segunda-feira, 23 de abril de 2012

A GRANDE TRETA DA NOSSA BANCA

A grande treta da nossa banca
Continuamos a deixar que façam o que querem com o nosso destino.
Continuamos a ter políticos da treta.
Continuamos a ir para o fosso.
Continuamos ...
NÃO É PROMISSOR. É PÉSSIMO!

Há cerca de um mês o Banco Central Europeu anunciou uma mega injecção de fundos para a banca poder financiar as empresas e as famílias. Foram mais de 800 mil milhões de euros, cedidos à taxa de 1%, para apoiar a economia real e fintar a hipótese de uma nova recessão na zona euro. Daquele bolo, uma fatia de 56 milhões teve como destino os bancos portugueses.
Há uma semana, o Estado português precisou de se financiar nos mercados. Foi a primeira ida aos mercados desde que, em Abril do ano passado, pedimos ajuda externa para reequilibrarmos as nossas finanças públicas. O Tesouro colocou 1500 milhões de dívida pelos prazos de seis e 18 meses. Deste total, 500 milhões, com vencimento em Outubro, o prazo mais curto, foram colocados a uma taxa média de 2,992%. Para os restantes 1000 milhões, a 18 meses, a taxa foi de 4,55%. O Tesouro conseguiu uma procura duas vezes e meia superior à oferta e o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, considerou os resultados do leilão um sucesso e um sinal promissor. Mas isso não é verdade.
O que o ministro se esqueceu de dizer foi que a maior parte dos compradores foram bancos portugueses. Bancos que desviaram para dívida pública os fundos que o BCE lhes colocou à disposição para investirem na economia real.

Para os bancos é um excelente negócio. Pagam 1% ao BCE por dinheiro que investem a uma taxa quatro vezes e meia superior em títulos de divida pública portuguesa. E ainda podem utilizar os títulos adquiridos como garantia colateral para irem ao BCE buscar mais financiamento a 1%. Uma negócio da China.
Para o Tesouro, é um péssimo sinal. Garantir a colocação da emissão com recurso aos bancos portugueses sinaliza que a procura externa não está muito empolgada. Antes do pedido de resgate, ainda com Teixeira dos Santos à frente do Ministério, as emissões do Tesouro também correram bem, sempre graças à colaboração activa dos grandes bancos nacionais.
Fabricar sucessos assim é como tapar o Sol com uma peneira. A estratégia já deu maus resultados num passado recente: Para o Estado, que andou a esconder as suas dificuldades no financiamento. Para os bancos, que ficaram cheios de dívida catalogada como lixo.
O sinal promissor do ministro é, afinal, um péssimo sinal. Estarão as coisas assim tão mal, que justifiquem estes meios?

Álvaro Mendonça (in Automotor on-line)

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