segunda-feira, 14 de junho de 2010

O PORQUÊ DA CRISE EM PORTUGAL

Não há jornal, noticiário de televisão ou blogue, que não lembre a crise em que Portugal mergulhou. Por todo o lado, os semáforos do medo piscam luzes de alarme. Na rua, os rostos incrédulos estão à beira do pânico. “Apesar de tanta Europa, como e porquê aconteceu tamanha desgraça?”, interrogamo-nos todos.

Só a memória curta deste povo e a crença ingénua em milagres nos levou a pensar que a entrada na Europa seria panaceia para todos os males. Ou, como diria o executado Sadam Hussein, a mãe do bem estar definitivo. Distraídos, esquecemo-nos de algo fundamental nestas coisas da gestão da coisa pública: a qualidade dos homens do poder. É verdade que a Europa nos trouxe riqueza e modernidade, contudo, perversamente, não trouxe, pelo contrário, mais aptidão à classe política. Impotentes, assistimos ao assalto dos aparelhos partidários por arrivistas de todo o género. Promovidas, as toupeiras acabaram por tomar conta da alma da nação, pervertendo-lhe a moral na crença urgente de que todos os desmandos lhes eram permitidos. E foram.

Triste sina a dos portugueses. A crise sempre fez parte do seu horizonte como lodaçal a que não sabiam escapar. Se as últimas dinastias da monarquia portuguesa foram o “desastre” , a primeira república o “caos” , a ditadura de Salazar “a sangrenta noite medieval”, a democracia pós 25 de Abril foi a mais dramática “farsa”.

E farsa porquê? Porque acreditámos que, com o 25 de Abril, o país , finalmente, se reencontrara. Tinha-se cumprido o império, cumpria-se agora Portugal. Recebemos, por isso, de braços abertos, a nova e generosa classe política portuguesa, sequiosos da impoluta e moderna democracia que diziam representar. Como nos pareciam, então, distantes os tempos da corrupção da monarquia e da anarquia da primeira república.
Ledo e estúpido engano. Revezando-se no poder, socialistas e sociais-democratas, os novos senhores do poder, depressa se encarregaram de transformar o sonho em pesadelo. Como novos-ricos deslumbrados, desbarataram o que não tinham, deixando o povo, de novo, mergulhado no lodaçal da miséria, desesperado e desesperançado.

Mas a crise económica e financeira tem pelo menos um mérito. Mostra quem, de facto, se preocupa com o país e quem, do alto da sua impunidade e arrogância, apenas defende interesses particulares. Esgrimindo a arma da demagogia, alguns políticos teimam em insultar aqueles que discordam da sua infalibilidade, aqueles que discordam das leis que protegem o enriquecimento ilícito da elite em que se tornaram.
“Mal agradecidos”?
Não fomos nós os responsáveis pelo estado a que Portugal e o mundo chegou, foram vocês, vocês que prometeram gerir os dinheiros dos contribuintes com ciência e honestidade, vocês que juraram falsidades para que acreditássemos e vos elegêssemos. Vocês que, mesmo com o descalabro à porta, continuam com o simulacro.

Neste momento já não resta aos que verdadeiramente se preocupam com o país outra solução que não seja poupar e gerir de forma parcimoniosa os poucos recursos que restam. Cedendo aos apelos que de todo o lado nos inquietam o quotidiano como um terramoto, estamos dispostos a isso. Mas o que fazem os políticos?


O primeiro-ministro gastou, em 2010, 63.000 euros em flores naturais, 6.840 euros em vinho tinto, 78.050 euros(2008 e 2009) nos jardins da residência; Sócrates tem ao seu serviço 12 motoristas (em
Inglaterra os ministros vão passar a andar de transportes públicos).

Em estudos, pareceres, projectos, e consultoria, em 2010, o estado espera gastar 189 milhões de euros ( apesar de todos os ministérios e secretarias de estado terem funcionários habilitados para o efeito).

A Câmara de Cascais gastou 21.445 euros em bolo-rei, enquanto a Câmara de Santarém gastou 805.258 euros nas comemorações do dia de Portugal. O 25 de Abril custou a várias Câmaras do país 457.940 euros e em decorações de Natal esbanjaram-se, entre 2008 e 2009, 12.964.168 euros.

A Comissão para a comemoração do centenário da república, em 5 de Outubro, possui um orçamento de 10 milhões tendo já gasto um milhão de euros.

Só em estudos, o novo aeroporto, o ano passado, custou mais de 9 milhões de euros, tendo-se já feito 114 estudos (alguém anda a enriquecer à conta do contribuinte).

A Câmara de Gondomar pagou 515 mil euros em publicidade ao Gondomar Sport Clube e 16.600 em flores, enquanto Sines gastou 6 mil euros em búzios de cristal, Oeiras 7.600 em leques, Loulé quase 7 mil em rebuçados e 73 mil em almofadas anti-stresse. Matosinhos esbanjou 16.725 euros em canetas para oferta. Por seu lado, os Serviços Municipalizados de Água e Saneamento de Loures gastaram quase 7.300 euros em espumante, em 2010. Em chá e café, os ministérios gastaram 208 mil euros (bebam água da torneira que é tratada). E pasme-se, o regimento de transmissões do exército, comprou 4.200 euros de whisky novo. Como se não bastasse, o estado gastou ainda, em bonés e guarda-chuvas, 1.225.093 euros, mais 1.622.513 euros em obras de arte.

Sabem quanto se gastou em estudos para o TGV, entre 2001 e 2008? Só 92.900.000 euros!

A dar-nos música o estado gastou 3.810.661 em concertos, despesas que contemplam músicos que vão desde o tenor José Carreras, a Quim Barreiros e Tony Carreira.

Festas de leitão, da sardinha, das flores, do fado, dos emigrantes custaram às autarquias mais de 4 milhões de euros.

Há excesso de deputados, excesso de assessores, políticos que acumulam reformas, excesso de gabinetes técnicos, excesso de financiamento aos partidos, excesso de submarinos, de carros de assalto, de aviões de combate.

Em 2009 as campanhas eleitorais custaram aos contribuintes 96 milhões de euros.

Jaime Gama obrigou os portugueses a comprarem-lhe dois BMW topo de gama, Manuel Alegre (candidato a presidente da república) e até António Filipe do PCP, foram outros dos contemplados com veículos de luxo pagos pelos contribuintes (voltamos a lembrar que a abastada Inglaterra mandou os seus políticos frequentarem os transportes públicos). Esta operação de escárnio ao povo português custou quase um milhão de euros . Bem pode dizer o Dr. “Topo de Gama” que foram razões de saúde financeira e dignidade de estado que ditaram a compra destes veículos. Caro cidadão Gama, não faça de nós ESTÚPIDOS. O senhor tem direito à dignidade e nós, direito ao desemprego, à miséria, ao calabouço se nos revoltarmos? Não bastava, como país pobre que somos, sem recursos que não sejam a esmola caridosa da Alemanha, comprar uns Fiat Panda para si e restantes “muchachos“?. Até Mota Amaral, ex-presidente da AR, se viu contemplado com um veículo de luxo.

Pois é, enquanto o orçamento familiar dos portugueses tem cada vez menos valor, o orçamento da Assembleia da República cresce mais 7 milhões, para um total de 191,4 milhões. É quanto nos custam os deputados que, alternando-se no poder, com a sua desastrosa gestão, conduziram o país ao descalabro e a este beco sem saída.

POUPAR?
Todos já percebemos quem poupa e quem se julga com direito a esbanjar. Quem prega sacrifícios sentado sobre ordenados milionários e quem caminha no deserto. Quem se aflige e quem farra. Quem ama o país, porque é a única coisa que lhe resta, e quem apenas ama o poder. Quem fica no desemprego, sem subsídios, e quem vai, por direito dinástico, para gestor das empresas públicas e privadas. E depois querem que vos respeitemos pois, dizem-se, são o cerne da democracia. Cerne da Democracia? Qual democracia, a democracia do nepotismo, do arrivismo, do oportunismo, dos vaidosos, dos arrogantes, dos incapazes, dos demagogos, dos teocratas?
Não, não é esta a Democracia que queremos!!!

DITADORES
Cobardes como são, refugiam-se atrás da Democracia, querendo obrigar-nos a defrontá-la para depois nos acusarem de tudo!

DITADO POPULAR
…Apenas mudaram as moscas!

QUE FAZER?
(Não acreditar em brandos costumes…)

AOC

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