Económico com Lusa
03/08/11
A elevação do tecto da dívida norte-americana não permitiu que Washington "desactivasse a bomba da dívida", mas apenas atrasou a sua "detonação imediata", salienta um editorial publicado hoje pela agência oficial chinesa Xinhua.
"A farsa desvairada da diplomacia arriscada revelou, no entanto, outra bomba tiquetaqueando no coração da única superpotência mundial: a tendência paralisante de politizar as economias enquanto trivializa a política", escreve a Xinhua num editorial de Deng Yushan.
Ao constatar que a dívida norte-americana "praticamente iguala o PIB" do país e que esta é a 79.ª vez que Washington eleva o tecto da sua dívida em meio século, a Xinhua defende a necessidade de os EUA "adoptarem medidas mais responsáveis e efectivas para equilibrar o seu orçamento e restaurar a saúde económica do mundo".
"Se Washington continuar a fechar os olhos ao seu vício descontrolado da dívida, a sua credibilidade, já manchada, perderá mais brilho, o que poderá eventualmente detonar a bomba da dívida e colocar em risco o bem-estar de centenas de milhões de famílias dentro e fora das suas fronteiras", alerta a agência oficial chinesa.
Ao realçar que os EUA são "a principal âncora de uma economia mundial cada vez mais globalizada", a Xinhua considera "aconselhável que a elite de Washington, com o objetivo de ganhar o maior terreno político, não cause confusão à beira do abismo, pois tal situação é equivalente a uma bomba de destruição maciça".
Tal "bomba poderá explodir se não for vigiada e, nesse caso, todo o mundo teria de lidar com as ondas de choque", acrescenta.
Mas a Xinhua ressalva que isso "não significa que os políticos americanos deverão parar de explorar a sua sabedoria e perseguir os seus ideais".
"Num momento de dificuldades, como o actual, com alta taxa de desemprego nos Estados Unidos e uma recuperação frágil das economias mundiais, apenas faz sentido falar de um Governo responsável", sustentou.
O Banco Central chinês anunciou hoje que irá continuar a diversificar os seus investimentos em moeda estrangeira, face às ameaças que continuam a pesar sobre o dólar, em consequência da dívida dos Estados Unidos.
A agência chinesa de 'rating' Dagong baixou hoje a notação dos Estados Unidos de A+ para A com perspetivas negativas sobre a dívida norte-americana, quando as três grandes agências - a francesa Fitch e as norte-americanas Moody´s e Standard & Poor´s -- mantêm a nota AAA.
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