sábado, 9 de junho de 2012

OS PROBLEMAS DA EUROPA ESTÃO EM BERLIM



Louçã diz que “António Borges é o grilo falante” de Passos Coelho

09.06.2012 Por Lusa

O líder do Bloco de Esquerda (BE) disse esta noite no Porto que “António Borges é o grilo falante daquele Pinóquio mentiroso”, numa referência ao primeiro-ministro Passos Coelho, a propósito de uma possível redução salarial.

Francisco Louçã referiu-se assim a uma questão que esteve em foco nos últimos dias após António Borges ter dito que “é uma urgência” diminuir os salários em Portugal, o que levou Passo Coelho a reiterar que “não está na intenção do Governo apresentar nenhum plano que reduza nominalmente os salários em Portugal”.

O dirigente, que falava num comício de solidariedade “com o povo grego”, afirmou que o BE teve “três reuniões com a troika” e ouviu-a dizer que se Portugal tem muito desemprego é “porque precisa de baixar os salários”.

“É exactamente essa a política que o Governo persegue e foi por isso que as palavras de António Borges se tornaram reveladoras, pelo embaraço de dizer aquilo que é feito”, considerou Louçã.

O líder bloquista recordou depois que Passos Coelho afirmou discordar do que Borges havia defendido, mas definiu este como “grilo falante daquele Pinóquio mentiroso”, arrancando assim muitos aplausos entre as mais de 150 de pessoas que assistiram ao comício, numa sala do Mercado Ferreira Borges.

Louçã aproveitou também para falar do programa Impulso Jovem, um programa governamental de combate ao desemprego jovem que poderá beneficiar entre 77 mil e 165 mil jovens.

Em sua opinião, o Impulso Jovem visa “promover que o estado pague com o dinheiro da segurança Social e dos impostos uma parte dos custos das empresas”, fazendo com que “todos os jovens contratados sejam alinhados agora por 580 euros ou pouco mais, prometendo-lhes estágios e não emprego, promessas e não trabalho”.

O que o Governo pretende, segundo Louçã, é “baixar salários para mais desemprego e isto é a posição a troika, foi o que António Borges disse, é exactamente o que faz Passos Coelho todos os dias”.

“A solidariedade com a Grécia aqui está. A Grécia é Portugal daqui a um ano”, resumiu.

O BE vai intervir na campanha eleitoral grega ao lado da coligação Syrisa, que pertence à mesma família política europeia dos bloquistas, o Grupo de Esquerda Unitária.

Louçã anunciou que irá estar no “comício de encerramento” dessa força política, que surge agora como um dos favoritos à vitória nas eleições legislativas do dia 17, as segundas que se realizam na Grécia em pouco mais de dois meses.

O dirigente defendeu que “uma decisão democrática na Grécia é uma decisão de que Portugal precisa” e referiu-se também à situação em Espanha, que estará a um passo do resgate financeiro para o seu sistema bancário.

“O que a Espanha nos demonstra é que os seus problemas não estão em Atenas, estão em Berlim”, defendeu.

“ Todos os problemas da Europa estão em Berlim. Há uma crise, ele é em Berlim. Há especulação, é em Berlim. Há um ataque à Europa, é em Berlim. Há um risco para a democracia e uma ameaça às eleições, é Berlim”, completou.

Louça considerou, por isso, que, “no dia 17, o que se vai decidir não é a vida da Grécia, é a vida da Europa”.

“Tudo o que se faz contra a Europa é a senhora Merkel que está a fazer”, reforçou.

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