Como querem pensar em federalismo?
por PEDRO TADEU
por PEDRO TADEU
Diário de Notícias
Já me juraram ter sido muito bom a Nova Democracia ganhar as eleições na Grécia. Já me tentaram convencer de que foi péssimo o Syriza não ter obtido a maioria. Como não sou adivinho, como não me atrevo a prever o que se vai passar na Grécia, como espero que os gregos tenham uma ideia melhor sobre isso do que eu, resta-me aprender com a experiência do passado, para perceber melhor como funciona esta Europa, de que somos sócios.
E o passado ensinou-me que na União Europeia nenhum país pode arriscar eleger um governo que ponha em causa o grande poder centrão, tecnocrata e burocrático que dirige há 60 anos, desde os tempos da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, as políticas comuns que nos empurraram para este lamaçal económico.
Se há a mínima hipótese de alguém chegar ao poder no seu país que se coloque fora do arco político tido como aceitável para pisar as alcatifas do edifício Justus Lipsius, em Bruxelas, movimenta-se imediatamente uma tremenda força de solidariedade europeia.
Sim, ela existe, a solidariedade da União não ajuda os povos dos países em dificuldades, não procura soluções de pagamento de dívida soberana ou de redução de défice público com impacto reduzido na qualidade de vida dos cidadãos, não. A solidariedade da União existe para liquidar politicamente, à nascença, qualquer hipótese de pôr em causa o caminho que foi seguido, ameaçando, chantageando, humilhando, condicionando e, sobretudo, decidindo com as troikas do momento, sem qualquer tipo de suporte democrático sério.
Pode esta constatação ensinar--nos algo sobre o futuro? Pelo menos põe em causa um caminho que muitos, à esquerda e à direita, vêm defendendo como sendo o que pode salvar o euro e a Europa: o federalismo, o reforço da união política que permita criar mecanismos de representatividade democrática, capazes de caucionar concessões de soberania ao poder central europeu que passaria, em matérias orçamentais, financeiras, fiscais, de defesa e outras, a funcionar com um governo comum.
Imagino, no entanto, o que se passaria nessa Europa, unida politicamente, se algum dos Estados federados elegesse para o seu governo local um movimento político que não interpretasse, dentro do cânone conformado, o hino uníssono europeu. Se agora foram as ameaças, o que se passaria então? A invasão pela Guarda Civil?
Toda esta experiência, sobretudo a dos dois últimos anos, só me faz ter cada vez mais medo (sim, medo!) do que poderá ser uma Europa federada, comandada pelos senhores de sempre.
Já me juraram ter sido muito bom a Nova Democracia ganhar as eleições na Grécia. Já me tentaram convencer de que foi péssimo o Syriza não ter obtido a maioria. Como não sou adivinho, como não me atrevo a prever o que se vai passar na Grécia, como espero que os gregos tenham uma ideia melhor sobre isso do que eu, resta-me aprender com a experiência do passado, para perceber melhor como funciona esta Europa, de que somos sócios.
E o passado ensinou-me que na União Europeia nenhum país pode arriscar eleger um governo que ponha em causa o grande poder centrão, tecnocrata e burocrático que dirige há 60 anos, desde os tempos da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, as políticas comuns que nos empurraram para este lamaçal económico.
Se há a mínima hipótese de alguém chegar ao poder no seu país que se coloque fora do arco político tido como aceitável para pisar as alcatifas do edifício Justus Lipsius, em Bruxelas, movimenta-se imediatamente uma tremenda força de solidariedade europeia.
Sim, ela existe, a solidariedade da União não ajuda os povos dos países em dificuldades, não procura soluções de pagamento de dívida soberana ou de redução de défice público com impacto reduzido na qualidade de vida dos cidadãos, não. A solidariedade da União existe para liquidar politicamente, à nascença, qualquer hipótese de pôr em causa o caminho que foi seguido, ameaçando, chantageando, humilhando, condicionando e, sobretudo, decidindo com as troikas do momento, sem qualquer tipo de suporte democrático sério.
Pode esta constatação ensinar--nos algo sobre o futuro? Pelo menos põe em causa um caminho que muitos, à esquerda e à direita, vêm defendendo como sendo o que pode salvar o euro e a Europa: o federalismo, o reforço da união política que permita criar mecanismos de representatividade democrática, capazes de caucionar concessões de soberania ao poder central europeu que passaria, em matérias orçamentais, financeiras, fiscais, de defesa e outras, a funcionar com um governo comum.
Imagino, no entanto, o que se passaria nessa Europa, unida politicamente, se algum dos Estados federados elegesse para o seu governo local um movimento político que não interpretasse, dentro do cânone conformado, o hino uníssono europeu. Se agora foram as ameaças, o que se passaria então? A invasão pela Guarda Civil?
Toda esta experiência, sobretudo a dos dois últimos anos, só me faz ter cada vez mais medo (sim, medo!) do que poderá ser uma Europa federada, comandada pelos senhores de sempre.
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