terça-feira, 7 de setembro de 2010

FUTEBOL,CARLOS QUEIROZ E A SELECÇÃO NACIONAL


Os vários casos Queiroz (recebeu uma brigada antidoping com impropérios, envolveu-se à pancada com um comentador desportivo em pleno aeroporto de Lisboa, insultou publicamente um jornalista do "Sol") e os processos a que a cena da Covilhã deu origem, puseram a nu um seleccionador vulnerável, além de uma Justiça desportiva que julga conforme as conveniências de quem tem mais força na Federação e que imita o que tem de pior a Justiça portuguesa nos processos ditos mediáticos. Puseram igualmente em evidência a irresistível tentação do Governo de interferir nessa mesma Justiça, de forma directa ou enviesada. Neste ponto tem Carlos Queiroz toda a razão. Mas isso, infelizmente, já não lhe chega para continuar a ser, como pretende, um seleccionador nacional com todas as condições para o desempenho do cargo. Serve apenas para tornar claro que, além dele, há mais gente no meio que diz e faz o que não deve - desde os órgãos dirigentes da Federação de Futebol ao secretário de Estado do Desporto. E que uma varredela geral seria a melhor forma de resolver o assunto a favor da imagem e do trabalho da selecção nacional, agora em "piloto automático". Só que essa varredela, bem o sabemos, jamais ocorrerá. Não está na natureza de quem manda ou governa Portugal resolver os problemas de raiz, seja qual for a instituição em crise.
(Extracto de um texto de Fernando Madrinha publicado no Expresso de 4 de Setembro de 2010)
Nota: De facto, os atletas da selecção nacional e os seus adeptos não precisavam de todo este espectáculo para despedir Carlos Queiroz. Todos ficámos descontentes com a prestação da selecção no Mundial da África do Sul e culpámos Queiroz pela sua falta de ambição e liderança. Mas, falta de liderança parece ser, também, aquilo que falta aos órgãos de direcção do desporto nacional. Sobeja-lhes contudo maquiavelismo provinciano. Se o homem não serve como general para esta guerra, procure-se outro mais credenciado. Não se usem métodos tortuosos, mesquinhos, para o mandar embora. Com esta falta de frontalidade, de dignidade, não iremos longe. A cobardia prejudica, acima de tudo, o país, embora garanta o lugar daqueles que se movem na sombra. A equipa de todos nós sairá, estou em crer, embora não o deseje, de mansinho pela porta dos fundos. Espero que, depois do desaire, se procurem os culpados.

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