão, começarem a pensar que a prostituição desregulamentada é bem mais perigosa para a saúde pública que qualquer outro excesso. Deixemo-nos, mais uma vez, de falsos moralismos. Porque não legalizar a prostituição e obrigar os trabalhadores do sexo a trabalhar em locais próprios, as vistorias médicas periódicas, como acontece noutras profissões? Além do mais, deixava de ser economia paralela, isenta de impostos. E, nos tempos que correm, em que os cofres públicos estão exauridos, mais uns milhões vinham mesmo a calhar!
(AOC)

Lisboa debaixo de terra O Nucleo Arqueologico da Rua dos Correeiros Cana...

CORAL LUÍSA TODI - SETÚBAL


Caros Amigos,
Estão abertas as inscrições para as várias actividades do Coral Luísa Todi na temporada que agora se inicia.
Para além dos 2 Corais (adulto e infantil) e dos Cursos Livres, já existentes, este ano vamos dar início aos Cursos do Ensino Especializado da Música, com currículos idênticos aos dos Conservatórios, mas com preços muito mais baixos.

Agradecemos que divulguem junto dos vossos contactos estas actividades do Coral Luísa Todi, que se iniciam todas em Setembro.

ACTIVIDADES DO CORAL LUISA TODI para 2010-2011:

Coral Luísa Todi (adulto)
Coral Infantil Luísa Todi (6 aos 13 anos)

CURSOS LIVRES
Formação Musical
Leitura à Primeira Vista para Coralistas (NOVO)
Guitarra
Piano (NOVO)
Técnica Vocal/Canto
Teatro Dança (infantil)
Teatro Dança (adulto)
Pintura

CURSOS DO ENSINO ESPECIALIZADO DA MÚSICA
Iniciação (NOVO)
Curso Básico (5º e 6º anos) (NOVO)

As inscrições podem ser feitas directamente na Secretaria, no horário normal de expediente, através do telefone 265 57 21 90 ou do telemóvel 96 766 82 02, ou ainda através do email coralluisatodi@gmail.com.

Junto enviamos um Cartaz de publicitação das actividades

Obrigado pela colaboração.

Coral Luisa Todi
Rua Carlos Ferreira, 15
2900 - 025 Setúbal

Telef/fax 265 57 21 90
coralluisatodi@gmail.com - http://www.coralluisatodi.org/

O PARLAMENTO PORTUGUÊS O PARLAMENTO SUECO: DIFERENÇAS

Porque não aprendem os nossos governantes, os nossos politicos, os
nossos empresários, e todos aqueles que por aí andam a enganar tudo e
todos, acabando por se enganar a eles próprios?

Aqui vai o modo de trabalhar dos Ministros Suecos:

http://www.youtube.com/watch?v=ZxruR3Q-c7E

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Lisboa debaixo de terra O Aqueduto das Aguas Livres

SYNAPSIS: UM NOVO PROJECTO CULTURAL NASCE EM SETÚBAL


Museu de Arqueologia, dia 24 de Setembro, sexta-feira, às 21,30 horas

...O synapsis, numa parceira com o Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal (MAEDS), vai apresentar-se à cidade de Setúbal com um serão de música, poesia e pintura ao vivo, a ter lugar no dia 24 de Setembro, pelas 21h30.

O serão terá a participação do grupo e-Vox, dos declamadores Carlos Medeiros e João Completo e do pintor Nuno David. O e-Vox interpretará 8 temas musicais, com músicas de Alexandre Murtinheira e Salvador Peres inspiradas em poemas de Fernando Cameira, David Mourão-Ferreira, Madalena Férin e Sebastião da Gama.

A parceria com o MAEDS

A parceria com o MAEDS visa concretizar uma actividade cultural regular do Synapsis nas instalações daquela instituição, com abordagens nas áreas da música, poesia, pintura, fotografia e outras manifestações no território das artes plásticas e da intervenção cívica e de cidadania.

O que é o Synapsis?

O Synapsis assume-se como um movimento informal de gente livre e de espírito aberto, não alinhado com correntes de opinião nem com organizações de carácter ideológico, religioso, político ou partidário. O Synapsis encontra na expressão de vontades e talentos dos seus membros, um meio de intervir na esfera pública, contribuindo, dessa forma, para o crescimento de uma sociedade que deseja norteada pela justiça, pela reflexão crítica, pelo pensamento e pela acção construtiva.

O seu objecto fundamental é o livre acesso à expressão de ideias e ao desenvolvimento de uma reflexão crítica através das diversas formas de expressão artística. Fortalecendo os laços entre si e para com a sociedade, na expectativa de conjugar a intervenção cívica e o discurso fluido de propostas estéticas, plásticas, musicais e poéticas, em partilha atenta à comunidade.

O Synapsis é constituído pelos seguintes membros: Alex Gandum, Alexandre Murtinheira, Ana Mafalda Pinto, António Manuel Santos, António Marrachinho Soares, Carlos Medeiros, Diná Lopes Peres, Eduardo Carqueijeiro, João Completo, Luís Nunes, Natália Jusckievicz, Nuno David e Salvador Peres.

Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal (MAEDS)
Av. Luisa Todi, nº 162 2900-451 Setúbal
Tel.: 265 239 365/264534º29 Fax: 265527678
maedeventos@mail.telepac.pt
http://www.maedsactividades.blogspot.com/

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

marco rodrigues Bruma do cais

MOÇAMBIQUE - PORQUE SÃO PRECISAS REVOLUÇÕES!


De facto, a promiscuidade entre o poder político e o económico, em Moçambique, é enorme. Muitas vezes, os ministros e os generais são sócios das grandes empresas do país. O caso mais grave destas "relações perigosas" deu-se no princípio do verão, quando um dos principais financiadores da Frelimo, Momad Bachir Sulemane, um dos principais empresários moçambicanos, foi acusado pelo Departamento do Tesouro dos EUA de ser um dos principais traficantes de droga do planeta, numa lista assinada por Barack Obama. Trata-se de um homem que era tão íntimo de Joaqui Chissano que lhe dava de "comer à boca, nos banquetes presidenciais". E que mantém essa intimidade com Armando Guebuza, a quem, segundo a imprensa local, oferece canetas e cachimbos de 50 mil dólares. Com o consentimento das autoridades moçambicanas os contentores das empresas de Momade Bachir introduzidos no país nunca eram abertos e vistoriados. O jornalista Fernando Veloso explica, "Ele punha cá o que queria".
(excerto de um texto publicado na revista "Visão" de 9 de Setembro de 2010)
Nota: Aliando-se a criminosos, os Pais da Nação traíram o seu povo. A verdade já não lhes pertence. O povo tem o direito a procurar uma "nova verdade".
(AOC)

A PEDOFILIA E UM SABOR AMARGO


O crime de pedofilia é um dos mais difíceis de provar. Porque a prova documental é escassa. Porque o pedófilo é o criminoso que mais veementemente nega o crime. Ajuda-o o facto de ser, muitas vezes, um indivíduo socialmente integrado, cordato, afável e senhor de uma notoriedade que desmente a priori o seu comportamento duplo. Mais: o pedófilo nega o crime "sinceramente". Isto é, nega-o a si mesmo, preferindo fechá-lo numa "gaveta recôndita" da sua personalidade.
(Excerto de um texto de Filipe Luís, publicado na revista "Visão" de 9 de Setembro de 2010).
Nota: A verdade é que a lei e a sociedade só muito recentemente condenam a prática da pedofilia. Durante toda a minha meninice sempre ouvi dizer, sem qualquer embargo, que nos seminários, colégios internos, e até escolas militares, era comum abusar-se das crianças mais tímidas, por isso mais fracas. Encolhiamos os ombros, não era nada connosco.
Felizmente que a mentalidade mudou.
Paira, contudo, relativamente ao processo da Casa Pia, um sentimento de desconfiança quanto à forma como a Justiça actuou. Um sabor amargo a injustiça. Algo parecer escapado por baixo do nosso nariz. A rede pedófila, que durante anos actuou impunemente, nada tem, afinal, de rede, resume-se a muito pouca coisa. Os acusados, à excepção de Carlos Silvino, o peão de todo o processo, e o que maior pena cumpre, parecem ter sido punidos a medo. Será uma forma de tentar calar futuros sentimentos de vingança, novas denúncias que, como ameaça Carlos Cruz, provocarão um terramoto na República? Será que o "peixe político" escapou das malhas da rede? Especulações?!
Mudaram as mentalidades mas persistem as fantasias eróticas de muitos, que, escondidos na sua duplicidade, socorrendo-se do seu poder, continuarão a enganar a sociedade e as crianças, agora munidos de novas artes.
(AOC)

Lisboa debaixo de terra O Convento de Corpus Christi

O BURACO NEGRO E A AMBIÇÃO HUMANA

MOÇAMBIQUE- MIA COUTO- OS MOTINS NÃO ERAM LEGAIS MAS ERAM LEGÍTIMOS


A pobreza sai muito caro

Sep 6, '10 1:21 PM
para todos

“A pobreza sai muito caro. Ser pobre custa muito dinheiro. Os motins da semana passada comprovam este parodoxo. Jovens sem presente agrediram o seu próprio futuro. Os tumultos não tinham uma senha, uma organização, uma palavra de ordem. Apenas a desesperada esperança de poder reverter a decisão de aumento de preços”

Cercado por uma espécie de guerra, refém de um sentimento de impotência, escuto tiros a uma centena de metros. Fumo escuro reforça o sentimento de cerco. Esse fumo não escurece apenas o horizonte imediato da minha janela. Escurece o futuro. Estamo-nos suicidando em fumo? Ironia triste: o pneu que foi feito para vencer a estrada está, em chamas, consumindo a estrada. Essa estrada é aquela que nos levaria a uma condição melhor.

E de novo, uma certa orfandade atinge-me. Eu, como todos os cidadãos de Maputo, necessitaríamos de uma palavra de orientação, de um esclarecimento sobre o que se passa e como devo actuar. Não há voz, não rosto de nenhuma autoridade. Ligo rádio, ligo televisão. Estão passando novelas, música, de costas voltadas para a realidade. Alguém virá dizer-nos alguma coisa, diz um dos meus filhos. Ninguém, excepto uma cadeia de televisão, dá conta do que se está passando.

A pobreza sai muito caro. Ser pobre custa muito dinheiro. Os motins da semana passada comprovam este parodoxo. Jovens sem presente agrediram o seu próprio futuro. Os tumultos não tinham uma senha, uma organização, uma palavra de ordem. Apenas a desesperada esperança de poder reverter a decisão de aumento de preços. Sem enquadramento organizativo os tumultos, rapidamente, foram apropriados pelo oportunismo da violência, do saque, do vandalismo.

Esta luta desesperada é o corolário de uma vida de desespero. Sem sindicatos, sem partidos políticos, a violência usada nos motins vitimiza sobretudo quem já é pobre.
Grave será contentarmo-nos com condenações moralistas e explicações redutores e simplificadoras. A intensidade e a extensão dos tumultos deve obrigar a um repensar de caminhos, sobretudo por parte de quem assume a direcção política do país. Na verdade, os motins não eram legais, mas eram legítimos. Para os que não estavam nas ruas, mesmo para os que condenavam a forma dos protestos, havia razão e fundamento para esta rebelião. Um grupo de trabalhadores que observava, junto comigo, os revoltosos, comentava: são os nossos soldados. E o resto, os excessos, seriam danos colaterais.

Os que não tinham voz diziam agora o que outros pretendiam dizer. Os que mais estão privados de poder fizeram estremecer a cidade, experimentaram a vertigem do poder. Eles não estavam sugerindo alternativas, propostas de solução. Estavam mostrando indignação. Estavam pedindo essa solução a “quem de direito”. Implícito estava que, apesar de tudo, os revoltosos olhavam como legítimas as autoridades de quem esperavam aquilo que chamavam “uma resposta”. Essa resposta não veio. Ou veio em absoluta negação daquilo que seria a expectativa.

Poderia ser outra essa ausência de resposta. Ou tudo o que havia para falar teria que ser dito antes, como sucede com esses casais que querem, num último diálogo, recuperar tudo o que nunca falaram. Um modo de ser pobre é não aprender. É não retirar lições dos acontecimentos.

As presentes manifestações são já um resultado dessa incapacidade.

Para que, mais uma vez, não seja um desacontecimento, um não evento. Porque são muitos os “não eventos” da nossa história recente. Um deles é a chamada “guerra civil”. O próprio nome será, talvez, inadequado. Aceitemos, no entanto, a designação. Pois essa guerra cercou-nos no horizonte e no tempo. Será que hoje retiramos desse drama que durou 16 anos? Não creio. Entre esquecimentos e distorções, o fenómeno da violência que nos paralisou durante década e meia não deixará ensinamentos que produzam outras possibilidades de futuro.

Vivemos de slogans e estereótipos. A figura emblemática dos “bandos armados” esfumou-se num aperto de mão entre compatriotas. Subsiste a ideia feita de que somos um povo ordeiro e pacífico. Como se a violência da chamada guerra civil tivesse sido feita por alienígenas. Algumas desatenções devem ser questionadas. No momento quente do esclarecimento, argumentar que os jovens da cidade devem olhar para os “maravilhosos” avanços nos distritos é deitar gasolina sobre o fogo. O discurso oficial insiste em adjectivar para apelar à auto-estima. Insistir que o nosso povo é “maravilhoso”, que o nosso país é “belo”. Mas todos os povos do mundo são “maravilhosos”, todos os países são “belos”. A luta contra a pobreza absoluta exige um discurso mais rico. Mais que discurso exige um pensamento mais próximo da realidade, mais atento à sensibilidade das pessoas, sobretudo dessas que suportam o peso real da pobreza.

Mia Couto,O País