O alemão levantou-se e foi ter comJesus Cristo. Era cego de um olho e exigiu que ele lhe desse visão.O milagre foi feito.
O português, sabendo disto tudo, não se mexeu. Jesus Cristo, intrigado por o não procurar, foi ter com ele e colocou-lhe a mão no ombro.O português levantou-se,deu um salto, gritando-lhe:-Tira a mãode cima de mim,que eu estou de baixa!

nada se tem visto no terreno, estando nós entretidos com a campanha eleitoral.
A tentação é culpar os políticos. E eu já o fiz muitas vezes nesta coluna de opinião.Dizer que são uns malandros, que nos puseram nesta situação e que muito dificilmente vão conseguir evitar que o nosso País passe pela humilhação de ter de reestruturar a dívida. Mas não chega. Os nossos políticos não
vêm da “politicolândia”. Vêm de Portugal. A indisciplina, o desenrascanço,o deixar tudo para a última,o“deixaandar”,o “logo se vê”, o “vai-se fazendo” faz parte da nossa cultura.
Nós não somos alemães. Um alemão orgulha-se de dizer que pagou os seus impostos.Nós dizemos, com algum embaraço e resignação, que este ano não conseguimos fugir aos impostos.

A prova desta nossa mentalidade, deste “fazer tudo em cima do joelho” e da nossa indisciplina é a trapalhada de ontem com os impostos, que obrigou as Finanças a alargar os prazos de pagamento. E de quem é a culpa? De uns senhores incompetentes que lá estão e que fizeram coincidir os prazos

Se não mudarmos de vida, todos–políticos e cidadãos–desta vez nem a nossa famigerada capacidade de desenrascanço nos pode valer. Porque o cumprir com o programa da ‘troika’não depende apenas do Sr. Passos, do Sr. Sócrates, do Sr. Portas e Companhia Ldª. Depende de todos nós, cada um com o seu
grau de responsabilidade. Já diz o provérbio: “Cada um varra a frente de sua porta e num instante a rua ficará limpa”.■
Opinião de PEDRO SOUSA CARVALHO, sub-director do Diário Económico
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