Cientistas portugueses associam poluentes, cloro e leucemia infantil
Publicado em 26 de Maio de 2011
Investigadora do Instituto Tecnológico e Nuclear diz que é preciso estudar o impacto de indústrias ou de hábitos e defende mesmo o fim do uso de lareiras
Duas investigadoras portuguesas relacionaram as maiores concentrações de compostos químicos com cloro na atmosfera às mortes por leucemia infantil. O estudo publicado na revista científica "Journal of Environment and Health" revela que a presença de cloro ou de poluentes que reagem a este químico, sobretudo os emitidos pela produção de papel, pesticidas e incêndios florestais, são um indicador preciso das zonas de maior incidência da leucemia nas crianças.
O trabalho avança a nível internacional nos dados disponíveis para o estudo epidemiológico de uma doença que afecta 150 crianças por ano em Portugal.
A investigação utilizou amostras de líquenes, por serem considerados um espelho dos componentes da biosfera. O objectivo era determinar que elementos da atmosfera podem ser associados à leucemia infantil, que representa 30% dos cancros diag-nosticados em crianças com menos de 15 anos. No artigo agora publicado sublinha-se que até aqui já foram relacionadas com a doença a exposição à radiação ionizante ou ao benzeno, mas a maioria das causas ambientais permanece desconhecida.
As investigadoras descobriram uma associação positiva entre a presença de cloro ou componentes com cloro na atmosfera e as mortes de crianças por leucemia - 239 no período estudado de dez anos. Maria do Carmo Freitas, investigadora do Instituto Tecnológico e Nuclear e autora do trabalho, explicou ao i que a concentração destes compostos é maior perto das zonas industriais, nomeadamente de papel, onde os químicos poluentes emitidos reagem com o cloro na atmosfera - fenómeno que em Portugal é mais evidente uma vez que as unidades se concentram no litoral, onde existe influência do cloro marinho. As unidades de produção e transformação de celulose e pasta de papel de Viana do Castelo, Constância, ou Setúbal são algumas das referidas no trabalho, que refere serem precisos mais estudos: haver uma correlação não significa dizer que o cloro contribui para os casos de leucemia mortal. "Podemos dizer que o cloro é um bom indicador dos carcinogénicos que estão associados ao cancro." Mesmo a nível internacional, ainda há poucas evidências robustas para o que poderá contribuir para a leucemia infantil: sabe-se que a genética é um dos factores, e que 2% a 3% dos casos estão relacionados com a síndrome de Down. A exposição a pesticidas durante a gravidez e a infância é outro factor de risco comprovado. Um dos estudos mais recentes, publicado este mês, voltou a revelar resultados inconclusivos para a relação entre a incidência de leucemia infantil e a proximidade a centrais nucleares. Numa actualização de 2009, a OMS concluía que o facto de existirem poucos dados sobre causas ambientais limitava as políticas. Maria do Carmo Freitas sublinha que as emissões das grandes indústrias estão regulamentadas, uma área onde só agora se começou a avançar, caso das chamadas emissões fugitivas. Uma lareira ou a produção do carvão são alguns exemplos de fontes que poderão ter os mesmos efeitos nocivos, embora falte avaliar o seu peso em termos epidemiológicos, diz.
Mas cada vez há menos dúvidas sobre prejuízos da poluição atmosférica na saúde: um trabalho que publicou no ano passado revela, por exemplo, que oscilações na temperatura e na humidade alteram os níveis de partículas poluentes como as PM10 (com menos de 10 micrómetros de diâmetro). Em Lisboa, chegam a representar um aumento de 27% nas admissões nas urgências, devido a problemas respiratórios ou de circulação. "Teremos sempre de encontrar um compromisso: o ideal seria não produzir estes componentes, mas então não teríamos papel, carvão, aviões." Na opinião da investigadora, a lareira é um exemplo de algo que não deveria ser usado nunca, uma vez que a fase de desenvolvimento do fogo emite partículas que favorecem problemas de saúde. Mas os hábitos são difíceis de mudar, mesmo em casa. "Mas apesar de sabermos que emite poluentes, todos o fazemos."
Isto dá-me vontade de rir,talvez se estudassem uma maneira de substituir todas as centrais nucleares,ou uma forma de dar dinheiro aos portugueses para poderem comer e,para comprarem medicamentos,assim eram super inteligentes porque,tudo aquilo é q é super grave para a saúde de todos,e não uma lareira
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