O travo da bica, o doce dos Dom Rodrigo e até o “cheiro a rosmaninho” da letra de “Cheira Bem, Cheira a Lisboa” assentaram hoje arraiais no muito nova-iorquino Central Park, na primeira comemoração recente do Dia de Portugal em Manhattan.
Se logo por alturas de maio e junho localidades como Mineola (Nova Iorque) ou Newark (Nova Jérsia) se enchem do cheiro de sardinhas e febras nas festas populares e do Dia de Portugal das comunidades luso-americanas, não estava nas recordações mesmo dos portugueses mais antigos na cidade ouvir fado e guitarra portuguesa num dia de sol, bem no “pulmão” de Nova Iorque.
Rodeada de verde e com os arranha-céus de Nova Iorque como pano de fundo, a jovem fadista luso-americana Nathalie Pires, de Newark, cantou fado e marchas populares, pondo as centenas de pessoas que por ali passavam a bater “palminhas” e a repetir o refrão “Cheira Bem, Cheira a Lisboa”.
Com esta letra encheu o parque dos “elétricos” da capital portuguesa, das “procissões com cheiro a rosmaninho”, as “tasca da viela mais escondida [onde] cheira a iscas com ela e a vinho” e, claro, da “varina que teima em passar”.
No público desta comemoração quase inédita e retardada do 10 de junho estavam os corredores que fizeram os 8 quilómetros do “Portugal Day”, e muitos portugueses que – de carro, autocarro ou comboio – fizeram centenas de quilómetros para estar no festival que se seguiu, uma mostra de produtos e de cultura portuguesa.
Para “apoiar e mostrar Portugal”, Carlos Bahia, do clube português de Danbury (Connecticut), fez uma hora e meia de comboio com um grupo de sete pessoas.
“Achei que era uma boa ideia para promover o nome de Portugal”, disse à Lusa, lamentando apenas o “pouco tempo” para a festa.
Entre o público eram muitas as camisolas da seleção de futebol e de clubes portugueses.
Há mais de duas décadas nos Estados Unidos, Lisa veio de Nova Jérsia, com o seu traje negro e dourado de noiva do Minho, para ajudar a “dar a conhecer o país”.
“Isto é bom porque acho que faz os americanos conhecerem um pouco Portugal, que é um país pequenino que eles confundem sempre com o Brasil”, disse à Lusa a emigrante nascida na ex-colónia de Goa.
A mesma experiência tem Neide, jovem que trabalha na New York University e uma das dezenas de voluntários que quiseram ajudar a “divulgar o país e celebrar a cultura” portuguesa.
“Regra geral, somos confundidos com brasileiros. Infelizmente é verdade”, lamenta.
A norte-americana Emma, que participou na corrida, repetia no final o que acabara de ouvir da animadora do evento, que apresentava Portugal como “o país mais solarengo da Europa”, embora admitindo o seu desconhecimento.
“Não sei muito... vou à internet procurar”, disse à Lusa.
Outros, que após a corrida bebiam Compal, Sumol ou uma bica e comiam pão com Queijo da Serra, perguntavam aos portugueses qual a melhor altura do ano para visitar.
De Washington veio o embaixador Nuno Brito, que saiu convencido da capacidade de eventos do género para “vender o nome de Portugal” no país.
“É uma maneira de conhecer o nosso pais muito interessante, muito criativa e inovadora”, disse à Lusa.
Mesmo sem patrocinadores, por enquanto, a gestora financeira Domitília Santos e a associação Portuguese Circle, que promoveram o evento com apoio do Turismo de Portugal e empresas, já reservaram 17 de junho de 2012 para o segundo Portugal Day.
Paulo Dias Figueiredo, da Agência Lusa
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