por PEDRO MARQUES LOPES
É como o Sol nascer todos os dias: novo Governo, e lá temos a polémica sobre nomeações para empresas, institutos, fundações e demais organismos ligados ao Estado. Esta semana, foi a vez da Caixa Geral de Depósitos, outras se seguirão.
É bem verdade, foi-nos prometida uma redução no número de administradores nas empresas ligadas ao Estado: a CGD passou de sete para 11. Sabemos que o cargo de chairman duma empresa serve normalmente para gerir as relações com os vários accionistas: a CGD só tem um, não se entende assim o porquê do cargo.
Veio, e muito bem, a questão das incompatibilidades. Que este não poderia ser administrador por isto, que aquele não poderia ser por aquilo.
De todos os nomes falados, há apenas um onde me parece evidente a negligência na escolha e a falta de pudor na aceitação do cargo: Pedro Rebelo de Sousa. Não se percebe como é que um advogado que tem processos contra a CGD ou defende empresas com interesses conflituantes com este banco pode ser ao mesmo tempo administrador da firma e defensor da contraparte. Pior, vociferou ultimamente contra o tipo de situações em que agora está envolvido.
Quanto aos outros membros do conselho de administração, não consigo entender o rebuliço criado. São todos gestores experientes, com passagens por várias empresas e com uma vantagem não despiciente: toda a gente sabe donde vêm, o que fizeram, as suas relações empresariais. São amplamente sindicáveis. Mas, melhor, compreende-se a polémica, não é mais que luta política ou opiniões, absolutamente legítimas, sobre as qualidades profissionais ou pessoais dos nomeados. Nada de estranho.
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