Os portugueses têm vícios enraizados, que no estrangeiro desaparecem e em Portugal fazem parte do sistema. Habituámo-nos a considerar normais comportamentos que são anormais e toleramos instituições e métodos que em países regrados teriam sido removidos como um obstáculo ou criminalizados e punidos.
Achamos normal Portugal ser, em 178 países, o 32º mais corrupto.
Porque o sistema de Justiça não funciona. E porque somos cúmplices da corrupção. Achamos normal que um autarca condenado por corrupção continue a ser presidente de câmara. Achamos normal que ex-ministros sejam arguidos num caso de corrupção e esperem anos por uma sentença definitiva. Achamos normal que exista um sistema de Justiça feito para os ricos, e para os honorários milionários, e outro para os pobres. Achamos normal que os crimes prescrevam antes de irem a julgamento. Achamos normal que os magistrados, num momento em que são pedidos sacrifícios nacionais, mandem o seu representante sindical dizer que são perseguidos no corte do salário. Achamos normal que outro representante sindical do Ministério Público diga que o relatório do Conselho da Europa sobre Justiça foi manipulado pelo Governo para denegrir a justiça portuguesa.
Não crescemos porque, entre outras coisas, o sistema de Justiça não funciona nem é céçere, e porque a corrupção se disfarça de burocracia. Chegados ao modelo falhado devíamos estar a arregaçar as mangas e a cavar um novo trilho, com gente nova. Certo? Errado.
Cavaco Silva, que foi o maior responsável desse modelo falhado, recandidata-se como se nunca tivesse estado lá e confessa-se "triste" com a nossa crise. Catroga, o homem que o PSD arranja para a mesa das negociações com o PS, sobre o Orçamento, é o mesmo que conhecemos do tempo de Cavaco primeiro-ministro. Ou seja, um dos responsáveis. Entre Catroga e Teixeira dos Santos descubra as diferenças.
Como dizia o príncipe Salina, é preciso que tudo mude para que tudo fique na mesma.
(EXCERTOS DE UMA CRÓNICA PUBLICADA NA REVISTA ÚNICA, EM 30.10.10, DE CLARA FERREIRA ALVES)
3 comentários:
só pelo titulo era capaz de afirmar que não sabe nada do que escreve ,enfim da-se um titulo populista que fica sempre bem , mas a malta vai percebendo de historia ...
Meu caro 1143, é a sua opinião, mas isso não lhe dá o direito de menosprezar a arte de escrita de Clara Ferreira Alves, distinta e credenciada jornalista da nossa praça. Quanto à arte do anónimo 1143, desconheço-a.
A falta de visão política de Salazar, com as suas leis de condicionamento industrial, com o seu medo da realidade e do mundo, com a sua visão medieval do império, com a pequenez dogmática da sua intelectualidade, conduziu Portugal e o seu povo ao beco em que nos encontramos. Ou já se esqueceu de como vivia este povo no tempo antigo? Eu recordo-me! As pessoas eram cinzentas, viviam descalças, com fome, sem electricidade nas aldeias, sem estradas, sem telefones, sem acesso ao ensino. Claro que o medo as tornava disciplinadas, obedientes, sem vontade própria, sem opinião, ignorantes. Era isso que o "1143" queria para o "seu" povo?
O mais triste no meio disto tudo é que Portugal, na altura senhor das imensas riquezas de Angola e Moçambique, nem sequer como colonizador soube tirar partido delas. Aproveitam-nas agora americanos, franceses, chineses, espanhói, judeus, libaneses, russos, ingleses e a elite no poder. Salazar tinha medo de novos "brasis", tinha medo do seu próprio povo e esse atavismo formatou durante dezenas de anos o povo que hoje somos, sem capacidade para reagir contra a classe política que nos tem governado, PS e PSD. Míopes.
O 25 de Abril foi um grito de revolta e se as coisas correram mal isso deve-se a Cavaco silva, a Guterres, a Soares, a Sócrates e à incapacidade dos eleitores.
Todos eles, PS e PSD, geriram mal, desbarataram, os milhões que a União Europeia remeteu para os cofres públicos portugueses.
Salazar preferia camponeses conformados a operários reivindicativos, a Assembleia Nacional sem oradores a um Parlamento truculento, o ostracismo a que o país estava votado à visibilidade do desenvolvimento. Infelizmente há ainda muitas pessoas a pensarem como o meu caro 1143, a minha esperança é que com o rodar dos anos a inexorável lei do tempo os vá calando.
É verdade que o país vai mal, muito mal, mas não é com saudosismos que ultrapassamos a crise, é com visão de futuro, com soluções inovadoras que os políticos que lá estão (sempre os mesmos) já provaram não serem capazes de encontrar.
AOC
"As pessoas eram cinzentas, viviam descalças, com fome, sem electricidade nas aldeias, sem estradas, sem telefones, sem acesso ao ensino. Claro que o medo as tornava disciplinadas, obedientes, sem vontade própria, sem opinião, ignorantes."
Realmente não sabe nada do que escreve , usa e abusa das frases feitas por radicais de esquerda , a verdade é que uma mentira ditas muitas vezes torna-se verdade , termino como da outra vez a malta vai sabendo de historia e os mitos criados caem como castelos de cartas , muitas das coisas que disse não haver foi precisamente o estado novo que as trouxe , criou ou iniciou o acesso a elas , depois temos de incluir o espaço temporal das mesmas e perceber o mundo , o que acontecia e o que havia na época , só assim seremos independentes e verdadeiros , um bom e santo natal para si e para a sua família .
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