A razão do pretenso «amor» de Washington por Luanda
PETRÓLEO: o que aproxima os EUA a Luanda
Angola continua a ser um parceiro económico estratégico dos EUA. Washington precisa do «ouro negro» angolano. Como contrapartida, Luanda precisa do seu apoio junto de instituições financeiras internacionais. Pelo meio, há a destacar a importância das relações entre Angola e os EUA que passam (também) pela segurança energética global, segurança alimentar global, bem, como a segurança e estabilidade regionais. Por isso, a promessa de trazer Barack Obama ao nosso país proximamente não é de todo inocente. Ou não fossem os interesses económicos a fórmula encontrada pelos norte-americanos para lidar com o nosso país.
PETRÓLEO: o que aproxima os EUA a Luanda
Angola continua a ser um parceiro económico estratégico dos EUA. Washington precisa do «ouro negro» angolano. Como contrapartida, Luanda precisa do seu apoio junto de instituições financeiras internacionais. Pelo meio, há a destacar a importância das relações entre Angola e os EUA que passam (também) pela segurança energética global, segurança alimentar global, bem, como a segurança e estabilidade regionais. Por isso, a promessa de trazer Barack Obama ao nosso país proximamente não é de todo inocente. Ou não fossem os interesses económicos a fórmula encontrada pelos norte-americanos para lidar com o nosso país.
Aos 29 dias do pretérito mês, o Executivo acreditou, finalmente, o sétimo embaixador dos Estados Unidos da América (EUA) em Angola: Christopher J. McCullen.
Na sua primeira entrevista concedida ao «Jornal de Angola», o diplomata norte-americano assegurou que vai invocar «argumentos fortes » para trazer o quadragésimo quarto presidente da nação mais poderosa do mundo ao nosso país: Barack Hussein Obama II.
Ufano e (muito) pouco convincente na sobredita entrevista ao «JA», Christopher J. McCullen
disse que a vinda do actual presidente dos EUA depende de «vários factores». Apesar de
não o ter dito explicitamente, o que se pode inferir das ideias do novo representante diplomático dos EUA, Christopher J. McCullen, é que a Administração Obama deixaria de olhar de soslaio para Angola, caso fenómenos como a Transparência, Boa Governação, respeito pelos
Direitos Fundamentais e alternância política regular passassem ocupar lugares cimeiros
na agenda política do Executivo.
O condicionamento velado de Christopher J. McCullen faz jus às teorias segundo as quais
os norte-americanos não dão «ponta sem nó», por um lado, e que, por outro, forjam pretensas
relações de amizades para estar de olhos e, destarte, salvaguardar os seus interesses políticos e
económicos (mais económicos, que políticos) em Angola. A vinda de Barack Obama a Luanda,
caso se efective nos próximos tempos, representará um ganho para a diplomacia angolana
e marcará, assim, uma nova era nas relações bilaterais entre Angola e os EUA.
As diligências para uma possível visita do presidente estadonunidense ao nosso país, começaram a ser feitas há mais de 24 meses por Assunção dos Anjos, predecessor de George Chicoty, actual ministro das Relações Exteriores, quando este deslocou-se à capital norte-americana, onde Angola continua a ser um parceiro económico estratégico dos EUA. Washington precisa do «ouro negro» angolano. Como contrapartida, Luanda precisa do seu apoio junto de instituições financeiras internacionais. Pelo meio, há a destacar a importância das relações entre Angola e os EUA que passam (também) pela segurança energética global, segurança alimentar global, bem, como a segurança e estabilidade regionais. Por isso, a promessa de trazer Barack Obama ao nosso país proximamente não é de todo inocente. Ou não fossem os interesses económicos a fórmula encontrada pelos norte-americanos para lidar com o nosso país.
Dirigida pessoalmente pelo presidente José Eduardo dos Santos, o Executivo desencadeou,
no início da década de 90, uma intensa actividade política e diplomática que, no dia 19 de
Maio de 1993, culminou no reconhecimento de Angola pelos EUA. O jornalista José Patrício
era o «pivot» entre Luanda e Washington.
Na altura, José Patrício chefiava a Missão Permanente de Angola junto da Organização
dos Estados Americanos (OEA) e tinha a missão de trabalhar para a normalização das relações entre Angola e os EUA.
Tal reconhecimento diplomático esteve intimamente associado às negociações que levaram à
entrada da «Exxon Corporation Company» no sector petrolífero em Angola, através da filial
«Esso». O Departamento de Estado discutiu com a «Exxon» e com a empresa angolana Sonangol um «auxílio suplementar» de USD 350 milhões.
O petróleo angolano representa cerca de 7 por cento das importações americanas de combustível bruto, ou seja o triplo do que se importava do Kuwait no início dos anos 90. Os
EUA compram cerca de 75 por cento das exportações angolanas de petróleo. Aquando da sua
visita a Angola em 1998, Millard Arnold, ministro conselheiro para o Comércio dos EUA, afirmou que os investimentos americanos neste país rondavam já os quatro bilhões de dólares.
Foi em 1998 que se registou o maior número de visitas oficiais americanas a Angola, não só porque os acordos de Lusaca tinham falhado e tinha sido tomada a decisão de apoiar internacionalmente o Governo do MPLA, mas também porque estavam em jogo as concessões petrolíferas para os novos 4 Blocos.
Embora a «Elf Aquitaine» seja a operadora dos Blocos 3 e 17 (dois dos blocos mais produtivos
até ao momento), as companhias americanas, nomeadamente a «Chevron», têm também atingido níveis de rentabilidade bastante elevados. A «Elf» e a «Chevron» detêm 85 por cento do total da produção actual.
Na realidade são as companhias americanas que dominam.
Dos já 30 Blocos concessionados, as petrolíferas americanas são operadoras em 10. Nos Blocos 31, 32, 33 e 34, os concessionados em 1999, a «BP/Amoco» é a operadora do 31, a ELF do 32, a «Esso» do 33. O Bloco 34 é composto por um consórcio entre a «Norsk Hydro», a «Shell», a «Sonangol» e a «Chevron».
Para além dos ganhos políticos que Angola pode auferir por conceder este espaço de intervenção às petrolíferas americanas, obtendo um apoio norte-americano na arena internacional, não se podem menosprezar outro tipo de ganhos. Como alguém em Angola
dizia: «nós analisamos qual a companhia petrolífera que apresenta melhores condições para
ganhar o concurso, mas é o poder político que, em função dos interesses nacionais por eles definidos, decide».
Assim, a «Chevron», a «Texaco », a «Exxon», a «BP/Amoco » e a «Mobil», à semelhança
de outras companhias a operar em Angola, têm optado por campanhas de charme junto do
Executivo angolano. Todas têm realizado investimentos na área social, não só por convicção própria ou por exigência da Lei das concessões, mas em prol da boa convivência política. A «Fundação AMOCO», por exemplo, já investiu em Angola cerca de USD três milhões em projectos diversos, não ligados à exploração petrolífera. ■
(Artigo publicado no Semanário Angolense, edição 413, da autoria de Ral Soares)
Ufano e (muito) pouco convincente na sobredita entrevista ao «JA», Christopher J. McCullen
disse que a vinda do actual presidente dos EUA depende de «vários factores». Apesar de
não o ter dito explicitamente, o que se pode inferir das ideias do novo representante diplomático dos EUA, Christopher J. McCullen, é que a Administração Obama deixaria de olhar de soslaio para Angola, caso fenómenos como a Transparência, Boa Governação, respeito pelos
Direitos Fundamentais e alternância política regular passassem ocupar lugares cimeiros
na agenda política do Executivo.
O condicionamento velado de Christopher J. McCullen faz jus às teorias segundo as quais
os norte-americanos não dão «ponta sem nó», por um lado, e que, por outro, forjam pretensas
relações de amizades para estar de olhos e, destarte, salvaguardar os seus interesses políticos e
económicos (mais económicos, que políticos) em Angola. A vinda de Barack Obama a Luanda,
caso se efective nos próximos tempos, representará um ganho para a diplomacia angolana
e marcará, assim, uma nova era nas relações bilaterais entre Angola e os EUA.
As diligências para uma possível visita do presidente estadonunidense ao nosso país, começaram a ser feitas há mais de 24 meses por Assunção dos Anjos, predecessor de George Chicoty, actual ministro das Relações Exteriores, quando este deslocou-se à capital norte-americana, onde Angola continua a ser um parceiro económico estratégico dos EUA. Washington precisa do «ouro negro» angolano. Como contrapartida, Luanda precisa do seu apoio junto de instituições financeiras internacionais. Pelo meio, há a destacar a importância das relações entre Angola e os EUA que passam (também) pela segurança energética global, segurança alimentar global, bem, como a segurança e estabilidade regionais. Por isso, a promessa de trazer Barack Obama ao nosso país proximamente não é de todo inocente. Ou não fossem os interesses económicos a fórmula encontrada pelos norte-americanos para lidar com o nosso país.
Dirigida pessoalmente pelo presidente José Eduardo dos Santos, o Executivo desencadeou,
no início da década de 90, uma intensa actividade política e diplomática que, no dia 19 de
Maio de 1993, culminou no reconhecimento de Angola pelos EUA. O jornalista José Patrício
era o «pivot» entre Luanda e Washington.
Na altura, José Patrício chefiava a Missão Permanente de Angola junto da Organização
dos Estados Americanos (OEA) e tinha a missão de trabalhar para a normalização das relações entre Angola e os EUA.
Tal reconhecimento diplomático esteve intimamente associado às negociações que levaram à
entrada da «Exxon Corporation Company» no sector petrolífero em Angola, através da filial
«Esso». O Departamento de Estado discutiu com a «Exxon» e com a empresa angolana Sonangol um «auxílio suplementar» de USD 350 milhões.
O petróleo angolano representa cerca de 7 por cento das importações americanas de combustível bruto, ou seja o triplo do que se importava do Kuwait no início dos anos 90. Os
EUA compram cerca de 75 por cento das exportações angolanas de petróleo. Aquando da sua
visita a Angola em 1998, Millard Arnold, ministro conselheiro para o Comércio dos EUA, afirmou que os investimentos americanos neste país rondavam já os quatro bilhões de dólares.
Foi em 1998 que se registou o maior número de visitas oficiais americanas a Angola, não só porque os acordos de Lusaca tinham falhado e tinha sido tomada a decisão de apoiar internacionalmente o Governo do MPLA, mas também porque estavam em jogo as concessões petrolíferas para os novos 4 Blocos.
Embora a «Elf Aquitaine» seja a operadora dos Blocos 3 e 17 (dois dos blocos mais produtivos
até ao momento), as companhias americanas, nomeadamente a «Chevron», têm também atingido níveis de rentabilidade bastante elevados. A «Elf» e a «Chevron» detêm 85 por cento do total da produção actual.
Na realidade são as companhias americanas que dominam.
Dos já 30 Blocos concessionados, as petrolíferas americanas são operadoras em 10. Nos Blocos 31, 32, 33 e 34, os concessionados em 1999, a «BP/Amoco» é a operadora do 31, a ELF do 32, a «Esso» do 33. O Bloco 34 é composto por um consórcio entre a «Norsk Hydro», a «Shell», a «Sonangol» e a «Chevron».
Para além dos ganhos políticos que Angola pode auferir por conceder este espaço de intervenção às petrolíferas americanas, obtendo um apoio norte-americano na arena internacional, não se podem menosprezar outro tipo de ganhos. Como alguém em Angola
dizia: «nós analisamos qual a companhia petrolífera que apresenta melhores condições para
ganhar o concurso, mas é o poder político que, em função dos interesses nacionais por eles definidos, decide».
Assim, a «Chevron», a «Texaco », a «Exxon», a «BP/Amoco » e a «Mobil», à semelhança
de outras companhias a operar em Angola, têm optado por campanhas de charme junto do
Executivo angolano. Todas têm realizado investimentos na área social, não só por convicção própria ou por exigência da Lei das concessões, mas em prol da boa convivência política. A «Fundação AMOCO», por exemplo, já investiu em Angola cerca de USD três milhões em projectos diversos, não ligados à exploração petrolífera. ■
(Artigo publicado no Semanário Angolense, edição 413, da autoria de Ral Soares)
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