terça-feira, 3 de novembro de 2009
Aos órgãos da Comunicação Social:
A Associação Ateísta Portuguesa (AAP), perante os ataques agressivos e a linguagem intimidatória usada por altos dignitrios das Igrejas, contra o escritor José Saramago e o seu novo livro «Caim» elaborou um comunicado em que apela à moderação e para o qual solicita a atenção da comunicação social e pede a sua divulgação.
Antecipadamente gratos,
Apresentamos os nossos melhores cumprimentos.
Carlos Esperança
COMUNICADO
A Associação Ateísta Portuguesa (AAP), sem se pronunciar sobre assuntos literários ou estéticos, que não são da sua competência, tendo sobre o Antigo Testamento a mesma opinião de José Saramago, vem publicamente manifestar a sua posição sobre a polémica em curso, na sequência da publicação do livro «Caim».
Não é, todavia, a identidade de pontos de vista, quanto à Bíblia, que leva esta Associação a solidarizar-se com o Nobel da Literatura. A sua opinião é para nós, que defendemos a liberdade de expressão, tão legítima como a sua contrária.
O que leva a AAP a solidarizar-se com Saramago é a cruzada que os meios católicos mais intolerantes já puseram em marcha. Os judeus vieram igualmente com ataques agressivos e usando uma linguagem exaltada. O presidente da Comunidade Islâmica de Lisboa, Abdool Vakil, já afirmou que “os livros sagrados e a religião têm de ser respeitados”, o que se afigura uma ameaça face aos frequentes exemplos mundiais de atropelos do Islão à liberdade.
Numa sociedade livre e democrática é tão legítima a liberdade criativa de um grande escritor como as tolices bíblicas dos crentes. O que não é tolerável é o clima de intimidação e a linguagem agressiva que já sopra das igrejas, mesquitas e sinagogas.
A liberdade é uma bênção conquistada contra o desejo dos clérigos que sempre a combateram. É uma herança do Iluminismo que nenhum pretexto pode servir para pôr em causa.
Assim, a AAP manifesta a José Saramago a sua simpatia na luta contra o obscurantismo e aconselha os trauliteiros profissionais a ler o Antigo Testamento. Talvez passem a envergonhar-se das ideias que professam e, sobretudo, da violência com que as querem impor.
José Saramago é um escritor de talento reconhecido mundialmente e que, sendo ateu, frequentemente desperta críticas de figuras religiosas contra a sua prosa. A AAP compreende estas reacções e defende o direito à crítica, ao diálogo e à expressão das crenças de todos, sejam ateus ou religiosos, sejam escritores ou sacerdotes. A liberdade de expressão é fundamental para o convívio saudável das crenças e descrenças que compõem a nossa sociedade.
No entanto, a AAP lamenta as críticas dirigidas à pessoa de Saramago em vez de focarem o que ele escreveu e que, aparentemente, a maioria dos críticos nem sequer leu. Sugerem, inclusive, que Saramago mude de nacionalidade, que a «densidade de leitura» da Bíblia está fora da sua capacidade e que as suas declarações são «cretinas».
Estas críticas têm demonstrado que, para muitos religiosos, importa mais respeitar crenças que pessoas, justificando-se atacar quem lhes diga mal das crenças. É uma perigosa inversão de valores, pois são as pessoas que têm sentimentos, que têm direitos e que existem para os seus próprios fins. As crenças são apenas ideias abstractas que podemos aceitar ou rejeitar conforme quisermos.
Revelam também, estes ataques a Saramago, a incapacidade de refutar racionalmente as afirmações do escritor. Foi notória a falta de explicações por parte de quem se limitou a apontar defeitos a Saramago e a dizer que a Bíblia é muito complicada.
Ninguém explica por que motivo nos deve inspirar em vez de preocupar a demente decisão de Abraão, disposto a matar o seu filho em nome da religião. Ou o que o sofrimento de Jó demonstra, por uma aposta divina, além da terrível injustiça.
Por isso a AAP apela aos críticos de Saramago que se cinjam às declarações deste, que expliquem a sua posição e que participem no diálogo de uma forma racional. Que não confundam críticas a crenças com críticas a pessoas; cada um é o que é mas todos, mesmo com alguma dificuldade, somos capazes de mudar de crenças.
Acima de tudo, a AAP apela para que se aproveite esta polémica para dar um bom exemplo de como debater ideias e conviver com quem pensa de forma diferente.
Associação Ateísta Portuguesa – Odivelas, 23 de Outubro de 2009
Carlos Esperança
4ª MOSTRA DE CINEMA BRASILEIRO
PROGRAMA
Dia 5: Inauguração21h30 - “Juventude” de Domingos de OliveiraBrasil, 2008, Drama, 72 min.
Dia 6:16h00 - “Romance” de Guel ArraesBrasil, 2008, Drama, 105 min.
18h30 - “Santiago” de João Moreira SallesBrasil, 2007, Documentário, 80 min.
21h – “Chega de Saudade” de Laís BodanzkyBrasil, 2008, Drama, 92 min.
23h - “Meu nome não é Johnny “ de Mauro LimaBrasil, 2008, Drama, 128 min.
Dia 7:16h00 – “Feminices” de Domingos de OliveiraBrasil, 2005, Comédia, 72 min.
18h30 – “Separações” de Domingos de OliveiraBrasil, 2003, Comédia Romântica, 116 min.
21h00 - “Juventude” de Domingos de OliveiraBrasil, 2008, Drama, 72 min.Seguido de conversa com o realizador.
23h - “Carreiras” de Domingos de OliveiraBrasil, 2005, Drama, 72 min.
Dia 8:16h00 – “O Auto da Compadecida“ de Guel ArraesBrasil, 2000, Comédia, 104 min.
18h30 - “Tapete Vermelho” de Luiz Alberto PereiraBrasil, 2006, Comédia, 100 min.
20h30 - Apresentação de "A Festa da Menina Morta" pelo Realizador21h – “A Festa da Menina Morta” de Matheus NachtergaeleBrasil, 2008, Drama, 110 min. M18
23h00 – “A Concepção” de José Eduardo BelmonteBrasil, 2006, Drama, 96 min. M18
Bilhetes à venda na Bilheteira do Cinema São Jorge (Av. da Liberdade, nº 175, Lisboa) a partir de 18 de Outubro. Reservas: 21 310 34 00. Mais informação emwww.fund-luso-brasileira.org