Chamava-se Américo Cardoso Botelho e tinha 92 anos.
Morreu esta segunda-feira em Lisboa.
Era engenheiro de profissão e viveu mais de 3 anos nos calabouços da DISA, entre 1977-1980.
A sua maior proeza não foi sequer o livro que publicou 27 anos depois de ter sido libertado. (A fotografia do lado tem mais ou menos essa idade)
A sua maior proeza foi ter conseguido pôr cá fora, durante o tempo que esteve preso, ludibriando completamente a vigilância dos carcereiros também conhecidos por "conduzes" (eles não gostavam de ser chamados pelo primeiro nome talvez por ter conotações com o colonialismo opressor), todos os "apontamentos de reportagem" que foi tirando e que lhe permitiram depois dar corpo ao seu monumental "Holocausto" com mais de 600 páginas.
Muito mais do que os presos, os papéis escritos eram os maiores inimigos da secreta angolana.
Como se veio a comprovar com este livro, a DISA estava coberta de razão.
Com todas as imprecisões que possa ter, a versão angolana do "Holocausto", mais do que um livro para enfeitar estantes, é um precioso e muito útil manual de memória.
De uma memória que todos os dias perdemos um bocado.
Com o Holocausto nas nossas mãos este perigo deixou de ser tão dramático pelo menos em relação aos nossos anos de chumbo.
(http://www.holocaustoemangola.com/)
PS-1: O IV Encontro Internacional sobre a História de Angola que decorreu a semana passada em Luanda teve na abordagem do papel da memória, o seu tema dominante.
O Holocausto é sobretudo memória, memória de um tempo que a história vai ter de contar mais tarde ou mais cedo com o rigôr e a abrangência que a disciplina exige de quem com ela trabalha.
Nessa altura o "Holocausto em Angola" será sem dúvidas uma referência obrigatória e de primeira linha que os especialistas terão necessariamente de consultar, senão nos quiserem contar ou impingir histórias da carochinha, como algumas que andam por aí.
No Holocausto há por exemplo subsídios muito interessantes para quem um dia destes estiver interessado em escrever sobre a história da tortura política na Angola do pós-independência.
Morreu esta segunda-feira em Lisboa.
Era engenheiro de profissão e viveu mais de 3 anos nos calabouços da DISA, entre 1977-1980.
A sua maior proeza não foi sequer o livro que publicou 27 anos depois de ter sido libertado. (A fotografia do lado tem mais ou menos essa idade)
A sua maior proeza foi ter conseguido pôr cá fora, durante o tempo que esteve preso, ludibriando completamente a vigilância dos carcereiros também conhecidos por "conduzes" (eles não gostavam de ser chamados pelo primeiro nome talvez por ter conotações com o colonialismo opressor), todos os "apontamentos de reportagem" que foi tirando e que lhe permitiram depois dar corpo ao seu monumental "Holocausto" com mais de 600 páginas.
Muito mais do que os presos, os papéis escritos eram os maiores inimigos da secreta angolana.
Como se veio a comprovar com este livro, a DISA estava coberta de razão.
Com todas as imprecisões que possa ter, a versão angolana do "Holocausto", mais do que um livro para enfeitar estantes, é um precioso e muito útil manual de memória.
De uma memória que todos os dias perdemos um bocado.
Com o Holocausto nas nossas mãos este perigo deixou de ser tão dramático pelo menos em relação aos nossos anos de chumbo.
(http://www.holocaustoemangola.com/)
PS-1: O IV Encontro Internacional sobre a História de Angola que decorreu a semana passada em Luanda teve na abordagem do papel da memória, o seu tema dominante.
O Holocausto é sobretudo memória, memória de um tempo que a história vai ter de contar mais tarde ou mais cedo com o rigôr e a abrangência que a disciplina exige de quem com ela trabalha.
Nessa altura o "Holocausto em Angola" será sem dúvidas uma referência obrigatória e de primeira linha que os especialistas terão necessariamente de consultar, senão nos quiserem contar ou impingir histórias da carochinha, como algumas que andam por aí.
No Holocausto há por exemplo subsídios muito interessantes para quem um dia destes estiver interessado em escrever sobre a história da tortura política na Angola do pós-independência.
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