quinta-feira, 21 de junho de 2012
SÃO ESTES HOMENS QUE GOVERNAM O MUNDO
Justiça. Assassinato de Rosalina abre caça a rede liderada por assessor de Rockefeller
Por Carlos Diogo Santos, publicado em 20 Jun 2012
Autoridades brasileiras convencidas de que esquema de lavagem de dinheiro de antigo gestor da fortuna Feteira tem ligações à rede desmantelada e de que Duarte Lima era cliente
“Conhece a pessoa de nome Higino Thomas Roiz? Em caso positivo, quem é e qual o seu relacionamento com ele?” Esta era apenas uma das 193 questões da carta rogatória – sobre o assassinato de Rosalina Ribeiro – que, a 21 de Setembro de 2010, as autoridades brasileiras enviaram a Duarte Lima. O estranho nome que aparece na pergunta é o de um homem que os brasileiros pensam estar à frente de uma rede de branqueamento de capitais e fraude fiscal em diversos países e que em última análise poderá ter ligações ao esquema já desmantelado em Portugal pela Operação Monte Branco, o mesmo de que Duarte Lima era cliente.
Higino Roiz é um holandês que foi assessor do banqueiro norte--americano David Rockefeller e que desde a morte de Rosalina Ribeiro – a 7 de Dezembro de 2009 – passou a ser seguido de perto pelos investigadores daquele país. Segundo o i apurou, por existirem fortes suspeitas de liderar a suposta rede de branqueamento de capitais e fuga ao fisco – que se deverá estender também a Portugal –, todas as informações já recolhidas sobre ele deverão mesmo passar em breve para o departamento de informações da Receita Federal brasileira, entidade responsável pela investigação deste tipo de situações.
A ligação deste homem forte da banca norte-americana a Rosalina começou quando Lúcio Tomé Feteira, milionário português, era vivo. Na altura Higino Roiz era gestor da parte da fortuna que estava no banco Chase Manhattan. Com a morte de Lúcio, as relações com a sua companheira foram ficando cada vez mais estreitas (ver texto ao lado). Tudo foi facilitado com o facto de ele falar português e de Rosalina não conhecer qualquer outra língua.
Porém Higino surge em todo este caso por fazer parte da lista de pessoas que terão telefonado para a portuguesa poucos dias antes da sua morte. A 9 de Fevereiro de 2011, ao ser interrogado pela divisão de homicídios do Rio de Janeiro – durante cerca de duas horas e sempre em português –, este homem natural da Holanda, residente em Genebra e com casa em Ipanema, disse ter apenas um relacionamento superficial com a vítima, admitindo, no entanto, ter já estado com Domingos Duarte Lima, num evento que não conseguia precisar. Rapidamente a polícia encontrou algumas incongruências no seu discurso e apercebeu-se de que a sua relação com a vítima e com o dinheiro da herança era tudo menos superficial.
Os documentos mostram que, apesar de nem sequer balbuciar palavras soltas em qualquer outro idioma, Rosalina escrevia para os bancos em inglês a partir da sua casa no Rio de Janeiro. “Conseguimos provar que quem traduzia tudo para ela era o Higino”, adiantaram as autoridades brasileiras, sublinhando que o agora suspeito chegou a abrir uma conta em nome da vítima. A correspondência que o i revela destinava-se ao banco UBS, o mesmo que está envolvido na rede suíça liderada por Michel Canals – que também já trabalhara para este banco –, entretanto preso preventivamente em Portugal. Assim como aconteceu com Rosalina, Higino terá este tipo de relacionamento com muitos outros clientes. “Ele é o operador para a América Latina de uma empresa de gestão de fortunas. Mas pensamos que essa rede deverá ir mais além, passando por países como Portugal, Suíça, Inglaterra e, claro, Estados Unidos. Agora só os serviços de informações da Receita Federal poderão ter uma noção mais exacta da sua dimensão e daquilo que está em jogo”, concluiu.
O i confrontou Higino Thomas Roiz, que após ter atendido a chamada em português, e ao aperceber-se de que não se tratava de ninguém conhecido, recusou, sempre em inglês, fazer qualquer declaração
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