Padre português teve papel importante no primeiro tratado entre a China e a Rússia
Um missionário jesuíta português conhecido na antiga corte imperial chinesa como músico, astrónomo, matemático e diplomata desempenhou papel importante nas negociações do primeiro acordo fronteiriço entre a China e a Rússia, no final do século XVII.
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JOÃO RELVAS/LUSA
Tomás Pereira e um padre francês, J.F. Gerbillon, foram escolhidos pelo imperador Kangxi para participarem nas referidas negociações e, segundo Jin Guoping, o missionário português "desempenhou bem o papel de intérprete-tradutor e de conselheiro de direito internacional".
"O que mais impressionou o imperador Kangxi foi o facto de as contendas sino-russas terem sido resolvidas com um tratado internacional", enquanto antes "esta paz só se conseguia com a guerra", afirmou o investigador chinês.
Tomás Pereira (São Martinho do Vale, Famalicão, 1 de Novembro de 1645 — 1708 (63 anos)) foi um jesuíta, matemático e cientista português que viveu a maior parte da vida na China.
Em 25 de Setembro de 1663 entrou para a Companhia de Jesus. Em 15 de Abril de 1666 embarcou para a Índia, continuando os seus estudos em Goa, chegando a Macau em 1672.
Tomás Pereira viveu na China até à sua morte em 1708. Foi apresentado ao imperador Kangxi pelo colega jesuíta Ferdinand Verbiest. Foi astrónomo, geógrafo e principalmente músico, sendo autor de um tratado sobre a música europeia que foi traduzido para Chinês, e também construtor de um órgão e de um carrilhão que foram instalados numa igreja de Pequim. É considerado o introdutor da música europeia na China. Foi responsável pela criação dos nomes chineses para os termos técnicos musicais do Ocidente, muitos dos quais usados ainda hoje.
Além da música, o padre Tomás Pereira participou também nas negociações do Tratado de Nerchinsk (1689), que é considerado o primeiro tratado subscrito pela China com uma potência da Europa, neste caso o Império Russo.
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