quarta-feira, 28 de março de 2012

terça-feira, 27 de março de 2012

O PAI DE MOHAMED MERAH PROCESSA ESTADO FRANCÊS

PESSOAS ASSASSINADAS NA ESCOLA JUDAICA

O pai de Mohamed Merah, o alegado assassino em série abatido na quinta-feira em Toulouse, anunciou, esta segunda-feira, que pretende processar o Estado francês "por ter matado" o seu filho.

"Quero contratar os melhores advogados e trabalhar o resto da minha vida para lhes pagar. Quero apresentar queixa contra a França por ter matado o meu filho", afirmou à AFP Mohamed Benalel Merah.

"A França é um grande país, que tinha meios para parar o meu filho vivo. Eles podiam tê-lo derrubado com gás e pará-lo, mas preferiram matá-lo", disse ainda.

Mohamed Merah, de 23 anos, foi morto na quinta-feira numa operação de uma unidade de elite da polícia francesa no seu apartamento, em Toulouse, depois de um cerco de 32 horas.

Segundo a polícia, Merah admitiu ter assassinado sete pessoas na região de Toulouse, na semana passada, sendo três militares de origem magrebina, um professor e três crianças de um escola judaica.
MOHAMED MERAH

ANGOLA -REVISTA "ÁFRICA 21": CRÓNICA DA TERRA

crónica da terra





Paradoxos
Muito do que tenho procurado expressar sobre os descaminhos da condução do país foi admiravelmente tratado por Mia Couto quando recentemente falava numa instituição de ensino moçambicana sobre a cegueira coletiva e a aprendizagem da insensibilidade
Fernando Pacheco

Disse Mia Couto, entre outros empolgantes temas e por outras palavras, que a maior pobreza de Moçambique era a de ideias e que o país era conduzido como conduzem os nossos  candongueiros» (táxis coletivos), isto é, sem cumprirem as leis e regras do trânsito e sem respeito pelos outros, sejam passageiros ou transeuntes ou condutores de outros veículos.
Ao acompanhar pela comunicação social a visita presidencial à cidade do Dundo, na Lunda
Norte, em 9 de março, recordei Mia Couto e senti-me amargurado perante o que tanto entusiasmava
os jornalistas dos órgãos públicos, ao enaltecerem o que consideraram desenvolvimento nunca visto naquelas paragens.

A Lunda Norte foi o centro da atividade da Diamang, sociedade que tinha o monopólio da produção diamantífera em Angola até quase às vésperas da independência. Todos sabemos o que de mau aquela empresa representou para os angolanos em geral e para a população local em particular. Mas se queremos comparações, temos de saber que a companhia também desenvolveu a produção agropecuária de modo notável do ponto de vista técnico, com base na cultura de arroz (introduzida pelos portugueses com ajuda de ambaquistas ainda no século XIX) e na criação de bovinos, atingindo mais de 25 mil cabeças, fundamentalmente com base na aquisição de gado no sul do país (e não na importação como agora se faz) e com impressionantes índices de aproveitamento dos pastos naturais. Ademais, a cidade do Dundo, uma urbe racialmente segregada, era muito avançada para a época do ponto de vista arquitetónico, com todos os edifícios com um único andar construídos com material adequado às condições climáticas.

A região é o núcleo duro da ação do Partido da Renovação Social, que tem procurado tirar proveito das políticas governamentais ao capitalizar o descontentamento da população pelo facto de não estar a beneficiar dos diamantes, sendo atualmente o terceiro partido em número de deputados na Assembleia Nacional. A estratégia do executivo para reverter a situação, tem-se revelado inadequada. Em vez de fortalecer as instituições e estimular o empresariado e consequentemente o emprego – fiz parte de um grupo de técnicos que propôs há alguns anos ações simples como a transferência das sedes das
empresas diamantíferas que operam na província de Luanda para o Dundo, a reparação das estradas secundárias e a reativação das culturas de mandioca e arroz numa base tecnológica mais avançada –
em vez disso, dizia, o governo optou por gastar rios de dinheiro em projetos sem sustentabilidade, e bastou ouvir na Televisão Pública um responsável chinês sobre as dificuldades logísticas para
se chegar a tal conclusão.

MODELO DESADEQUADO

A visita presidencial permitiu divulgar a nova centralidade da Lunda Norte, inspirada no modelo de urbanização chinês (alguns dos prédios têm 18 andares numa região em que espaço é o que mais abunda) com centenas de edifícios num total de 20 mil apartamentos bque estarão concluídos em 2020.
Não é necessário ser um especialista na matéria para concluir que o modelo é totalmente desadequado às condições climáticas e culturais da região, sem estradas e onde a pobreza e o desemprego campeiam, e adivinhar as dificuldades de combustível para alimentar 27 geradores de 250 a 540 kva. Também foi inaugurado o empreendimento de Cacanda, com um investimento de 29 milhões de dólares, para produzir vegetais, ovos e carne de vaca.

O espaço não me permite alongar-me (já o fiz noutro jornal), mas sou forçado a dizer que não
estou nada otimista em relação a este projeto outro projeto, pois uma vez mais foi ignorada a
realidade local e as lições da história, e poderá vir a ser um insucesso igual a outros. Com este tipo
de projetos, os já quase desérticos municípios da Lunda Norte ficarão à mercê de quem apenas
está interessado na exploração de diamantes.

O que tem isto a ver com Mia Couto? A atual política de desenvolvimento da economia angolana
não petrolífera constitui um conjunto de paradoxos.

Interpretando uma expectativa das elites (criada pelo novo-riquismo e alimentada pela propaganda
que nos pretende colocar ao nível do que se faz de melhor em África e no mundo quando ainda
não resolvemos questões básicas como água, energia e estradas), as lideranças angolanas querem
andar depressa para que Angola seja uma potência emergente (ver edição de fevereiro da África21).
Por isso o modelo chinês é atraente e muita gente acha que prédios altos são um indicador de
poder, enganosamente igual ao dos europeus. Há alguns anos o presidente da República defendeu
que Angola devia aproximar-se nos vinte anos seguintes dos níveis de desenvolvimento da África
do Sul e do Brasil. Não é impossível, mas extremamente difícil, e muito mais se tivermos em
conta a diferença abissal em infraestruturas e recursos humanos no ponto de partida.

Perante a falta de capacidades que os mais avisados reconhecem, a modernização acelerada
de Angola só será possível com recurso a expatriados.
Países como o Brasil e a África do Sul, como outros, só conseguiram chegar onde chegaram
com políticas de imigração ousadas. Ora aqui se revela um dos paradoxos. As elites angolanas não
são suficientemente humildes para reconhecerem as suas limitações, acreditam que não precisamos
de expatriados, e isso explica a confusa política em relação à mão de obra estrangeira e alimenta
a xenofobia. Mas o desenvolvimento que se projeta para a Lunda Norte e para muitas outras regiões
e setores repousa essencialmente na mão de obra estrangeira. Como é que fica?

Quando falo de desenvolvimento sustentável, pretendo dizer, entre outras coisas, e na linha de
pensamento de Mia Couto, que a condução do país tem de ser diferente da dos táxis coletivos,
pois tem de obedecer a regras e a leis de trânsito e tem de respeitar os transportados, pois eles pagam
para isso e também são pessoas e cidadãos.

Ainda vamos a tempo de darmos uma efetiva prioridade ao combate à pobreza no sentido mais
amplo do conceito e de evitarmos a banalização das injustiças, doutro modo cairemos na cegueira
coletiva de que fala Mia Couto, com consequências imprevisíveis.

Artigo de Fernando Pacheco publicado na Revista "África 21" de Abril de 2012


HUMOR EM TEMPO DE CRISE: FARDOS

ANGOLA, O PODER DO KWANZA NA ECONOMIA PORTUGUESA


O poder do kwanza, manchete na revista portuguesa “Visão”
www.circuloangolanointelectual.com/

«O poder de Angola em Portugal é mais o poder dos angolanos do que o poder de Angola. Estamos a falar de estratégias pessoais de membros da nomenclatura e não, propriamente, de uma estratégia de Estado». Investimentos do Estado e de empresários angolanos em Portugal hoje como capa da revista portuguesa “Visaõ”,não é nada que já não soubéssemos, mas vale a pena ler em pormenor as negociatas que os angolanos mais abastados fazem em Portugal.

Ordem para comprar em Portugal, a força do Kwanza

A estratégia angolana para ganhar influência na banca ,energia,telecomunicações e comunicação social,tendo como alvos preferenciais,a GALP,ZON,BCP e muitas mais,a falta de dinheiro em Portugale a abundância de liquidez em Angola,explicam uma tendência de investimentos nos próximos meses,Banca, energia, telecomunicações e comunicação social têm sido as principais apostas dos investidores angolanos em Portugal. Agora, começam a entrar também na construção e no setor alimentar,a apetência angolana para as empresas portuguesas vai aumentando ao sabor da crise

Um pequeno extracto do grande e longo artigo da revista portuguesa” Visão”

“Entram devagar, através da compra de pequenas participações no capital de uma empresa. Depois, esperam que a empresa ou algum outro accionista tenha necessidade de dinheiro, algo que não falta aos grandes investidores angolanos. Aos poucos, vão reforçando as suas participações até conseguirem ascender a uma posição dominante, nomear administradores e assumir o poder.

A banca, símbolo inequívoco de poder em Angola tem posições significativas em vários instituições financeiras portuguesas , não é o único alvo do interesse africano. Outros sectores são objecto da atenção de cada vez mais investidores, próximos do poder político angolano, concentrado no Presidente José Eduardo dos Santos, mas com estratégias próprias, menos concertadas do que possa parecer à primeira vista. Há tomadas de posição na comunicação social, na energia e até no sector agro-industrial a mais recente aquisição angolana é a Central de Frutas do Painho. O negócio tem por trás Tchizé dos Santos, uma das filhas do Presidente de Angola. Não é, contudo, o primeiro caso no sector. Nos últimos anos, têm passado para mãos angolanas várias quintas, em quase todo o território nacional, desde o Douro até ao Algarve. «O vinho e o azeite são produtos com uma grande procura e que atingem preços exorbitantes em Luanda. Por essa razão, alguns angolanos decidiram comprar quintas produtoras, em Portugal, e, deste modo, controlar todo o processo de um negócio garantido», diz um empresário de import-expor.”

«Se olharmos para os accionistas de referência do BCP, a Sonangol é o único, ou dos poucos, que tem a sua participação alicerçada em capitais próprios. Os restantes estão assentes em capitais financiados pelos bancos, como é o caso de Teixeira Duarte, Manuel Fino ou Joe Berardo», re- fleteum antigo quadro do banco. «Com a escassez de crédito, e com a banca a enfrentar sérias dificuldades de financiamento, o poder destes accionistas é quase nulo. As decisões são, por vezes, tomadas entre o banco credor de cada accionista e a Sonangol»

“Os interesses angolanos não se esgotam no BCP. Isabel dos Santos, filha do Presidente angolano, controla, através da Santoro Finance, 9,99% do BPI, sendo, actualmente, a terceira maior accionista, logo a seguir aos espanhóis do La Caixa e aos brasileiros do grupo Itaú.

A empresária detém, ainda, 25% do Banco BlC Angola, que venceu o processo de reprivatização do Banco Português de Negócios.

Existe outro banco, mais discreto, onde a influência angolana também já se sente, desde 2007. O general Hélder Vieira Dias, conhecido como Kopelipa, já é o quarto maior accionista do BIG. Começou com uma posição de 4,4%, aumentou para 7,9%, em 2009, e já controla 8,37 por cento. E há mais Angola no BIG: a Edimo dispõe de uma participação de 4,9 por cento.”

“Noutra área de atividade, a Newshold, empresa controlada a 91,25% pela Pine- view Overseas, SA, sediada na cidade do Panamá, tem participações em vários grupos de comunicação social portu-gueses. Controla, oficialmente, mais de 15% da Cofina – dona de títulos como Record, Correio da Manhã e Jornal de Negócios, entre outros mas, segundo fontes do mercado, a participação real, poderá «ultrapassar os 22 por cento». Como? «Através de veículos financeiros sediados noutros países» O mesmo acontece com a Impresa, que detém a VISÃO, o Expresso e a SIC. Um operador garantiu à VISÃO que a Newshold já detém 1,7% da empresa liderada por Francisco Pinto Balsemão e que está em negociações com o Grupo Ongoing paracomprar os 23% da família Vasconcellos. «O preço tem sido a única condicionante deste negócio. Poderá seruma questão de tempo, até que acertem posições», garante a mesma fonte.O semanário Sol também já faz parte do portefólio da companhiaangolana, que detém 89,12% das acções daquele jornal.”

“No fundo, os políticos são os «facilitadores» dos negócios .E quanto mais ligações bilaterais tiverem, melhor. É por isso que uma das fontes que a VISÃO ouviu em Angola recorda o facto de Passos Coelho ter dito, em campanha, que era «o mais africano de todos os candidatos». E os angolanos que contam também já repararam que este novo Governo de coligação tem o chamado «lóbi de Angola», uma espécie de lóbi afectivoque inclui Miguel Relvas e Pedro Passos Coelho, que viveram ern Angola, e Paula Teixeira da Cruz e Assunção Cristas, nascidas em Luanda. Mas se, do lado de cá, vários políticos podem ter tido papéis ativos no fortalecimento das relações bilaterais,do lado de lá não há muita margem de manobra. «Em Angola, nada se passa sem oconhecimento do Presidente. Ele é o centro do poder, também nos negócios», assume um social-democrata José Eduardo dos Santos centraliza tudoque é importante em si ou nas pessoas da sua absoluta confiança.

Mas, como refere outro analista, «O poder de Angola emPortugal é mais o poder dos angolanos do que o poder de Angola. Estamos a falar de estratégias pessoais de membros da nomenclatura e não, propriamente, de uma estratégia de Estado». O tempo o dirá.”

Extractos do artigo “O poder do Kwanza”

Fonte:Revista “Visão”

segunda-feira, 26 de março de 2012

O IPAD QUE A FILHA OFERECEU AO PAI

Como o filme é em Alemão, cá vai a tradução da conversa entre filha e pai….
TRADUÇÃO (não sei se será assim, mas pode aplicar-se):
“Pai, gostas do iPad que te oferecemos no dia do pai?
“Sim, muito!”
“E as aplicações, não te criam problemas?
”“Não, nenhuns!”...

RISADARIA-RICARDO ARAÚJO PEREIRA

HOTEL AXIS VIANA - UMA DAS MARAVILHAS DA ARQUITECTURA

Axis Viana entre os 11 melhores hotéis do mundo pela revista Budget Travel
22 de Março de 2012, por Ana Rita Sevilha


O Axis Viana, pertencente ao Grupo Axis Hotéis & Golfe, está entre os 11 hotéis eleitos pela revista norte-americana Budget Travel – uma das mais reputadas na área de turismo e viagens, como uma das “maravilhas da arquitectura”.

A revista seleccionou as unidades hoteleiras, abertas nos últimos quatro anos por todo o mundo, que mais se destacam pela beleza da construção, e entre as quais se encontram, por exemplo, o Jumeirah at Etihad Towers Hotel (Abu Dabi), o Southern Ocean Lodge (ilha Kanguru, Austrália), o Hotel Americano (Nova Iorque), ou Marina Bay Sands (Singapura).

No artigo a Budget Travel destaca o Axis Viana como um dos hotéis “com arquitectura e design mais marcantes e inspiradores, em todo mundo. A revista evidencia a construção em forma de lego do hotel português – da autoria do arquitecto Jorge Albuquerque – que, já em 2009, havia sido referido pela Wallpaper como um dos expoentes máximos da ‘nova’ imagem de Viana do Castelo, eleita a ‘Meca da Arquitectura’ pela revista londrina”.

A revista norte-americana salienta os traços arquitectónicos contemporâneos do Axis Viana – “evidenciando a conjugação do vidro, alumínio e pedra –, assim como a piscina exterior do hotel e a vista única sobre o rio Lima e o Monte de Sta. Luzia”.

Considerado um dos mais arrojados projectos da hotelaria nacional, o hotel Axis Viana resultou de um investimento na ordem dos 12 milhões de euros e desde a sua abertura, em 2008, tem despertado o interesse de inúmeros especialistas na área do design e arquitectura.

A UNIÃO FAZ A FORÇA



UM GOVERNO FRACO FAZ FRACA A FORTE GENTE

COMO DISPERSAR MANIFESTAÇÕES


ALMANAQUE BERTRAND DE 1908

PARA DISPERSAR OS AJUNTAMENTOS, SERIA BOA IDEIA A POLÍCIA FAZER PEDITÓRIO.

"GLOBO REPÓRTER" ENALTECE A GASTRONOMIA PORTUGUESA


'Globo Repórter' enaltece gastronomia portuguesa
por Ana Filipe SilveiraOntem

O correspondente em Lisboa Pedro Bassan Fotografia © Direitos ReservadosOs benefícios da dieta atlântica estiveram em destaque no programa de grande reportagem da TV Globo. Além de ter viajado por Portugal para dar a conhecer alguns dos pratos e ingredientes mais típicos, o correspondente do canal brasileiro em Lisboa, Pedro Bassan, quis saber se a longevidade de Manoel de Oliveira, de 103 anos, pode ser de alguma forma associada à alimentação.

As batatas, a carne, o vinho, o azeite, as sardinhas e o bacalhau estiveram em destaque na reportagem Comida Portuguesa com Certeza!, do programa Globo Repórter, que passou pelo Porto, por Coimbra e zonas de Trás-os-Montes e do Alentejo. E esta viagem pela gastronomia portuguesa pretendeu mostrar que a dieta atlântica reduz o colesterol em cerca de 30% e faz de Portugal uma das nações com menos problemas cardíacos do mundo.


Além da gastronomia e das confrarias espalhadas um pouco por todo o País, o jornalista foi ainda saber qual o segredo de Manoel de Oliveira no que diz respeito à sua longevidade. "Se antigamente os portugueses descobriram o mundo, hoje também nos ensinam a ver o mundo de uma maneira diferente pelos olhos de Manoel de Oliveira", disse Pedro Bassan, antes de se sentar numa esplanada à conversa com o realizador. E, garantiu este, que os seus mais de cem anos de vida nada têm que ver com a forma como se alimenta, mas com a natureza. Uma "natureza que foi artista quando criou Portugal", respondeu Bassan, terminando assim a sua reportagem.

POLÍTICOS ESTÚPIDOS: A VERDADE NUA E CRUA

O MAJOR VALENTIM LOUREIRO: MAIS UM EXEMPLO DE COMO O POVO ANDA A GASTAR DEMAIS!


Mais um exemplo de como o povo anda a gastar demais!

Valentim, o inocente


As 162 páginas do acórdão do caso "Quinta do Ambrósio" mostram ao detalhe como o "clã Valentim" aproveitou a venda de um imóvel de Gondomar para montar um grande negócio cujo dinheiro público foi parar integralmente a offshores. O "major" vai entrar na história: impossível de apanhar. É muito mais esperto que os tribunais e a Polícia Judiciária juntos. Tudo simples. Ora vejam:
1. Ludovina Silva, com 80 anos, decide vender a "Quinta do Ambrósio", em Fânzeres. Uma das filhas consegue marcar uma reunião com Valentim Loureiro, em Junho de 2000, para lhe perguntar se a Câmara de Gondomar estaria interessada. O "major" diz que não, mas perante a aflição, encaminha-a para o seu vice-presidente, José Luís Oliveira, grande proprietário gondomarense e habitual negociador imobiliário.
2. É já em Outubro que o vice-presidente de Valentim, José Luís Oliveira (comparsa de muitas aventuras, entre as quais as do Apito Dourado) acorda verbalmente com a filha da viúva a compra da Quinta por pouco mais de um 1 milhão de euros.
3. Aqui entra Laureano Gonçalves, advogado, ex-inspector das Finanças e especialista em "estruturas fiscais". É comparsa de Valentim nas questões desportivas (Boavista, Federação Portuguesa de Futebol) e passa a ser ele a face destas operações, além de sócio de José Luís Oliveira. Entretanto, pouco tempo depois, ambos convidam o filho de Valentim, Jorge Loureiro, para fazer parte do negócio.
4. A STCP andava à procura de um local para uma nova estação de recolhas de autocarros em Gondomar (está no Plano de Investimentos tornado público em 1999). A STCP aceita comprar a Quinta do Ambrósio. Por quanto? 4 milhões de euros. Quatro vezes mais do que havia sido combinado pagar à viúva poucos meses antes.
5. Laureano monta então uma estratégia, através de empresas offshore nas Bahamas e Ilhas Caimão, para camuflar os quase 3 milhões de lucros da futura venda à STCP com a maior discrição e menos impostos possíveis.
6. Oliveira Marques e Gonçalves Martins, na altura, respectivamente, presidente e administrador da empresa de transporte STCP, dão luz verde à compra da Quinta do Ambrósio apesar de não terem qualquer avaliação independente sobre o real valor do imóvel. Exigem também à Câmara de Gondomar que faça por desafectar a "reserva agrícola" que impendia sobre parte da quinta. A CCDRN e os organismos de Agricultura e Ambiente não param o progresso de Gondomar - as autorizações surgem ainda durante o ano de 2001. (Um parêntesis: nunca chegou a haver qualquer estação da STCP na Quinta do Ambrósio).
7. Laureano fica entretanto com "plenos poderes de procurador" da viúva. É já ele quem trata do contrato-promessa, em Março de 2001, em nome de Ludovina, à STCP (e depois concretiza a escritura final, em Dezembro de 2001).
8. Ludovina recebe um milhão de euros na conta do BCP (o combinado com o "vice" de Valentim), enquanto os restantes quase 3 milhões de lucro extra vão parar a uma conta no BPN que Laureano criou em nome da viúva. É este fiscalista quem os envia em nome de Ludovina para contas offshore a fim de se dividirem depois pelo filho de Valentim (Jorge), pelo "vice" de Valentim (José Luís Oliveira) e por ele próprio. Obviamente, cada um deles, com contas offshore (BPN-Caimão e Finibanco-Caimão)

Conclusão 1: depois de centenas de milhares de euros gastos em investigação policial e tribunais, vai tudo preso? Não. Nada. Além disso, o negócio só foi descoberto por acaso durante o "Apito Dourado".... Outra dúvida: por que pagaram os administradores da STCP uma verba irreal por um terreno duvidoso? Quem os pressionou?
Por fim: qual a decisão do tribunal quanto ao filho de Valentim, ao vice-presidente da Câmara, e ao amigo advogado?
O tribunal condenou-os apenas por branqueamento de capitais em um ano e dez meses de prisão... com pena suspensa. That's all folks!!!

Conclusão 2: com tão notável serviço público ficamos agora à espera que a filha (e vereadora) de Valentim tome o lugar do pai em Gondomar e o "major" avance sem medo para a Câmara do Porto. Como não falta dinheiro nos offshores do clã, não deve ser difícil pagar a oferta de electrodomésticos aos eleitores e obter vitórias retumbantes. O populismo é filho da miséria, incluindo a moral.

"Todo o direito implica uma responsabilidade;toda a oportunidade uma obrigação; toda a posse, um dever."

Abraço,
"A Voz"