segunda-feira, 13 de junho de 2011

A MINHA PROPOSTA PARA O PS: JOAQUIM VENTURA LEITE

A minha proposta para o PS
por VIRIATO SOROMENHO-MARQUES

Em 1956, o então jovem senador John F. Kennedy, com apenas 38 anos, publicou uma interessante obra, sob o título Retratos de Coragem (Lisboa, Esfera do Caos, 2008). Kennedy escreveu o livro numa altura em que a doença de coluna, que o afectava desde a infância, agravada pelos ferimentos de guerra, o obrigou a uma quase total imobilidade. A obra fala-nos de grandes senadores dos EUA, membros de vários partidos. Figuras como John Quincy Adams, Daniel Webster, ou Edmund G. Ross. Personalidades que, numa dada encruzilhada da sua vida, tiveram de decidir entre a sua carreira e o interesse nacional. E acabaram por trocar o seu futuro pessoal por aquilo que, embora destruindo as suas carreiras, consideram como sendo o melhor para o seu país.

Lembrei-me disto ao ouvir o discurso de despedida de José Sócrates. Um discurso seguro e impecável. Uma mensagem para a história, redigida a frio, há muitos dias, e colocada num conveniente teleponto. Definitivamente, quem quiser perceber Sócrates deve recorrer à psicologia, talvez mesmo às neurociências. A ciência política é impotente para perceber esta figura, que sai da cena pública, procurando "ser feliz", deixando dez milhões e seiscentos mil compatriotas na mais "vil tristeza" da sua herança política e económica. Sossegando-nos, pois afirma sair sem ressentimento, e com um sorriso nos lábios.

Para preencher o vazio deixado pelo líder vencido, há pelo menos uma meia dúzia de figuras pálidas, mas saltitantes, que se perfilam na linha de sucessão. Permitam-me os militantes do PS, que avance, para variar, com o nome de um homem de corpo inteiro. A figura de um deputado socialista, que, se fosse cidadão americano, poderia ter sido imortalizado no livro de Kennedy. Chama-se Joaquim Ventura Leite. Em 15 de Abril de 2009, este socialista usou, por sua conta e risco, motivado pelo seu dever de consciência, uns escassos dez minutos de tempo de antena na Assembleia da República, para denunciar a rota de desastre em que o País se encontrava. Ao contrário do mitómano que conduziu o País a este descalabro, Ventura Leite chamava a atenção para o facto de que a economia portuguesa estava "viciada em crédito". Mostrou que entre 1997 e 2007 (portanto, antes da crise internacional) o total da dívida nacional havia crescido 3, 2 vezes, contra um mísero crescimento do PIB de 1,6 vezes. Mais: se o nosso crescimento do produto tivesse sido igual ao do crescimento da dívida, então o nosso rendimento per capita", afirmava Ventura Leite, seria superior ao do da Alemanha e do Japão!

Escusado será dizer que Ventura Leite não voltou a aparecer nas listas do PS. Para os pequenos calculistas, não há nada pior do que a coragem e grandeza de um homem de mãos nuas. Armado com a única coisa que talvez justifique a existência da nossa espécie sobre este planeta: a coragem de viver de acordo com a dura disciplina de uma ética da dignidade e da honra. Embora seja um cidadão, sem filiação partidária, atrevo-me a afirmar que Joaquim Ventura Leite é o meu candidato para secretário-geral do PS

Viriato Soromenho-Marques

Full Professor University of Lisbon

E-mail: viriatosmarques@netcabo.pt


Home-page: http://www.viriatosoromenho-marques.com

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