por FERREIRA FERNANDES
Diário de Notícias
Há dias mandaram-me para Barcelona. Era a última tourada da Catalunha (uma terra de Espanha) e eu fui. Disseram-me depois que fui demasiado pró-touradas, eu, que não distingo uma verónica de uma chicuelina. O meu fascínio era outro: era o fascínio dos outros. A arte de escrever dos críticos
tauromáquicos, o sentido de tragédia dos toureiros (Belmonte dizia que só toureava porque assinava os contratos no início das temporadas, se fosse no dia da corrida nunca o faria, tanto era o medo), o ridículo do traje de luces, as cores dramáticas dos cartazes, as ganas de acossado dos aficionados, tudo com um exagero que torna o todo comovente. Os das touradas eram gente, comparados com os antitouradas que me
tauromáquicos, o sentido de tragédia dos toureiros (Belmonte dizia que só toureava porque assinava os contratos no início das temporadas, se fosse no dia da corrida nunca o faria, tanto era o medo), o ridículo do traje de luces, as cores dramáticas dos cartazes, as ganas de acossado dos aficionados, tudo com um exagero que torna o todo comovente. Os das touradas eram gente, comparados com os antitouradas que me
pareceram burocratas de uma causa, contra o touro na arena mas não se importando que no matadouro de Barcelona os animais sejam sangrados durante horas para cumprir o rito halal. Os aficionados eram movimento, cada vez mais ténuo, em vias de desaparecer, mas movimento; os da proibição eram o que são sempre, empatas da História. Por isso em Barcelona escolhi os meus. Se amanhã me disserem para ir para a Arábia Saudita, irei de bom grado porque lá também há uma história de movimento e do oposto. O rei disse que as mulheres podiam votar. Só para as municipais (só há eleições para as municipais) e só metade dos conselhos municipais são eleitos. Mas, lá está, fico sempre encantado em ver homens (no caso, mulheres) a mexerem-se.
Sem comentários:
Enviar um comentário