Banca. Lucro no mercado angolano triplica durante a crise
Por Sandra Almeida Simões, publicado em 23 Ago 2012.
Angola é cada vez mais relevante para a banca portuguesa, sobretudo devido à maturidade do mercado doméstico e ao clima de recessão
Os bancos portugueses têm aproveitado a oportunidade proporcionada pelo crescimento do mercado angolano. Nos últimos quatro anos, período marcado por uma conjuntura de crise económica e financeira, as operações angolanas dos bancos portugueses com maior exposição a este país – BCP, BES e BPI – viram o lucro conjunto crescer 82%, de 96,3 milhões de euros para 175,2 milhões.
Considerando apenas as contas do Millennium Angola e do Banco Espírito Santo Angola (BESA), o resultado líquido mais do que triplicou entre Junho de 2008 e o final do primeiro semestre deste ano. O lucro do BCP e do BES em Angola disparou de 39,7 milhões de euros para 138,3 milhões. Já o contributo do Banco de Fomento Angola (BFA) para o lucro consolidado do BPI, que corresponde a uma apropriação de 50,1% do lucro individual do BFA, ascendeu a 36,9 milhões de euros no primeiro semestre deste ano. Este montante representa uma quebra face aos 56,6 milhões de euros registados em Junho de 2008.
As operações angolanas têm um elevado contributo no lucro consolidado das instituições nacionais, compensando muitas vezes o fraco desempenho no mercado português. E a tendência é para que, à semelhança de outras economias emergentes, o peso seja cada vez mais significativo, devido à contracção da economia nacional. No primeiro semestre deste ano, só o BPI e o Santander Totta registaram lucros no mercado doméstico. Contudo, também a actividade internacional registou um abrandamento de Janeiro a Junho.
BCP, BES e BPI são os bancos onde Angola tem um peso relevante, por oposição à CGD/Totta, onde o contributo é ainda pouco expressivo. O Banco Caixa Geral Totta Angola (BCGTA, antes Totta de Angola) é detido em 51% pelo banco estatal e pelo Santander Totta e em 25% pela Sonangol – a qual também tem participações no BCP e no BFA –, e o restante capital está nas mãos de dois investidores privados angolanos. Nas contas do primeiro semestre, a CGD destaca o contributo do BCGTA em Angola, com um resultado líquido de 4,4 milhões de euros.
As operações do BES e do BPI são as que mais têm contribuído para números globais do grupo. No entanto, é o BFA, do BPI, quem tem a operação mais antiga naquele mercado e também a mais representativa. A instituição de Fernando Ulrich concluiu, recorde-se, a venda de 49,9% à Unitel em Dezembro de 2008. O BFA tinha, em Junho deste ano, 993 mil clientes, e uma quota de mercado em recursos de 15,1% em Maio de 2012, a que corresponde a terceira posição no mercado angolano.
O BCP só chegou em 2006 a Angola, tendo alienado 49,9% do Millennium Angola à Sonangol e ao Banco Privado Atlântico em 2008.
A aquisição do Finibanco permitiu ao Montepio alargar a presença a mercados internacionais, nomeadamente para Angola. De acordo com os últimos dados disponíveis, a actividade em Angola contribuiu com cinco milhões de euros para as contas do Montepio no final de 2011.
A previsão de crescimento de 6,8% do PIB angolano este ano continua a justificar a orientação da banca nacional para este mercado, onde a aposta recai no crescimento orgânico.
(IN JORNAL I)
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