terça-feira, 6 de setembro de 2011

O SUFOCO

O sufoco
06 Setembro2011 
Fernando Sobral - fsobral@negocios.pt


Um país que vive à custa do oxigénio dos impostos corre o risco de um dia sufocar. Especialmente se eles aniquilarem o sector mais activo da sociedade. A classe média portuguesa está a um passo do abismo. E Vítor Gaspar, com a generosidade de quem necessita de receitas, está a empurrá-la para o Terceiro Mundo. A promessa é bondosa: destinam-nos uma morte lenta. Se a economia não crescer a partir de 2013 (algo em que o ministro das Finanças acredita como se fosse uma fé), Portugal poderá entrar numa máquina do tempo que o transportará para os anos 30 do século passado. É certo que a ideologia de taxar tudo o que mexe poderá virar-se contra o cobrador de impostos: a economia com preços diferentes, consoante seja com facturas ou sem elas, florescerá. Olhe-se para a Argentina só como exemplo. Não é por acaso que, dentro do PSD e do PP, os sinais de nervosismo são evidentes. E não têm unicamente a ver com a ideologia anti-impostos que marcou as últimas eleições. Como dizia George Bernard Shaw, "os homens recuperam melhor das desilusões amorosas do que das económicas". E das políticas. Desta vez, o Governo está a brincar com um fogo maior: a revolta das classes médias. As aulas de Vítor Gaspar, na sua pobreza filosófica, são insuficientes para as convencer de que não são o alvo a abater, através dos impostos e do fim das deduções fiscais. É trágico: sem elas o poder do centro político do PS e do PSD suicida-se. Se ela cair na indigência, à esquerda e à direita novos populismos florescerão. Contra os impostos ou a favor do Estado forte. Sufocar a classe média é aniquilar a democracia.

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