terça-feira, 4 de junho de 2013

SECRETÁRIO DE ESTADO FUGIU, VAIADO!



Uma manifestação movida por sindicalistas levou esta segunda-feira o secretário de Estado dos Transportes a abandonar uma conferência em Lisboa com o tema A região metropolitana, a mobilidade e a logística. No momento em que Sérgio Monteiro se preparava para intervir, perto de duas dezenas de manifestantes da Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (FECTRANS) formou um coro de protesto: “Queremos o nosso dinheiro, este Governo para a rua”.
Testemunhada pela reportagem da agência Lusa, a manifestação desta segunda-feira na conferência que contava com a presença de Sérgio Monteiro foi também ilustrada por uma faixa em que se lia “Swaps? Basta de alimentar especuladores com o roubo dos nossos salários”. Promovida pela Comissão Permanente de Transportes e Mobilidade da Assembleia Metropolitana de Lisboa, a conferência visava debater o Plano Estratégico de Transportes.

Exibindo narizes de palhaço, os manifestantes mostrariam ainda cartões vermelhos ao secretário de Estado dos Transportes. A tensão aumentou quando a organização procurou retomar a conferência. O governante ainda tentou repor a ordem dos trabalhos.

“Respeito a liberdade de manifestação e de expressão, mas ela também tem que ser um valor respeitado por vós”, argumentou o secretário de Estado. Sem convencer os manifestantes, que voltariam a clamar “Governo para a rua”. Foi então que Sérgio Monteiro abandonou a sala.
 

ANGOLA - CONVERSAS DO "27 DE MAIO" PARA O JANGO, JÁ!


Conversas do «27 de Maio» imediatamente para o jango!

Por Celso Malavoloneke

 Trinta e seis anos se passaram desde que  aconteceu o que, hoje  por hoje, já é unanimemente aceite como um dos  maiores massacres da Angola  Independente, curiosamente,  apenas dois anitos depois do «11  de Novembro» de 1975. Por causa de divergências ideológicas no  seio do MPLA, então Partido-Estado, milhares de pessoas foram mortas, grande parte delas  sem certificado de óbito nem  local conhecido de enterro. O  que, no contexto africano «que  estamos com ele», significa dizer  que a pessoa não morreu. Ou se  morreu, o seu espírito anda vagueando por aí, importunando  os sonhos dos seus descendentes,  no clamor por um competente  «komba», para que as cinzas do  óbito voem para o reino dos ancestrais…

Ano sim, ano também, desde  1990, quando o país se abriu aos  ventos da democracia, é sempre  a mesma coisa. Os descendentes  dos mortos e desaparecidos clamam pelas cinzas e paradeiro de  parentes, que só o muito tempo  mesmo desde a tragédia – e um  ou outro boato nunca confirmado – vai insinuando cada vez  mais insistente que a vida que o  coração reclama é mesmo vida  de um morto. Enquanto a vozinha da esperança, cada vez mais  ténue, vai insistindo num milagre, sempre possível, que traga  com vida o parente há tanto desaparecido. E assim, em milhares de famílias nesta angustiante  situação, ninguém ousa chamar  o ausente de «falecido». Fica-se  pelo meio-termo mais prudente  de «desaparecido».

Nem os ensaios algo tímidos  das autoridades – afinal ainda as  mesmas – de mea culpa embrulhada numa retórica propagandística que torna tudo mais ininteligível – qual mulher apanhada  em adultério que desconsegue  confessar em linguagem terra-a-terra que andou a se deitar por  aí – nem as homenagens póstumas cozinhadas algures em «ga-binetes de pensologia» e nunca  conversadas por ninguém; muito  menos as conversas de quintais  no funje de sábado, depois de uns  tintóis a mais essas muito menos), logram desfazer esta angústia que só não resvala em revolta  porque há feridas mais recentes  por sarar e lembranças «mais  piores» por esquecer. Até quando este status quo se vai manter  é a questão que fica para gerações  menos acoitadas e por isso mais  afoitas responderem. Mas, para  as quais já houve um aviso: quando o «27» aconteceu, elas sequer  haviam nascido, pelo que o que  têm a fazer é calar a boca.

Como se a trágica  herança tivesse mais ou menos donos nesta  «comunidade mwangolénica»;  como se os herdeiros directos  ou indirectos dos perecidos e  perecedores tivessem tempo ou  pachorra para prestar atenção a  discurso tão esfarrapado…

Por isso, o Semanário Angolense decidiu trazer à ribalta,  como nos outros anos – ano sim,  ano também – este amargo pendente, cujo «ciclo cíclico» já há  muito aconselha uma nova abordagem. Dez anos depois do calar  das armas e dois ciclos eleitorais  já completados depois disso, o SA  propõe um olhar com os olhos de ver a «velha mas sempre nova»  questão do «27 de Maio».

E a proposta, desta vez, é que  olhemos para a tragédia do ponto de vista do futuro e não do  passado. Por outras palavras,  não nos desgastemos mais com  pensamentos sobre quem matou  e quem morreu. Como matou e  como morreu. Como podia ter  morto e não matou. Como podia  ter morrido e sobreviveu.

Em vez disso, propomos uma  visão centrada no futuro, pois  o passado é passado e não volta  mais, como diria o poeta. Como  deveremos fazer para que as feridas se sarem. Para que os ódios  se esbatam. Para que os ressentimentos desapareçam e com eles  as sedes de vingança. Para que
os herdeiros dos mortos, feridos  e desaparecidos possam dormir  em paz, sem serem importunados por pesadelos de mortos em  busca dos seus óbitos ou de lembranças manchadas de dor e de  sangue. Numa palavra, enviar o  «27 de Maio» para o jango das  conversas, para que resolvamos  aí o «prubulêma». E quanto mais  cedo isso acontecer, maiores serão os ganhos.

Feita a proposta, convidamos  os leitores a acompanharem-nos  neste dossier, que talvez possa ser  o primeiro (?) passo da caminhada rumo à cartase que se impõe,  para se exorcisar os demónios  que persistem à volta do «27 de  Maio». A unidade da Nação assim o exige. ■

segunda-feira, 3 de junho de 2013

ENRICO LETTA DÁ LIÇÕES AO PRIMEIRO-MINISTRO PASSOS COELHO

Colega italiano dá lição a Passos


por FERREIRA FERNANDESHoje24 comentários
IN DIÁRIO DE NOTÍCIAS




No sábado, um leitor do italiano La Stampa, Antonio Cascia, publicou uma carta de despedida a um jovem amigo, que emigrava por não ter trabalho. Ontem, no mesmo jornal, o primeiro-ministro Enrico Letta pedia desculpa ao "amigo do Antonio". Claro, caímos na tentação de comparar o incómodo do líder italiano com as declarações infelizes de Passos sobre o mesmo assunto. Este, logo depois de ser eleito, disse aos jovens portugueses para sair da sua "zona de conforto", convidando-os a emigrar, como um gerente de restaurante diz "estamos cheios" a clientes supérfluos. Se, sim, emigrar pode ser uma solução, não pode ser incentivada por um líder político. Como ontem o italiano Letta disse, o papel do político é outro: "(...) o nosso primeiro, irrenunciável, objetivo será simbolicamente pôr o amigo de Antonio nas condições de escolher ir embora ou ficar." De conselhos sobre soluções naturais, como emigrar ou respirar, os portugueses não precisam, está-lhes no ADN. "Ide embora" pode ser desculpa de restaurador, mas em político é sacudir o capote. E, já agora, há que dizer que as vítimas principais desta história são capazes de não ser aqueles que partem. Os peritos em emigração são unânimes em reconhecer que os que partem são os melhores. Mas desta vez não são os mais fortes da aldeia, é mesmo a elite do País que emigra, os jovens mais sábios e preparados. Por cá vai ficando uma zona de desconforto que nos vai ser insuportável.

BERTOLD BRECHT ADAPTADO À ACTUAL SITUAÇÃO EM PORTUGAL - JÁ É TARDE!


Versão antiga  adaptada à Versão actual


             Bertold Brecht em versão adaptada
Bertold Brecht em versão original

Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro 


Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário

Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável

Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei

Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo


Bertold Brecht em versão adaptada

Primeiro levaram os subsídios aos funcionários públicos
Mas não me importei com isso
trabalho no sector privado

Em seguida acabaram com o serviço de saúde
Mas não me importei com isso
tenho um seguro privado

Depois tiraram as bolsas de estudo
Mas não me importei com isso
os meus filhos estudam num colégio particular

Depois levaram os salários aos trabalhadores do privado
Mas como eu sou profissional liberal
Também não me importei

Agora destruíram toda a economia e fiquei sem trabalho
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo


ISTO É UM ASSALTO-NA CULSETE-SETÚBAL

Caríssimas/os,
Terça-feira, dia 4, às 21:30, temos sessão na Culsete.
Trata-se da apresentação do livro Isto é um Assalto, de Francisco Louçã.
Apareçam. Contamos convosco.
E, por favor, divulguem este convite junto dos vossos amigos.
Então até terça-feira,
 
Fátima Ribeiro de Medeiros