O general Bento dos Santos “Kangamba”, secretário do Comité Provincial de Luanda do MPLA para a Organização e Mobilização Periférica e Rural, adquiriu recentemente uma residência no mais luxuoso e exclusivo condomínio de Espanha, La Finca. A urbanização está situada na localidade de Pozuelo de Alarcón, a 8 quilómetros de Madrid.
Em La Finca, os preços por cada mansão rondam até os 12 milhões de euros. Não há informação pública sobre quanto o referido general terá pago pela sua propriedade ou como.
Um analista, conhecedor da transacção, suspeita que o imóvel adquirido por Bento Kangamba seja para uma alta figura do regime, interessada numa eventual fuga ou reforma em Espanha.
Segundo o diário El Confidencial, de Espanha, o Condomínio La Finca, com vários lagos artificiais, é “um dos búnkeres mais glamorosos e selectos jamais sonhados, a milha de ouro do século 21, o espaço onde se podem encontrar mais celebridades e fortunas por metro quadrado”.
Em áreas verdes, a urbanização tem um total de 844.100 metros quadrados. El Confidencialdescreve La Finca, como o maior provedor de privacidade no país, para “figuras, tanto públicas como desconhecidas, de marcado poder aquisitivo”. Com detectores infravermelhos, o condomínio “é uma autêntica jaula de ouro, sobre a qual se sabe ou conhece pouco, ou muito pouco”, refere a publicação.
Na urbanização La Finca residem futebolistas do Real Madrid, como Cristiano Ronaldo, Káká, Benzema, Iker Casillas; os actores Javier Bardem, Penélope Cruz e Paz Vega, assim como o cantor Alejandro Sanz.
Em Lisboa, o general Bento Kangamba adquiriu recentemente uma penthouse de luxo, por cerca de dois milhões de euros, em nome do seu sogro, Avelino dos Santos, irmão mais velho do presidente José Eduardo dos Santos. O apartamento está localizado na urbanização Jardins do Cristo-Rei, em Moscavide, a poucos minutos da zona da Expo. Na referida urbanização têm também apartamentos o governador do Kwanza-Sul, general Eusébio Teixeira de Brito, o general Arnaldo Antas e mais algumas figuras do regime angolano.
Sonangol e as Empregadas Domésticas de Manuel Vicente
O vice-presidente da República, Manuel Domingos Vicente, continua a receber anualmente, da Sonangol, a soma de US $43,212 para o pagamento das suas empregadas domésticas.
Em Janeiro de 2012, o presidente José Eduardo dos Santos exonerou Manuel Vicente do cargo de presidente do conselho de administração da Sonangol. Nomeou-o, de seguida, para o Ministério da Coordenação Económica, com a categoria de ministro de Estado. O ministério, criado para acomodar Manuel Vicente, foi extinto com a sua promoção a vice-presidente, em Setembro de 2012.
Manuel Vicente, para além das mordomias que recebe enquanto vice-presidente, é um dos homens mais ricos de África. O império de negócios que partilha com os generais Manuel Hélder Vieira Dias Júnior “Kopelipa” e Leopoldino Fragoso do Nascimento, o testa-de-ferro de José Eduardo dos Santos, basta para conferir a Manuel Vicente o estatuto de bilionário.
Porquê um bilionário, com o poder de vice-presidente num dos países mais corruptos do mundo, precisa de violar a legislação em vigor para pagar empregadas domésticas?
O gabinete de Manuel Vicente inclui um departamento de economato e de apoio à residência oficial do vice-presidente. O Estado paga por todo o pessoal de serviço doméstico requisitado pelo vice-presidente no âmbito das suas funções oficiais e de representação da República de Angola. Como bilionário, conhecido por gastar milhares de euros por cada garrafa de vinho Petrus, Manuel Vicente tem, além da obrigação, todas as possibilidades de pagar por quantas empregadas domésticas tiver ou necessitar nas suas várias residências privadas.
A resposta é simples. A ganância, o espírito de pilhagem dos fundos e do património de Estado, a falta de quaisquer princípios morais e éticos, a arrogância e o abuso de poder não encontram limites no comportamento de Manuel Vicente e dos outros dirigentes da mesma estirpe.
O vice-presidente viola o princípio da probidade pública ao beneficiar, ilicitamente, de ofertas mensais de uma empresa pública, em moeda estrangeira. O referido dirigente compromete a sua independência e isenção e põe, assim, em causa “a independência do seu juízo e a credibilidade e autoridade da administração pública dos seus órgãos e serviços”, conforme estabelecido pela Lei da Probidade Pública.
No entanto, Manuel Vicente não é o único dirigente do executivo de José Eduardo dos Santos a usar o expediente do pagamento de empregadas domésticas para amealhar mais uns tostões à custa da Sonangol. O antigo director-geral adjunto da Sonangol e actual secretário de Estadopara as Novas Tecnologias e Qualidade Ambiental, Syanga Kuvuila Samuel Abílio, continua a receber anualmente, da Sonangol, um total de US $38,999 como “subsídio de apoio para as actividades domésticas”.
O actual vice-presidente Manuel Vicente foi director-geral adjunto da Sonangol, de 1991 a 1999. Nos 13 anos seguintes exerceu as funções de presidente do conselho de administração e director-geral da petrolífera nacional.
Periodicamente, Manuel Vicente envia, a França e Portugal, um avião executivo (o luxuoso Falcon-900 ou o sofisticado Falcon X-7), como cargueiro para o transporte exclusivo dos seus vinhos e conhaques. Os voos são operados pela VipAir, uma empresa comparticipada pela Sonangol, e passageiros não são permitidos durante as referidas viagens. Em Paris, a tripulação do Falcon-900, em missão de transporte dos vinhos e conhaques de Manuel Vicente, não teve autorização para transportar outra tripulação da VipAir que se deslocou à capital francesa com o objectivo de entregar um outro Falcon à revisão. Como justificação, o encarregado do candidato do MPLA informou à tripulação sobre a escala à Lisboa, em busca de outros vinhos. Algumas das garrafas de vinho Petrus, adquiridas em Paris, são reservadas apenas a multimilionários. O Petrus 1989 Magnum custa cerca de 9,700 euros, enquanto o Petrus 1990 Magnum atinge os 11,000 euros por garrafa. Já o conhaque regular de Manuel Vicente, o Rémy Martin Louis XIII, custa em média 2,500 euros, enquanto as garrafas especiais, da mesma marca e também ao gosto do dirigente angolano, custam acima dos 8,000 euros.
Kero: o Supermercado do Manuel Vicente
O Hipermercado Kero, considerado o maior de Angola, bem pode ser considerado como o modelo de investimento privado para a melhoria da oferta e da qualidade de bens de consumo aos cidadãos.
A funcionar há cerca de um ano no Bairro Nova Vida, em Luanda, o Hipermercado Kero também é um modelo na eliminação das fronteiras entre o público e o privado, por parte dos principais dirigentes angolanos que são, ao mesmo tempo, os principais empresários privados nacionais.
Em entrevista ao Semanário O País, o director-geral do Kero, o brasileiro João Santos, revelou o montante investido por um grupo de empresários angolanos em consórcio com o Banco Privado Atlântico: “Os US$35 milhões assentam num misto de capitais próprios e nos recursos libertos em resultado da parceria com o Atlântico”. O hipermercado tem uma área de 7,500 metros quadrados de espaço de superfície e uma área total de 11,000 metros quadrados e já abriu uma segunda loja no Condomínio Cajú, em Talatona.
Recentemente, a 10 de Dezembro, a ministra do Comércio, Idalina Valente, inaugurou o terceiro empreendimento do Kero, na nova Centralidade do Kilamba. O referido projecto habitacional é o maior do país e esteve a cargo do Gabinete de Reconstrução Nacional, sob comando do General Manuel Hélder Vieira Dias Júnior “Kopelipa”. Actualmente o projecto é gerido pela Sonangol, dirigida por Manuel Vicente.
Apesar de toda a publicidade que a abertura deste grande empreendimento gerou ao nível da comunicação social e dos outdoors espalhados por várias artérias de cidade de Luanda, há apenas uma breve referência à empresa Zahara como proprietária do projecto.
Uma breve investigação realizada por Maka Angola revela que a Zahara é uma das muitas empresas pertencentes ao império do Grupo Aquattro International S.A. que controla 99,96% do seu capital.
Este grupo, que nos últimos três anos se tornou no maior polvo da economia política nacional, é propriedade exclusiva de três indivíduos: o Presidente do Conselho de Administração da Sonangol, Manuel Vicente; o ministro de Estado e Chefe da Casa Militar do Presidente da República, General Manuel Hélder Vieira Dias “Kopelipa”; e seu principal consultor, o General Leopoldino Fragoso do Nascimento.
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