E se fosse em Portugal? Imposto sobre depósitos rendia 12,7 mil milhões
Por Sandra Almeida Simões, publicado em 19 Mar 2013 - 03:10 | Actualizado há 8 horas 53 minutos
Relatório do Fundo de Garantia de Depósitos revela que apenas 197 276 depositantes têm mais de 100 mil euros
- Bancos cipriotas estão encerrados até quinta-feira. Multibancos estão sem dinheiro e muitos foram vandalizados na sequência do anúncio do imposto sobre dep...
O pedido de tranquilidade aos depositantes portugueses surgiu pela voz do governador do Banco de Portugal: “Esta taxa não coloca em risco as garantias de depósito nem pode ser transponível para outros países. Os nossos depositantes podem estar descansados, seguros e confiantes.”
Mas, afinal, quanto renderia um imposto extraordinário sobre os depósitos bancários em Portugal, se aplicado nos mesmos moldes em que foi anunciado em Chipre? O i fez os cálculos e o resultado aproxima-se dos 13 mil milhões de euros.
De acordo com o último relatório divulgado pelo Fundo de Garantia de Depósitos (FGD), o número total de depositantes ascendia a cerca de 16,4 milhões no final de 2011 - não se tratando, naturalmente, de titulares diferentes, na medida em que o mesmo titular pode ter depósitos em várias instituições. Estes titulares detinham o correspondente a cerca de 158,1 mil milhões de euros aplicados em depósitos.
Em Chipre foi definida uma taxa de 6,75% sobre os depósitos até 100 mil euros e uma de 9,9% nos depósitos acima desse montante, embora esteja agora a ser negociado um alívio nessas taxas.
Em Portugal existe uma grande discrepância nas poupanças aplicadas pelos portugueses em depósitos, de tal forma que 98,8% dos depositantes pagariam uma taxa de 6,75% e apenas 1,2% pagariam 9,9%.
Segundo as contas do FGD, os 1,2% de titulares cujos depósitos têm saldo superior a 100 mil euros detêm 41,5% do stock total de depósitos, ou seja, as poupanças de 197 276 depositantes ascendem a 65,6 mil milhões. Estes seriam os titulares taxados a 9,9%, o que renderia quase 6,5 mil milhões.
Em contrapartida, 98,8% dos titulares têm aplicações inferiores a 100 mil euros, equivalentes a 92,5 mil milhões de euros. Feitas as contas, o imposto de 6,75% incidiria sobre 16,2 milhões de contas de depósito, gerando uma receita superior a 6,2 mil milhões de euros. No total, um imposto desta natureza permitiria ao governo português arrecadar mais de 12,7 mil milhões de euros.
Embora este exercício seja realizado com dados de Dezembro de 2011, os valores actuais não seriam muito distintos, porque os depósitos bancários são aplicações relativamente estáveis, com oscilações reduzidas quando comparadas com outros países da zona euro. As últimas estatísticas do Banco de Portugal mostram que, em Janeiro, empresas e famílias detinham poupanças de 156,8 mil milhões de euros em depósitos.
Esta taxa extraordinária, uma contrapartida imposta pelos parceiros da união monetária pelo empréstimo de 10 mil milhões de euros a Chipre, poderá ser aliviada através de uma nova taxa e distribuição. De acordo com a Reuters, até 100 mil euros os depositantes poderão ser taxados a 3%; entre 100 mil e 500 mil perdem 10%; e acima de 500 mil euros, a taxa poderá disparar para 15%.
Em Portugal, a grande fatia dos depositantes tem aplicações com saldo inferior a 10 mil euros. São 83,2% ou quase 13,7 milhões de depósitos.
Reacções Ao longo do dia de ontem multiplicaram-se as reacções à taxa nos mais variados quadrantes. O presidente da Associação Portuguesa de Bancos, Faria de Oliveira, afasta a possibilidade de o imposto ser aplicado em Portugal. Já o antigo presidente dos banqueiros, João Salgueiro, não compreende a medida. “Ou temos líderes muito estúpidos ou a medida vai ter de ser explicada na sua integralidade”, afirmou.
O líder da oposição, António José Seguro, diz estar “firmemente convencido” de que a “medida não terá efeito no nosso país”. O UBS também não vê razões para uma taxa sobre depósitos em Portugal, a menos que sejam pedidos fundos adicionais à troika. Já a agência de rating Moody’s alertou para fuga de depósitos nos países periféricos.
Mas, afinal, quanto renderia um imposto extraordinário sobre os depósitos bancários em Portugal, se aplicado nos mesmos moldes em que foi anunciado em Chipre? O i fez os cálculos e o resultado aproxima-se dos 13 mil milhões de euros.
De acordo com o último relatório divulgado pelo Fundo de Garantia de Depósitos (FGD), o número total de depositantes ascendia a cerca de 16,4 milhões no final de 2011 - não se tratando, naturalmente, de titulares diferentes, na medida em que o mesmo titular pode ter depósitos em várias instituições. Estes titulares detinham o correspondente a cerca de 158,1 mil milhões de euros aplicados em depósitos.
Em Chipre foi definida uma taxa de 6,75% sobre os depósitos até 100 mil euros e uma de 9,9% nos depósitos acima desse montante, embora esteja agora a ser negociado um alívio nessas taxas.
Em Portugal existe uma grande discrepância nas poupanças aplicadas pelos portugueses em depósitos, de tal forma que 98,8% dos depositantes pagariam uma taxa de 6,75% e apenas 1,2% pagariam 9,9%.
Segundo as contas do FGD, os 1,2% de titulares cujos depósitos têm saldo superior a 100 mil euros detêm 41,5% do stock total de depósitos, ou seja, as poupanças de 197 276 depositantes ascendem a 65,6 mil milhões. Estes seriam os titulares taxados a 9,9%, o que renderia quase 6,5 mil milhões.
Em contrapartida, 98,8% dos titulares têm aplicações inferiores a 100 mil euros, equivalentes a 92,5 mil milhões de euros. Feitas as contas, o imposto de 6,75% incidiria sobre 16,2 milhões de contas de depósito, gerando uma receita superior a 6,2 mil milhões de euros. No total, um imposto desta natureza permitiria ao governo português arrecadar mais de 12,7 mil milhões de euros.
Embora este exercício seja realizado com dados de Dezembro de 2011, os valores actuais não seriam muito distintos, porque os depósitos bancários são aplicações relativamente estáveis, com oscilações reduzidas quando comparadas com outros países da zona euro. As últimas estatísticas do Banco de Portugal mostram que, em Janeiro, empresas e famílias detinham poupanças de 156,8 mil milhões de euros em depósitos.
Esta taxa extraordinária, uma contrapartida imposta pelos parceiros da união monetária pelo empréstimo de 10 mil milhões de euros a Chipre, poderá ser aliviada através de uma nova taxa e distribuição. De acordo com a Reuters, até 100 mil euros os depositantes poderão ser taxados a 3%; entre 100 mil e 500 mil perdem 10%; e acima de 500 mil euros, a taxa poderá disparar para 15%.
Em Portugal, a grande fatia dos depositantes tem aplicações com saldo inferior a 10 mil euros. São 83,2% ou quase 13,7 milhões de depósitos.
Reacções Ao longo do dia de ontem multiplicaram-se as reacções à taxa nos mais variados quadrantes. O presidente da Associação Portuguesa de Bancos, Faria de Oliveira, afasta a possibilidade de o imposto ser aplicado em Portugal. Já o antigo presidente dos banqueiros, João Salgueiro, não compreende a medida. “Ou temos líderes muito estúpidos ou a medida vai ter de ser explicada na sua integralidade”, afirmou.
O líder da oposição, António José Seguro, diz estar “firmemente convencido” de que a “medida não terá efeito no nosso país”. O UBS também não vê razões para uma taxa sobre depósitos em Portugal, a menos que sejam pedidos fundos adicionais à troika. Já a agência de rating Moody’s alertou para fuga de depósitos nos países periféricos.
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