Jardim Botânico do Rio de Janeiro
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Uma das mais belas e bem preservadas áreas verdes da cidade, é um exemplo da diversidade da flora brasileira e estrangeira. Nele podem ser observadas cerca de 6.500 espécies (algumas ameaçadas de extinção), distribuídas por uma área de 54 hectares, ao ar livre e em estufas.
A instituição abriga ainda monumentos de valor histórico, artístico e arqueológico, e a mais completa biblioteca do país especializada em Botânica, com mais de 32 mil volumes.
História
Da criação à independência do Brasil
Por decreto de 13 de junho de 1808, o Príncipe-regente Dom João, "Manda tomar posse do engenho e terras denominadas da Lagoa Rodrigo de Freitas"[1], para criar naquele espaço o Jardim de Aclimação, com a finalidade de aclimatar as plantas de especiarias oriundas das Índias Orientais: noz-moscada, canela e pimenta-do-reino.[2]
No mesmo ano, a 11 de outubro, recebeu o nome de Real Horto,[3], e no dia seguinte (12 de outubro), o Príncipe-regente assinou um decreto criando o cargo de feitor para a fazenda da Lagoa.[4]
Os primeiros exemplares de plantas que o integraram vieram do Jardim La Pamplemousse, nas ilhas Maurício, pelas mãos de Luiz de Abreu Vieira e Silva, que os ofereceu ao Príncipe-regente. Entre eles encontrava-se a chamada "Palma Mater".[5]
A sua direção foi inicialmente entregue ao general Carlos Antônio Napion (1808) e, em seguida, ao brigadeiro João Gomes da Silveira Mendonça, marquês de Sabará, que o dirigiu de 1808 a 1819.[6] Em 1810 o prussiano Kancke transformou-o em uma estação experimental, percebendo nessa função mais de 800 mil réis por ano.[7] Nos viveiros já havia mudas de cânfora, nogueira, jaqueira, cravo-da-índia e outras plantas do Oriente.
Em termos administrativos, o alvará de 1 de março de 1811 "Cria a Real Junta de Fazenda dos Arsenais, Fabricas, e Fundição da Capitania do Rio de Janeiro e uma Contadoria dos mesmos Arsenais (...) dirigindo também um estabelecimento de um jardim botânico da cultura em grandes plantas exóticas que mando que se haja de formar na dita fazenda da Lagoa (...)."[8]
No ano seguinte (1812) chegam ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro as primeiras mudas de chá ("Camellia sinensis", planta denominada anteriormente como "Tea viridis"), enviadas de Macau pelo senador daquela colônia portuguesa no Extremo Oriente, Rafael Botado de Almeida.[9] Visando dinamizar essa cultura, em 1814 o Príncipe-regente faz trazer para trabalhar no jardim um grupo de cerca de 300 chineses.[10]
Em termos administrativos, o decreto de 11 de maio de 1819 anexa o Jardim Botânico do Rio de Janeiro ao Museu Real,[11] criado no ano anterior, por decreto de 6 de junho de 1818.
Pelo decreto de 22 de fevereiro de 1822 a instituição, que desde 1808 se encontrava subordinada ao Ministério dos Negócios da Guerra, passou para a alçada do Ministério dos Negócios do Reino. [12]
O período Imperial
A Decisão nº 69, de 21 de março de 1825, é expedida em resposta a um ofício do diretor do Jardim Botânico para melhor andamento da instituição, principalmente no que tange à cultura do chá nela promovida. Nesse momento destaca-se ainda a cessação de atividades da Fábrica de Pólvora no local (1826), posteriormente transferida para a então vila de Inhomirim, no sopé da serra dos Órgãos.[14]
O Regulamento nº 15 de 1 de abril de 1838 criou na então Fazenda Nacional da Lagoa Rodrigo de Freitas uma Escola de Agricultura, teórica e prática. Esse projeto, entretanto, não chegou a materializar-se à época. Ainda no mesmo ano, pelo Decreto de 6 de setembro, é instituído um regulamento policial para o Jardim Botânico, e promove-se o plantio de amoreiras ("Morus nigra") para alimentar a criação de bicho da seda ("Bombyx mori") visando a produção de seda.[15]
Data de 1842, por iniciativa do então diretor Serpa Brandão, o plantio de mudas da palmeira-imperial na aléia principal do Jardim, que possui cerca de 140 exemplares da espécie enfileirados numa extensão de 740 metros.[16]
Em 1851 dá-se início à implementação da Fábrica de Chapéus de Chile, utilizando como matéria-prima a palha da palmeira bombonaça ("Carludovica palmata"). A fábrica teve duração efêmera, de apenas três anos. No mesmo ano, foi erguido um novo portão e implementado o sistema de escoamento e canalização de águas para o Jardim, projeto que foi completado com a construção do Aqueduto da Levada, no vale das Margaridas, em 1853.[17]
Em 1860, Frederico Leopoldo César Burlamaque, então diretor do Imperial Instituto Fluminense de Agricultura (IIFA), apresentou a esta entidade uma moção reivindicando a administração do Jardim Botânico da Lagoa Rodrigo de Freitas por esta instituição de caráter privado. O Jardim Botânico foi desvinculado do Ministério do Império e subordinado ao recém-criado Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas. Em 17 de agosto de 1861 foi assinado um contrato entre o Governo Imperial e o IIFA, determinando que a administração do Jardim Botânico passasse para o referido Instituto, cuja direção tinha o interesse em fundar ali um estabelecimento de ensino agrícola, denominado Asilo Agrícola da Fazenda Normal, que serviria de escola prática e de modelo às fazendas de cultura de especiarias, no qual seriam ensaiados os processos de agricultura mais aperfeiçoados à época. A direção do Jardim Botânico da Lagoa Rodrigo de Freitas, a partir desse contrato, ficou a cargo Burlamaque (que a exerceu de julho de 1861 a agosto de 1862), sendo a direção das culturas confiada a Hermann Herbster.[18] É lançada a "Revista Agrícola do Imperial Instituto Fluminense da Agricultura" (setembro de 1869), cuja publicação se estende até à queda do Império (1889).
Da proclamação da República aos dias de hoje
O Jardim Botânico do Rio de Janeiro encontra-se tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), desde 1937.
Em 1991, a UNESCO considerou-o como Reserva da Biosfera. Naquele momento, quando o jardim passava por dificuldades de manutenção e conservação, um grupo de empresas públicas e privadas formou-se para auxiliá-lo. Como resultado das parcerias, em 1992 o orquidário e a estufa de violetas foram renovados, além de procedida uma limpeza no lago. Em 1995, foi construído o Jardim Sensorial, com plantas aromáticas e placas indicadoras em braille, permitindo a visitação por deficientes visuais. Posteriormente, uma nova estufa para as bromélias foi construída. No início do século XXI, o muro do jardim na rua Pacheco Leão foi demolido, dando lugar a uma grade, melhorando a sua integração paisagística com o bairro.
Como reconhecimento pela sua importância científica, foi rebatizado como Instituto de Pesquisas Jardim Botânico, em 1998, ficando afeto ao Ministério do Meio Ambiente. Em 2002, tornou-se uma autarquia federal.
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