sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

A HIPOCRISIA DA IGREJA - FAZ O QUE EU DIGO, NÃO FAÇAS O QUE EU FAÇO

Carreira das Neves e D. Januário Torgal Ferreira

Homossexualidade de D. Carlos Azevedo era conhecida

por Ana MeirelesOntem
IN DIÁRIO DE NOTÍCIAS

O padre Carreira das Neves afirma que a homossexualidade não é pecado
O padre Carreira das Neves afirma que a homossexualidade não é pecado Fotografia © Pedro Rocha / Global Imagens

 
O padre Carreira das Neves afirma que sabia que o ex-bispo auxiliar de Lisboa é homossexual e que "tinha problemas complicados". D. Januário Torgal Ferreira sabia desde 2007 que Azevedo "tinha tido um comportamento homossexual"

"Sabiamos apenas que o D. Carlos era homossexual e mais nada. A homossexualidade é reconhecida e ele tem pessoas a quem, tanto quanto sei, tem pessoas a quem o dizia, ele confessava-se homossexual", adiantou à SIC o padre Carreira das Neves.
Uma orientação sexual que, para o professor da Universidade Católica, não é um problema. "O ser homossexual não é pecado nenhum. O ser homossexual é como ser heterossexual, isto depende da ciência. O problema é o pecado. Portanto se, porventura, há assédio, isso é pecado. Mas tanto o é para um homossexual, como para um heterossexual", disse ainda Carreira das Neves.
Sobre as acusações de assédio sexual agora divulgadas pela Visão, tanto Carreira das Neves, como D. Januário Torgal Ferreira, dizem que não eram novidade.
"Sim, sim, ouvi. D. Carlos Azevedo, bispo e tal.. pronto, que tinha tido um comportamento desta ordem e que houve uma pessoa que o incriminou, que havia da parte dele um comportamento homossexual", declarou à TSF o bispo das Forças Armadas, adiantando que teve conhecimento da acusação em 2007.
"Já tinha ouvido coisas, rumores. Já sabia que havia, em relação a D. Carlos, alguns problemas complicados. E sabia apenas que tinha ido para Roma e que talvez por causa desses problemas complicados", disse, por seu lado, Carreira das Neves à SIC.
"Sendo um homem honesto não posso diluir as liberdade de expressão, mas também não tenho quaisquer argumentos que me provem que isso não é verdade", rematou D. Januário Torgal à TSF.

Carlos Azevedo

Rede de Cuidadores confirma denúncias contra bispo

por Agência Lusa, publicado por Susana Salvador20 fevereiro 2013

Rede de Cuidadores confirma denúncias contra bispo
Fotografia © Henriques da Cunha/Global Imagens
BISPO CARLOS AZEVEDO

 
O presidente da Comissão Instaladora da Rede de Cuidadores confirma a existência de relatos de assédio sexual que envolvem o ex-bispo auxiliar de Lisboa Carlos Azevedo, hoje noticiados pela Visão, mas sublinha à Lusa que "não confunde homossexualidade com abusos".

Álvaro de Carvalho explicou que a associação de defesa de crianças vítimas de maus-tratos está focada nas abordagens, seduções e abusos de menores" e que "não assobia para o lado se tal se verificar com adultos", contudo, salientou que "esta matéria, por aparentemente não existir conduta criminosa, não foi objeto de denúncia ao Ministério Público (MP)".
O responsável da Rede de Cuidadores, organização não-governamental que em dezembro denunciou ao MP casos de abusos sexuais alegadamente cometidos por sacerdotes ou responsáveis de instituições católicas, disse à Lusa que assinala o facto de "a Igreja continuar a dizer que não há casos de cariz sexual".
Afinal, salienta, trata-se de "um bispo, não uma pessoa qualquer", disse Álvaro de Carvalho, confirmando declarações proferidas à Visão, sobre as acusações contra Carlos Azevedo.
Após a "saída repentina" de Carlos Azevedo para Roma, quando foi nomeado delegado do Conselho Pontifício da Cultura, "começaram a pingar notícias de assédios entre adultos".
Os alegados casos de assédio a membros da Igreja Católica Portuguesa, relatados pela Visão na íntegra na edição em papel de quinta-feira, remontam aos anos 80 e terão sido conhecidos após uma denúncia feita em 2010 ao núncio apostólico em Portugal.
O resultado das diligências por parte da Nunciatura não é conhecido, mas, em novembro de 2011, aquele que era apontado como possível sucessor do cardeal-patriarca José Policarpo acabou por rumar subitamente para Roma, ao ser nomeado delegado do Conselho Pontifício da Cultura.
Carlos Azevedo, "envolvido em acusações de comportamentos impróprios" conta com a "oração fraterna" do episcopado, pode ler-se numa nota hoje divulgada pelo porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), Manuel Morujão.
"Contrariando as nossas expectativas, vemos que o nome do bispo D. Carlos Azevedo, atualmente em Roma, está envolvido em acusações de comportamentos impróprios, não conformes com a dignidade e a responsabilidade do estado sacerdotal", sublinha a CEP.
Os bispos sublinham que não podem nem devem "julgar apressadamente" sobre a veracidade dos relatos, mas recordam que de qualquer membro da Igreja se espera um comportamento exemplar", sobretudo por quem se comprometeu a viver o celibato sacerdotal".
O ex-bispo auxiliar de Lisboa negou hoje em declarações à SIC a acusação e disse nunca ter sido contactado pela Nunciatura Apostólica para depor.
"Remexer em assuntos de há 30 anos (...) não serve de modo ético a informação mas visa meramente sensacionalismo para destruir pessoas", frisou o prelado.
"As pessoas que acolhi, que me procuraram, feridas na sua história e que eu entendia, não as excluo do meu amor e da minha dedicação se me contactam. E conviver, estimar, sem exclusões, procurar caminhos de vivência feliz para quem experimentou limites dramáticos da condição humana, quaisquer que sejam, tem trazido suspeita e atitudes de ambiguidade que me fazem objeto de má-língua", disse Carlos Azevedo.

Padre António Fontes

Fim do celibato evitaria comportamenros "desviantes"

por Lusa, publicado por Ana Bela Ferreira

No dia em que festeja 73 anos, o padre António Fontes, de Vilar de Perdizes, em Montalegre, afirma que a Igreja Católica deve ser menos conservadora e abolir o celibato para evitar comportamentos "desviantes" no clero.


Em entrevista à agência Lusa, o organizador do Congresso de Medicina Popular de Vilar de Perdizes considera que o celibato "não é recomendável, útil e praticável".
A religião, acredita, seria "mais atrativa" se os agentes do clero pudessem constituir família.
Inicialmente, disse, a sociedade "hostil e crítica" iria estranhar ver padres casados e com filhos, mas adaptar-se-ia.
"No fim da vida, os eclesiásticos sentem-se abandonados porque não têm ninguém que cuide deles. Não têm mulher, filhos e morrem na solidão, abandonados pela igreja", realçou.
Deus, salientou, não dá vocação só a homens e solteiros. E, acrescentou, o celibato é, muitas vezes, a causa de comportamentos "desviantes".
"Devido à proibição de casar, os padres são mais alvejados, porque não têm mulher e a sua atividade sexual pode ser desviada", afiançou.
Sobre os casos de abusos sexuais na Igreja Católica, o padre diz que é uma "chaga" de todas as idades, civilizações e classes.
Apesar de terem mais responsabilidades, explicou, os padres são humanos, têm falhas e também "partem a asa à caneca".
"Os que cometem atos negativos devem ter uma punição mais exemplar", declarou.
Portador da doença de Parkinson, o padre Fontes entende e concorda "plenamente" com a decisão do papa Bento XVI.
O sucessor deve, na sua opinião, ser mais novo, menos conservador e mais atento a países do Terceiro Mundo.
António Fontes acha que Joseph Ratzinger, de 85 anos, tem uma mentalidade muito fechada, embora intelectual, e estava "pouco aberto" a algumas funções que a Igreja Católica exige.
Por comparação, frisou, João Paulo II era mais atrativo e cativou o mundo pela sua simplicidade e humildade, mas dar-lhe seguimento era "difícil".
Amante das novas tecnologias, o aniversariante revelou acompanhar a evolução do país e acha que a crise não acaba "tão cedo".
As manifestações de protesto, entende, são legítimas, mas devem ser feitas com educação, dignidade e sem provocações.
"A solução tem de doer. Quando uma ferida está a ser curada se se mexer dói", ressalvou.
O regresso ao mundo rural poderá, segundo António Fontes, ser uma "boa hipótese", porque há terrenos para cultivar, casas abandonadas e qualidade de vida.
Licenciado em História pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, o organizador do congresso de Vilar de Perdizes constitui-se como uma figura de destaque nacional e divulgador da cultura do Barroso, através da publicação de livros, monografias e artigos em jornais.
Responsável por quatro paróquias, o seu dia-a-dia caracteriza-se por acordar cedo, comer bem, jogar às cartas, comunicar no 'Skype' e no 'Facebook' com familiares e amigos.
O mais velho de sete irmãos gostava de ver publicado as suas mais de 100 pastas de documentos sobre a história, arqueologia, cultura, usos, música e gastronomia da região.
No ano em que comemora 50 anos de sacerdócio, o padre Fontes acredita que será recordado como o "padre bruxo".

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