Em Portugal, o Presidente eleito, Cavaco Silva, em vez de responder, com transparência, sobre os contornos de um negócio como o da sua casa de férias, remete para a votaçãso obtida. Para ele, a democracia resume-se ao voto. Sente-se popularmente legitimado e, assim, isento de prestar esclarecimentos. No limite - e sem querer comparar -, Isaltino Morais, condenado em primeira instância, por instituições judiciais do Estado de direito democrático, estaria automaticamente absolvido pelo voto popular, em Oeiras.
Ora, num país com uma democracia sedimentada, um político tem de responder às perguntas da imprensa livre, e cingir-se aos factos, independentemente dos votos. Quer dizer: num país como os EUA, um candidato como Cavaco nem sequer teria chegado às urnas, antes de esclarecer cabalmente o negócio das acçõesd dsa SLN ou o da casa da Coelha.
Esta constatação nada tem a ver com juízos de valor sobre a honestidade do Presidente ora re-eleito. O que está em causa é que esta atitude parte de alguém que passa a vida a encher a boca com a expressão "qualidade da democracia". Bem prega Frei Tomás...
Uma nota final para os seus discursos de vitória. O que aquelas palavras revelaram foi (para mim) uma desagradável surpresa: falta de classe.
(Excertos de um texto publicado na Visão de 27 de Janeiro de 2011 da autoria de Filipe Luís)
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