Estado falhado? Portugal está mais longe disso que a Alemanha
por Marta F. Reis , Publicado em 22 de Junho de 2011
Só a Irlanda parecia, em 2010, mais sólida que Portugal, entre os países em crise na Europa
Sem a garantia dos 78 mil milhões de euros de ajuda externa, Portugal seria este mês um país falido. Mas a falência de um país é mais do que um conceito económico, e neste capítulo estamos muito longe de ser considerados um estado falhado. O mesmo 2010 que precipitou o pedido de ajuda foi um ano de melhoria nacional no Índice de Estados Falhados, publicado anualmente pela revista "Foreign Policy". Portugal surge mesmo à frente da Alemanha numa honrosa 163.a posição em 177 países, a caminho da sustentabilidade política, económica e social. Convém dizer que a Alemanha, de onde têm partido nas últimas semanas tantos alertas à navegação europeia, vem logo atrás numa tabela em que o melhor é estar no fundo.
O ranking, elaborado pela organização independente Fund for Peace vai na sétima edição e foi publicado esta semana. O objectivo é alertar os países mais vulneráveis a pressões internas como a desigualdade social, insegurança, economia, fuga de capital humano ou pressões ambientais sobre a população - onde se destaca a quebra abrupta do Haiti na classificação geral. Ainda assim, se o topo do ranking é a que mais preocupa a organização, J. J. Messner, um dos autores, explicou ao i que é possível analisar o desempenho português em relação aos demais pares europeus. A primeira ressalva, diz, é que o relatório só analisou dados relativos ao período entre Janeiro e Dezembro de 2010, pelo que o índice do próximo ano poderá reflectir melhor a situação actual do país.
Entre os países perto da bancarrota na Europa, e apesar de apenas Espanha, a par de Portugal, diminuir em 2010 o seu risco de falência (incomparavelmente pequeno olhando para o pior do ranking, a Somália, com 113,4 pontos, ou PALOP como Angola, 84,6 pontos), a Irlanda é o único país à frente de Portugal em matéria de sustentabilidade nacional. Resta dizer que 81% da população mundial vive na "pior metade" do índice, nota o relatório, e apenas 1,72% (e os 10 milhões de portugueses não se incluem neste filão liderado à distância pela Finlândia) vivem em Estados sustentáveis económica, política e socialmente.
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