terça-feira, 27 de março de 2012

ANGOLA, O PODER DO KWANZA NA ECONOMIA PORTUGUESA


O poder do kwanza, manchete na revista portuguesa “Visão”
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«O poder de Angola em Portugal é mais o poder dos angolanos do que o poder de Angola. Estamos a falar de estratégias pessoais de membros da nomenclatura e não, propriamente, de uma estratégia de Estado». Investimentos do Estado e de empresários angolanos em Portugal hoje como capa da revista portuguesa “Visaõ”,não é nada que já não soubéssemos, mas vale a pena ler em pormenor as negociatas que os angolanos mais abastados fazem em Portugal.

Ordem para comprar em Portugal, a força do Kwanza

A estratégia angolana para ganhar influência na banca ,energia,telecomunicações e comunicação social,tendo como alvos preferenciais,a GALP,ZON,BCP e muitas mais,a falta de dinheiro em Portugale a abundância de liquidez em Angola,explicam uma tendência de investimentos nos próximos meses,Banca, energia, telecomunicações e comunicação social têm sido as principais apostas dos investidores angolanos em Portugal. Agora, começam a entrar também na construção e no setor alimentar,a apetência angolana para as empresas portuguesas vai aumentando ao sabor da crise

Um pequeno extracto do grande e longo artigo da revista portuguesa” Visão”

“Entram devagar, através da compra de pequenas participações no capital de uma empresa. Depois, esperam que a empresa ou algum outro accionista tenha necessidade de dinheiro, algo que não falta aos grandes investidores angolanos. Aos poucos, vão reforçando as suas participações até conseguirem ascender a uma posição dominante, nomear administradores e assumir o poder.

A banca, símbolo inequívoco de poder em Angola tem posições significativas em vários instituições financeiras portuguesas , não é o único alvo do interesse africano. Outros sectores são objecto da atenção de cada vez mais investidores, próximos do poder político angolano, concentrado no Presidente José Eduardo dos Santos, mas com estratégias próprias, menos concertadas do que possa parecer à primeira vista. Há tomadas de posição na comunicação social, na energia e até no sector agro-industrial a mais recente aquisição angolana é a Central de Frutas do Painho. O negócio tem por trás Tchizé dos Santos, uma das filhas do Presidente de Angola. Não é, contudo, o primeiro caso no sector. Nos últimos anos, têm passado para mãos angolanas várias quintas, em quase todo o território nacional, desde o Douro até ao Algarve. «O vinho e o azeite são produtos com uma grande procura e que atingem preços exorbitantes em Luanda. Por essa razão, alguns angolanos decidiram comprar quintas produtoras, em Portugal, e, deste modo, controlar todo o processo de um negócio garantido», diz um empresário de import-expor.”

«Se olharmos para os accionistas de referência do BCP, a Sonangol é o único, ou dos poucos, que tem a sua participação alicerçada em capitais próprios. Os restantes estão assentes em capitais financiados pelos bancos, como é o caso de Teixeira Duarte, Manuel Fino ou Joe Berardo», re- fleteum antigo quadro do banco. «Com a escassez de crédito, e com a banca a enfrentar sérias dificuldades de financiamento, o poder destes accionistas é quase nulo. As decisões são, por vezes, tomadas entre o banco credor de cada accionista e a Sonangol»

“Os interesses angolanos não se esgotam no BCP. Isabel dos Santos, filha do Presidente angolano, controla, através da Santoro Finance, 9,99% do BPI, sendo, actualmente, a terceira maior accionista, logo a seguir aos espanhóis do La Caixa e aos brasileiros do grupo Itaú.

A empresária detém, ainda, 25% do Banco BlC Angola, que venceu o processo de reprivatização do Banco Português de Negócios.

Existe outro banco, mais discreto, onde a influência angolana também já se sente, desde 2007. O general Hélder Vieira Dias, conhecido como Kopelipa, já é o quarto maior accionista do BIG. Começou com uma posição de 4,4%, aumentou para 7,9%, em 2009, e já controla 8,37 por cento. E há mais Angola no BIG: a Edimo dispõe de uma participação de 4,9 por cento.”

“Noutra área de atividade, a Newshold, empresa controlada a 91,25% pela Pine- view Overseas, SA, sediada na cidade do Panamá, tem participações em vários grupos de comunicação social portu-gueses. Controla, oficialmente, mais de 15% da Cofina – dona de títulos como Record, Correio da Manhã e Jornal de Negócios, entre outros mas, segundo fontes do mercado, a participação real, poderá «ultrapassar os 22 por cento». Como? «Através de veículos financeiros sediados noutros países» O mesmo acontece com a Impresa, que detém a VISÃO, o Expresso e a SIC. Um operador garantiu à VISÃO que a Newshold já detém 1,7% da empresa liderada por Francisco Pinto Balsemão e que está em negociações com o Grupo Ongoing paracomprar os 23% da família Vasconcellos. «O preço tem sido a única condicionante deste negócio. Poderá seruma questão de tempo, até que acertem posições», garante a mesma fonte.O semanário Sol também já faz parte do portefólio da companhiaangolana, que detém 89,12% das acções daquele jornal.”

“No fundo, os políticos são os «facilitadores» dos negócios .E quanto mais ligações bilaterais tiverem, melhor. É por isso que uma das fontes que a VISÃO ouviu em Angola recorda o facto de Passos Coelho ter dito, em campanha, que era «o mais africano de todos os candidatos». E os angolanos que contam também já repararam que este novo Governo de coligação tem o chamado «lóbi de Angola», uma espécie de lóbi afectivoque inclui Miguel Relvas e Pedro Passos Coelho, que viveram ern Angola, e Paula Teixeira da Cruz e Assunção Cristas, nascidas em Luanda. Mas se, do lado de cá, vários políticos podem ter tido papéis ativos no fortalecimento das relações bilaterais,do lado de lá não há muita margem de manobra. «Em Angola, nada se passa sem oconhecimento do Presidente. Ele é o centro do poder, também nos negócios», assume um social-democrata José Eduardo dos Santos centraliza tudoque é importante em si ou nas pessoas da sua absoluta confiança.

Mas, como refere outro analista, «O poder de Angola emPortugal é mais o poder dos angolanos do que o poder de Angola. Estamos a falar de estratégias pessoais de membros da nomenclatura e não, propriamente, de uma estratégia de Estado». O tempo o dirá.”

Extractos do artigo “O poder do Kwanza”

Fonte:Revista “Visão”

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