Uma Viagem pelo Mundo em PortuguêsMilhões de portugueses (exploradores, marinheiros ou simples emigrantes) ao longo dos séculos tem percorrido o mundo, estabelecendo-se nos seus lugares mais recônditos. Descubra um pouco desta história fantástica de um povo que fez do mundo a sua pátria de eleição.
Carlos Fontes
Carlos Fontes
ESTA VIAGEM TEM SIDO AQUI PUBLICADA POR ORDEM ALFABÉTICA
(CONTINUAÇÃO DA VIAGEM PUBLICADA NO PASSADO DIA 7-11-2011)
Itália
Álvaro Pires de Évora. Nossa Senhora com o menino. C.1415-23. Igreja de Santa Croce in Fossabanda. Pisa (Itália)
Se Portugal cedo procurou na Inglaterra uma aliada estratégica contra as investidas de Castela e depois da Espanha, também o fez junto dos italianos.
Indonésia
Corria os ano de 1510, quando os portugueses chegaram ao maior arquipélago do mundo, a actual Indonésia. Estabeleceram ao longo do arquipélago diversas feitorias. Nas ilhas de Sumatra (Samatra) e Java criaram-se prósperas colónias. Em Java chegou-se a desenvolver um crioulo (língua resultante da fusão entre o português e as línguas nativas).
Israel
Os portugueses de religião judaica eram até finais do século XV muito numerosos, calcula-se que chegassem a representar mais de 10% da população. Em numerosas de cidades e vilas de Portugal ainda hoje subsistem casas de antigas judearias. Em Tomar, na antiga judearia, existe a maior das sinagogas medievais da Península Ibérica (século XV).
Islândia
Ilha perdida no mar do norte é visitada pelos portugueses desde o século XV. Um dos primeiros relatos destas visitas é da autoria de Cristovão Colombo quando afirma que em 1479, ao serviço dos reis de Portugal participou numa expedição Luso-dinamarquesa à Islândia ou à Gronelândia. Esta interpretação é hoje posta em causa, pois pensa-se que a expedição se dirigiu para o Canadá.
A partir de finais do século XVI os navios portugueses passaram a visitar regularmente a Islândia, no ambito das suas campanhas da pesca do bacalhau. Recorde-se que foram os primeiros a ir pescar o bacalhau na Terra Nova ( Canadá ) em 1497. Em 1508 o bacalhau correspondia a 10% do pescado comercializado em Portugal. As alianças para o controlo da pesca do bacalhau datam do inicio do século XVI. Em 1510, por exemplo, Portugal aliou-se à Inglaterra contra a França para controlar a pesca do bacalhau na Islândia. Até ao século XX as ligações de Portugal com a Islândia estiveram sobretudo ligadas à pesca do bacalhau.
Portugal e a Islândia voltaram a ligar-se, mais intensamente no século XX. Em 1949 foram membros fundadores da Nato. Em 1959 Portugal e mais 5 países da Europa fundaram a EFTA, à qual veio depois a aderir a Finlândia e a Islândia. Trabalham actualmente neste país milhares de portugueses.
Irlanda
O lendário místico irlandês São Brandão (séc.VI) foi uma das principais fontes de inspiração dos navegadores portugueses ao longo dos séculos. O seu culto está amplamente espalhado pela zona costeira de Portugal. Ambos os paísesdesde o século XVI mantiveram uma forte cumplicidade baseada na sua identidade católica.
Irão (Pérsia)
O domínio português do Golfo Pérsico no século XVI, fazia parte de uma estratégia global de cercar e atacar os muçulmanos pela retaguarda, conquistando no Oriente os seus principais bastiões. Desta forma a pressão que os turcos faziam no Mediterrâneo seria enfraquecida.
Iraque
Os portugueses foram os primeiros europeus a instalarem-se no Iraque. Na sua rede de fortes e feitorias que criaram no Golfo Pérsico, uma delas era a de Baçorá, Bussora ou Bassora (Basra ou Al-Basrah, 1623).
Japão
Os portugueses chegaram ao Japão em 1543. Fernão Mendes Pinto, na Peregrinação, descreve estes primeiros contactos, assim como a imediata transmissão conhecimentos e hábitos culturais que desde logo processou. Em 1570, na baia de Nagasaki, fundaram uma cidade com o mesmo nome, onde passaram a residir os cristãos. Nagasaki tornou-se rapidamente numa cidade cosmopolita. Durante séculos foi o único ponto de contacto do Japão com o mundo.
Jamaica
Em Novembro de 1509, Diego Colon (português, filho de Cristovão Colombo e de Filipa Moniz Perestrelo), autoriza Juan de Esquivel a conquistar e povoar a ilha.
A maioria dos cerca de 1.500 habitantes da Jamaica eram portugueses, provenientes sobretudo dos Açores e da Madeira, tendo-se dedicado no inicio à criação de gado. Em 1537, Carlos V, nomeou Luis Colon , I Marques da Jamaica.
A Ilha passou a ser considerada uma propriedade particular da familia Colombo, sendo povoada maioritariamente por portugueses dos Açores e da Madeira. A partir de 1576, foi autorizada a criação de uma colónia de judeus, vindos de Portugal. Depois de 1580, os portugueses usaram-na como um ponto de ataque ao Império espanhol, facilitando a penetração e os ataques dos ingleses, holandeses e franceses nas Antilhas e no continente americano. No século XVII, estas ilhas do caribe eram conhecidas por "Portugals".
Bartolomeu Português foi um dos mais famosos piratas portugueses de todos os tempo. Tinha a patente de corso do governador da Jamaica. Em 1662, apoderou-se na costa cubana de Manzanillo de uma embarcação de 4 canhões. No ano seguinte, capturou um mercador espanhol no cabo da Correntes, que transportava uma valiosa carga. Com este barco seguiu para Campeche (México), onde acabou por ser preso, julgado e condenado, mas conseguiu fugir. Unido a outros piratas, regressou a Campeche onde se apoderou de uma embarcação para regressar à Jamaica, tendo naufragado nos Jardines de la Reina (Cuba), apesar disto conseguiu atingir a Jamaica. Envolveu-se depois em outras acções menos conhecidas.
Kosovo . Bósnia-Herzegovina
Trata-se de uma das regiões mais instáveis da Europa, que registou apenas contactos esporádicos com Portugal. A situação mudou completamente quando a antiga Jugoslávia se desmembrou, numa conjunto de novos países e regiões que reclamam a sua independência. A Bósnia-Herzegovina e o Kosovo são administradas pela ONU e protegidas por tropas da Nato (Otan), integrando desde o início um contingente português.
A Bósnia-Herzegovina, que depois do fim da guerra (1992-1995) ficou dividida em duas entidades políticas através dos acordos de Day-ton, a federação croato-muçulmana da Bósnia e a república sérvia da Bósnia (Srpska). O contingente português instalou-se em 1996, registando-se logo nesse ano 4 mortos.
No Kosovo a população é maioritariamente albanesa (islâmica), embora pelo direito internacional pertença à Sérvia. o contingente português instalou-se em 1999, não se registando qualquer vítima mortal.
Luxemburgo
Ao longo de todo o século XIX, o Grão-Ducado do Luxemburgo foi uma região exportadora de emigrantes. Foi apenas no século XX que se tornaram num país de imigrantes.
Laos
Letónia
Durante séculos a Letónia esteve integrada na Liga Hanseática (1282-1920), que agrupava um vasto conjunto de cidades portuárias das costas do Baltico e do Mar do Norte, como Hamburgo (sede), Dantzig, Riga, Bremen e Lubeque.
As relações entre Portugal e a Liga Hanseática (Hansa) iniciaram-se em meados do século XIV, tendo-se consolidado no século XV, persistindo sem rupturas durante muitos séculos. Lisboa, nos séculos XV e XVI, recebia regularmente navios de Hansa oriundos de Danzing, Bremen, Lubeck e Hamburgo.
Os Hanseáticos levam de Portugal sal, vinho, fruta, cortiça e azeite e traziam cereais, têxteis, metais e madeiras. Através da Hansa, os produtos portugueses atingiram o Norte, o Este e o Centro da Europa, enquanto que os produtos hanseáticos, comercializados em Portugal, chegavam à Espanha, Itália, Norte de África e às colónias portuguesas.
Os portugueses possuíam na cidade de Hamburgo, sede da Liga Hanseática, uma importante comunidade que chegou até ao século XX.
A Liga Hanseática tinha, naturalmente, representantes diplomáticos em Portugal. No final do século XVII, por exemplo, Nicholas Kopke, oriundo da cidade de Hamburgo) era o Cônsul Geral da Liga Hanseática em Lisboa e, poucos anos depois, estabeleceu uma sucursal dos seus negócios na cidade do Porto. Um tronco da família Kopke acabou, em 1730, por fixar-se na cidade do Porto, onde criaram uma longa linhagem. Não tardaram em espalhar-se também pelo Brasil. Tornaram-se num dos maiores produtores e exportadores do vinho do Porto.
De Riga (capital da Letónia), os portugueses obtiveram pinho de Riga, usado por exemplo nas fundações dos edifícios que foram construídos após o terramoto de Lisboa em 1755, mas também no fabrico de barris para o envelhecimento do vinho do Porto.
Portugal foi um dos primeiros países a reconhecer a sua independência (Fevereiro de 1921), pouco de vencer a guerra que travou contra Rússia pela sua independência (1918-1920). O diplomata João Chagas foi o obreiro desta decisão.
Portugal durante décadas também não aceitou a anexação da Letónia, em 1940, pela antiga União Soviética, ao abrigo do pacto germano-soviético. Em diversos foruns internacionais bateu-se pela sua libertação.
Líbia
Tripoli, capital da Líbia, foi durante séculos um dos principais centros de piratas e corsários muçulmanos no Mediterrâneo (ver: Tunísia, Argélia e Marrocos).
Após a conquista de Ceuta, em 1515, Portugal passou a ter à entrada do Estreito de Gibraltar uma importante sistema defensivo, ampliado com D. Manuel I, com a criação da Esquadra do Estreito, que impedia a entrada de piratas e corsários muçulmanos no Atlântico. O sistema ruiu completamente quando Portugal foi dominado pela Espanha (1580-1640), e a cidade de Ceuta passou para os espanhóis.
Os piratas muçulmanos de Argel, Tunes e Tripoli passaram a atacar não apenas no Mediterrâneo, mas também o Atlântico.
Portugal depois da restauração da independência de Portugal, em 1640, ainda conseguiu manter algum controlo sob a pirataria muçulmana no Atlântico. Durante alguns anos, na segunda metade do século XVIII, assegurou a protecção dos navios norte-americanos. Seguindo o exemplo de Espanha, passou a celebrar um acordo com os piratas muçulmanos, pagando-lhes um tributo.
Estes não tardaram entrarem no Atlântico, aprisionando dezenas de navios norte-americanos, o que levou à constituição, em 1794, da United States Navy. Uma das suas primeiras acções foi justamente duas guerras contra os piratas de Tripoli(1801-1805).
Os portugueses atacaram várias vezes Tripoli. Em 1799 a esquadra portuguesa do Mediterrâneo, que cooperava com a marinha inglesa na guerra com os franceses, ameaça atacar Tripoli caso os seus piratas atacassem os ingleses. Na sequência desta ameaça foi assinado um Tratado de Paz e Amizade entre o príncipe regente de Portugal (D. João VI) e Jossef Bax Caramanly, regente e governador de Tripoli.
Tripoli não foi apenas uma base de piratas, mas também no século XVI, uma terra que acolheu inúmeros portugueses fugidos à Inquisição.
As relações entre Portugal e a Líbia foram desde o início do século XIX muito limitadas, apenas melhoraram quando a Libia se tornou independente (1951).
Em 1988 residiam neste país cerca de 1.400 portugueses. A importação de crude não parou de aumentar desde 2000. Em 2008 era já o segundo fornecedor do crude a Portugal, razões mais do que suficientes para que o governo tenha aberto uma embaixada em Tripoli (2007), 29 anos depois da Líbia ter aberto a sua embaixada em Lisboa.
Lesoto (antiga Bautolândia)
Reino africano, independente desde 1966, muito próximo de Moçambique e encravado na África do Sul. Centenas de portugueses fixaram-se neste país depois de 1975.
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