quarta-feira, 14 de abril de 2010

Crónica




A CRISE E A IGREJA CATÓLICA


A civilização ocidental mergulhou num crise cujo fim se não vislumbra. Será, como nos ensina a História, o fim de mais um Império?

Se a primeira e segunda guerras mundiais foram um teste à sua sobrevivência, o crescimento económico que se lhe seguiu, parecendo imparável, por isso cimento de um progresso a toda a prova, criou a ilusão da Vida Eterna. Contudo, a forma como o Ocidente se posicionou em termos de políticos e económicos perante os interesses de outros povos e civilizações, acabou por lhe granjear cada vez mais inimigos. De África, à América Latina, da Ásia ao Médio Oriente a cada vez maior oposição à forma etnocêntrica, egoísta, como impõe valores, acabou por alertar consciências e promover resistências.

Apesar de todos os estudiosos de economia, de tantos prémios à inteligência dos excepcionais, a verdade é que a actual crise económica e financeira mostra, entre outras coisas, as fragilidades de um desenvolvimento feito sobre os escombros de outras economias. Economias que, cada vez mais conscientes do direito ao desenvolvimento, cientes do poder da juventude da sua força de trabalho, da posse estratégica das matérias-primas, reivindicam o seu quinhão de riqueza.

Ao ver-se obrigada a partilhar, a distribuir os dividendos que até aqui reivindicava, por direito, como seus, o modelo económico ocidental não consegue manter o desenvolvimento prometido como exclusivo dos seus cidadãos.

O desemprego que há décadas europeus e americanos ignoravam, mas quotidiano dos largos milhões de cidadãos excluídos do paraíso, inquieta cada vez mais e chama-nos à realidade. O Sonho parece querer esfumar-se.

Que fazer perante a exigência da partilha pelas outras nações? Uma guerra de proporções universais? Não creio! Apenas nos filmes de Hollywood os vencedores são sempre os mesmos. A realidade dos conflitos recentes mostra-nos o pântano em que se mergulha cada vez que poderosos exércitos invadem nações miseráveis. Homens e máquinas sofisticadas afundam-se na lama com custos que a opinião pública não está disposta a suportar.

A aventura da guerra é, por isso, desaconselhável, até porque, felizmente, os jovens estão cada vez menos interessados em morrer pela pátria e pela bandeira.

Só a morte pela defesa universal da dignidade humana é admissível.


Na Roma Antiga a decrepitude moral do Império ditou-lhe o fim do poder militar e económico. O seu desmoronamento escondeu a Europa, por largos séculos, sob a “noite” medieval. O que resta desse apogeu não passa hoje de aparato de museu, de memória crítica, de orgulho caricato. Infelizmente, para desgraça do Ocidente, o poder político, económico e religioso parece nada ter aprendido com o passado. Há algo de semelhante, de repetitivo, nesta “vã glória de mandar”, nesta tragedia. À miséria económica segue-se o horror da imoralidade, chaga purulenta crescendo dentro do edifício onde se guardam os cânones. Será o fim do poder, a extinção das civilizações uma inevitabilidade para que tudo se possa regenerar?

Não satisfeitos com o “pecado económico”, ganância e especulação de uns poucos, que fez ruir o sonho do desenvolvimento material eterno, eis que os sacerdotes da civilização que durante séculos apregoou, de forma hipócrita, justiça social, igualdade, fraternidade, respeito pelo próximo, caridade, temor a Deus, se revelam como profetas. Tal como aconteceu ao Império Romano, aguarda-se a chegado dos bárbaros, o caos.

A igreja católica, último bastião da moralidade ocidental, desmorona-se perante o desvendar dos horrores escondidos nas alcovas e sacristias dos seus sacerdotes. A cada dia que passa novos casos de abusos sexuais e maus tratos são denunciados, dando a impressão que não se trata de um fenómeno isolado mas de uma prática consentida, persistente, estrutural. E o que assusta, deprime o “povo de Deus” “, é que, ao invés de combater frontalmente o crime, o desvio à Palavra pregada, a hierarquia da igreja preocupa-se em arranjar justificações para o horror da sua pedofilia. “Há pessoas que tentam prejudicar-nos, mas a Igreja conta com a ajuda do Altíssimo”, garante o secretários de Estado do Vaticano, Tarcisio Bertone.

Só agora, perante a pressão da opinião pública, perante o poder da imprensa, se começam a ouvir as vozes discordantes de alguns bispos, denunciando o crime e exigindo a punição segundo as leis dos homens já que justiça divina tarda em cumprir-se. Mas é tarde, a democracia ensinou-nos a conhecer os políticos e a política, a artimanha dos discursos que tudo prometem para que tudo fique na mesma. A igreja, que nunca foi clemente para com aqueles que se lhe opuseram, que o digam as vítimas da Inquisição, as religiões e culturas extintas na sua sanha colonizadora, não pode esperar ser julgada com magnanimidade: quem prega valores morais absolutos tem de se reger por padrões morais absolutos.


AOC




PECADOS DA IGREJA


O sacerdote Marcial Maciel, fundador dos Legionários de Cristo, amigo de João Paulo II, por ele nomeado Guia da Juventude, inveterado violador de menores, pai de meia dúzia de filhos, denunciado a Ratzinguer, teve como castigo retirar-se da Cidade Eterna para uma “vida reservada de oração e penitência”.


No século XVII, Stefano Cherubini, padre e membro de uma família abastada e bem relacionada com o Vaticano, ligado às Escolas Pias, só ao fim de 15 anos viu punida a sua pederastia.


Segundo o Vaticano, serão 20 000 os sacerdotes católicos envolvidos em abusos sexuais de menores.


18 das 27 arquidioceses alemãs estão actualmente a ser investigadas por crimes de pedofilia e maus tratos de menores.


1 479 milhões de euros é o valor das indemnizações pagas pela igreja católica dos Estados Unidos às 11 mil vítimas conhecidas


Países onde estão a decorrer investigações e se abriram processos-crime contra sacerdotes católicos:

Alemanha, Austrália, Áustria, Brasil, Canadá, Espanha, Estados Unidos, Holanda, Irlanda, Itália, Portugal, Suiça


Até 2001 foram, pelo menos, comunicados 3 000 casos de abusos sexuais ao Vaticano.


O jornal “New York Times” divulgou documentos da Igreja que provam que altos responsáveis do Vaticano, incluindo o Papa, encobriram o caso de um padre norte-americano que abusou sexualmente de mais de 200 rapazes. Segundo o jornal, este foi um dos milhares de casos denunciados à Congregação para a Doutrina da Fé, dirigido entre 1981 e 2005 pelo cardel Ratzinguer e encobertos.



1 comentário:

Anónimo disse...

Hereges, Pederastas, Assassinos, Incestuosos-Papas Malditos

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