sexta-feira, 17 de setembro de 2010

TEMPESTADE NO NEGÓCIO DOS SUBMARINOS


O Tridente, o novo submarino português, um topo de gama de última geração entre os submarinos das armadas europeias, é um monstro mal-amado e incómodo para as afixiadas contas públicas nacionais. Claro que a Marinha reclama para esta nova arma um papel decisivo no controlo da vasta Zona Económica Exclusiva Portuguesa, com perto de 1,7 milhões de quilómetros quadrados. O problema é que o País padece de problemas mais imediatos, e a compra do Tridente e do Arpão traduz-se num agravamento do défice orçamental superior a mil milhões de euros. Há economistas a admitir que o esforço financeiro para pagar os dois submarinos anula os efeitos das medidas de austeridade impostas pelo Governo. Fala-se até de um inevitável aumento da carga fiscal sobre os exauridos orçamentos dos portugueses.
Para além disso, o negócio entre o Estado Português e o consórcio alemão German Submarine Consortium está envolto numa névoa de suspeições, que já originou investigações judiciais em Portugal e Alemanha. Escutas telefónicas entre o ex-tesoureiro do CDS-PP, Abel Pinheiro, e Paulo Portas, ministro da Defesa à data do negócio, suscitam suspeitas de favorecimento do consórcio alemão, que justificaram a abertura de um novo processo. Gestores alemães e portugueses são acusados de fraude e burla num esquema que terá lesado o Estado português em 34 milhões de euros. Está também por explicar o depósito, numa conta bancária do CDS, de um milhão de euros em notas.
(Texto escrito com base num artigo de Francisco Galope, publicado na revista "Visão" em 9 de Setembro de 2010).
NOTA: A compra dos dois submarinos topo de gama faz-me lembrar aquela história das velhas famílias da nobreza, que, apesar de empobrecidas, sem dinheiro para mandar cantar um cego, continuam a dar festas de arromba para manter o status. Assim está Portugal!

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