quinta-feira, 6 de setembro de 2012
O MOINHO E A CRUZ - THE MILL AND THE CROSS
Carissimi,
passou em boa parte despercebido um filme interessante que visita, explora e vivifica um célebre quadro de Peter Bruegel, "O moinho e a cruz".
obra de arte sobre obra de arte, o filme procura, mostra e ensina a procurar o que o pintor flamengo procura, mostra e ensina a procurar: o que vemos quando observamos uma pintura ou uma obra de arte em geral? a narrativa exposta? as intenções do pintor ou autor? o próprio autor, a sua relação com o mundo, a sua concepção de arte, a sua personalidade e cultura, a sua comunidade, tempo e circunstâncias?
na realidade, múltiplos são os caminhos a percorrer para conseguirmos descobrir e entender a profusão de pormenores, a intencionalidade da sua construção, os significados múltiplos e por vezes ocultos que uma pintura revela, encerra ou entreabre a quem saiba e queira olhar com olhos de ver, quer o que lá está mas nos escapa à atenção, quer o que se insinua e exige a nossa entrega e participação
há também a diversidade de universos culturais que filtram os modos de ver os episódios relatados, ora nos tempos em que ocorreram, ora à luz da época da concepção e realização da pintura, ora face ao quadro do momento da produção do filme, afinal o tempo que vivemos e bem sabemos em acelerada ebulição
a natureza deste filme e as suas condições de produção (película) requerem o visionamento em cinema para não se perder o esplendor da visão espacial e cromática, além do ambiente especial que o vídeo ou a TV não podem oferecer, e ainda a ocasião convivial que importa fruir e partilhar
(António Marrachinho)
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