Rússia vai vetar qualquer iniciativa de intervenção militar na Síria
Publicado às 10.23
JORNAL DE NOTÍCIAS
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A Rússia vai vetar qualquer iniciativa sobre uma intervenção militar estrangeira na Síria que seja levada ao Conselho de Segurança da ONU, e considera que foi precipitada a convocação de uma reunião do Conselho de Segurança da ONU.
"Sempre dissemos que estamos categoricamente contra qualquer ingerência no conflito sírio, porque isso só agravaria a situação e teria consequências imprevisíveis, tanto para a Síria como para toda a região", declarou o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, Guennadi Gatílov.
O diplomata russo respondeu assim ao novo Presidente francês, François Hollande, que não exclui uma intervenção armada na Síria para pôr fim à repressão do regime de Bashar al-Assad, desde que esta seja coordenada pelo Conselho de Segurança da ONU.
A Rússia anunciou, ainda, que está contra a convocação de uma nova reunião do Conselho de Segurança (CS) da ONU sobre a Síria nos tempos mais próximos e contra a medida de ações suplementares de pressão sobre Damasco.
"A declaração do presidente do CS da ONU à imprensa sobre os acontecimentos trágicos em Houla, aprovada e publicada após a reunião extraordinbária do CS da ONU sobre a Síria, foi um sinal suficientemente forte para as partes sírias e é uma reação suficiente face aos últimos acontecimentos no país", declarou hoje o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Guennadi Gatílov.
"Por isso consideramos que seria precipitado analisar no CS quaisquer medidas novas de ação", frisou o governante russo, ao comentar as declarações de Guido Westerwelle, ministro dos Negócios Estrangeiros alemão.
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A violência na Síria causou 98 mortos na terça-feira, dos quais 61 eram civis, nove opositores armados e 28 soldados governamentais, anunciou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos.
Em contacto telefónico com a AFP, o presidente da organização, Rami Abdel Rahmane, deu conta da realização de outro massacre, de 13 civis, na manhã de terça-feira na região de Deir Ezzor, no Noroeste sírio.
"Eles [as vítimas] foram executados com uma bala na cabeça, segundo as primeiras informações provenientes do local", declarou, apelando aos observadores da Organização das Nações Unidas para que se desloquem ao sítio, para inquirirem sobre este presumível massacre e identificarem os autores.
A violência durante o dia de terça-feira ocorreu, em particular, durante bombardeamentos e confrontos entre rebeldes e exército regular, especificou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
Em 14 meses, a violência na Síria fez mais de 13 mil mortos, dos quais 1.800 desde o início da trégua instaurada em teoria no dia 12 de abril, segundo o OSDH.
Na terça-feira, o mediador internacional Kofi Annan reuniu-se com o presidente sírio, Bachar al-Assad, pedindo-lhe "medidas corajosas agora", para acabar com a violência, invocando um "momento charneira" depois do massacre de Houla, que provocou uma onda de indignação internacional.
Mais de 100 pessoas, entre as quais uma cinquentena de crianças, foram mortas em Houla, na sexta-feira e no sábado, e cerca de 300 outras feridas, segundo os observadores da Organização das Nações Unidas no terreno.
Japão alinha na pressão à Síria e expulsa embaixador em Tóquio
O Japão ordenou a saída do embaixador sírio em Tóquio, informou, esta quarta-feira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros, a exemplo de outros países que iniciaram as expulsões de diplomatas japoneses em protesto contra o massacre em Houla no domingo.
O governo japonês pediu a Mohamed Ghassan Al Habash para partir "o mais rápido possível", disse um responsável à AFP.
"Esta é uma ação para demonstrar o protesto do Japão contra a Síria, não só pela violência, mas também pelas últimas violações graves dos direitos humanos", disse.
"O governo japonês tomou esta decisão em coordenação com outros estados", acrescentou.
Na terça-feira, a Austrália, Reino Unido, Canadá, França, Alemanha, Itália, Espanha e os Estados Unidos expulsaram os diplomatas sírios dos seus países, aumentando a pressão sobre o regime do presidente Bashar al-Assad.
As expulsões seguiram-se ao massacre na cidade de Houla, que causou pelo menos 108 mortos, incluindo 49 crianças, de acordo com as Nações Unidas.