terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

PERGUNTAS A UM PUTATIVO PRIMEIRO-MINISTRO - PEDRO PASSOS COELHO


Apesar de Sócrates ser um animal político como poucos em Portugal, o desgaste do eleitorado que o apoiou torna o resultado das próximas eleições uma incógnita.


O mais provável, é que os portugueses, de novo iludidos, ou porque têm medo de alternativas, entreguem o poder, desta vez, ao PSD. É a chamada alternância do pântano. Entre o mau e o péssimo, ou entre o péssimo e o mau.


Vivemos naquela zona cinzenta do nada está perdido, nada está ganho. Como numa peregrinação, à espera de um milagre. Êxtase atrás de êxtase definhamos como um crente à espera da revelação.


A memória do eleitorado é curta. A cada ciclo eleitoral parece esquecer-se que a gestão económica da democracia portuguesa foi, ao longo destes anos, responsabilidade do PS e do PSD, e que, portanto, é deles a paternidade da crise que envenena o país.

Infelizmente para os portugueses, o PSD não será, também ele, o santo milagreiro capaz de tirar a economia portuguesa do pântano. E não será capaz porque Portugal é uma fechada teia corporativa, onde os interesses de grupo estão acima dos interesses do País. A pesada máquina do "sistema" esmagará quem lhe quiser fazer frente.


Para enfrentar a crise será precisa uma REVOLUÇÃO contra o sistema! Nem PS nem PSD serão capazes de tamanha façanha.


Sem correr o risco de errar, o mais provável é que o próximo primeiro-ministro seja o líder social-democrata Pedro Passos Coelho.


De mal a pior. Até Deus se mostraria irritado com o espírito obtuso do eleitorado.




Mas enfim,"Cabe a Passos coelho responder a três conjuntos de perguntas muito simples:



1- É possível reintroduzir, no discurso público e na praxis política, um conjunto mínimo de referenciais éticos, de valores básicos, que possam servir de chão comum a uma sociedade política que deles depende para ser plenamente legitimada? É possível voltar a ouvir falar de decência, de probidade, de rectidão? É possível alicerçar um discurso e uma proposta política em conceitos tão caídos em desuso? É possível, a um candidato a primeiro-ministro, assumir, inequivocamente, esta bandeira, a ponto de com ela se comprometer e dela fazer depender o seu futuro político?
2- É possível a um primeiro-ministro ser verdadeiramente independente da máquina partidária que o elegeu, na hora de escolher a equipa com que governará o País? É possível não pagar favores? É possível escolher os melhores? É possível dispensar todos quantos olham o poder como um fim em si mesmo? E os que fazem da traficância de interesses um modo de vida?
3- É finalmente possível governar - realmente - a quatro anos? É possível sacrificar o curto prazo, as sondagens, a hipótese de uma re-eleição, a uma visão sólida e coerente do futuro do País? É possível fazer das convicções - quaisquer que sejam - um programa político? É possível praticar o desapego ao poder?

Estou bem consciente da aparente ingenuidade destas perguntas. E estou bem consciente que é de cinismo e não de ingenuidade que se fazem as análises ditas "inteligentes". Seja. Mas parece-me ainda mais ingénuo acreditar que se podem levar a cabo as reformas estruturais de que o País precisa sem primeir responder afirmativamente às cândidas perguntinhas que aqui deixo."
(Esta crónica contém excertos de um texto de Pedro Norton, "Três perguntas Cândidas", publicado na Visão de 27/01/2011)
AOC

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