sexta-feira, 20 de abril de 2012

OS NEGÓCIOS QUE O GOVERNO ESCONDE DOS PORTUGUESES

Cimenteira
Gaspar e Borges queriam impor à CGD venda da Cimpor antes da OPA

António Costa
20/04/12 00:05
ECONÓMICO

Vítor Gaspar e António Borges entenderam que seria uma oportunidade única para garantir a entrada de capital no País.

A história da Oferta Pública de Aquisição (OPA) da Camargo Corrêa sobre a Cimpor ainda não está toda contada: a OPA tinha uma condição prévia - também defendida pelo Governo e por António Borges -, a de que a Caixa Geral de Depósitos vendesse a sua posição de 9,58% antes da própria oferta, feita a 5,5 euros por acção, menos os dividendos.

A CGD é uma espécie de ‘fiel da balança', tem uma participação-charneira, como a própria Caixa a classificou há dois anos, quando entrou no capital da Cimpor. Porquê? O banco público tem um acordo parassocial com a Votorantim - que tem 21,2% do capital - que torna aqueles 10% absolutamente críticos. Em caso de OPA, a Caixa e a Votorantim estão obrigadas a dar preferência mútua em caso de venda. E se a Caixa não vendesse, a OPA falharia.

Além disso, uma resposta positiva à oferta da Camargo, e um negócio efectivado antes da OPA, condicionaria necessariamente os outros accionistas portugueses que poderiam bloquear a operação: a Investifino, de Manuel Fino, que tem também 10%, e o Fundo de Pensões do Millennium bcp. O conselho de administração da Caixa, presidido por Faria de Oliveira e que teve conhecimento da oferta 24 horas antes de ser formalmente anunciada, ficou dividida e, pelo menos, um dos administradores, que não foi possível identificar, recusou a condição imposta pela Camargo, pelo ministro das Finanças, Vítor Gaspar, e por António Borges - o consultor do Governo para as privatizações e Parcerias Público-Privadas. Oficialmente, ninguém faz comentários a esta informação, mas o Diário Económico confirmou junto de várias fontes envolvidas neste negócio que foram "24 horas difíceis" na sede da CGD. O acordo terá sido selado já na madrugada de sexta-feira, mas, depois, continuaram as discussões, desta vez jurídicas.

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