sexta-feira, 15 de novembro de 2013
RACISMO? AH, SIM, POIS CLARO!...
RACISMO ?!...Ah, sim, pois claro!...
Hoje foi a notícia de que o militar da GNR que disparou sobre uma carrinha de ciganos que andavam no gamanço, foi condenado a prisão efectiva por ter atingido mortalmente "um menino" que nela se encontrava.
Vamos lá a ver se percebi bem:
1. Os militares depararam com o roubo de bens alheios...
2. Os ladrões puseram-se em fuga
3. Os agentes da autoridade ordenaram-lhes que parassem
4. Como não o fizeram, efectuaram disparos para o ar
5. A fuga continuou e dispararam em direcção da viatura no sentido da sua imobilização
6. Um dos disparos atingiu mortalmente um dos ocupantes
7. O militar vai ter que indemnizar a família da vítima
Se eu percebi as coisas como deve ser, a sentença deveria ter sido:
1. A restituição dos bens roubados
2. Indemnização ao Estado Português pelos prejuízos e custos com a manutenção da lei e da ordem mais o respectivo pagamento das custas de justiça
O Comando Geral da Guarda Nacional Republicana, por sua vez, emitiria um louvor aos soldados que, com risco da própria vida, souberam manter a lei e a ordem, fim último da sua profissão.
Devo andar a ficar senil e já não me revejo nesta democracia da treta ...
Vi as imagens da família da vítima a chegar ao tribunal numa moderna carrinha Mercedes ... o Rendimento Social de Inserção deve ser maior que o meu subsídio de desemprego ou, então, é complementado com uns biscates nocturnos.
O seu advogado, que de vez em quando vai à TV mandar uns bitaites sobre a justiça, o Arrobas da Silva, foi recentemente condenado por falsificação de documentos e outras merdas, ... um belo exemplo de advogado Sr. Marinho Pinto, não concorda? ...
O sr juíz, ou juíza, não sei nem quero saber, se lhe assaltassem a casa, roubassem as sapatilhas e o telemóvel ao filho no caminho da escola, se tentassem violar a filha, ... estou certo que, na hora de ponderar a sentença, não condenaria um homem com uma farda que o investe de autoridade, trabalha e paga impostos e, sobretudo, agiu em defesa de todos nós fazendo aquilo que jurou fazer e que é suposto que aconteça sempre ...
Não, este não é um país de merda não !!!! ... é um país com gente de merda !!!!
Não foi dito por mim mas CONCORDO EM TUDO.
Como diz? Racista?! Ah, sim, pois claro!
Barra da Costa
Vamos lá a ver se percebi bem:
1. Os militares depararam com o roubo de bens alheios...
2. Os ladrões puseram-se em fuga
3. Os agentes da autoridade ordenaram-lhes que parassem
4. Como não o fizeram, efectuaram disparos para o ar
5. A fuga continuou e dispararam em direcção da viatura no sentido da sua imobilização
6. Um dos disparos atingiu mortalmente um dos ocupantes
7. O militar vai ter que indemnizar a família da vítima
Se eu percebi as coisas como deve ser, a sentença deveria ter sido:
1. A restituição dos bens roubados
2. Indemnização ao Estado Português pelos prejuízos e custos com a manutenção da lei e da ordem mais o respectivo pagamento das custas de justiça
O Comando Geral da Guarda Nacional Republicana, por sua vez, emitiria um louvor aos soldados que, com risco da própria vida, souberam manter a lei e a ordem, fim último da sua profissão.
Devo andar a ficar senil e já não me revejo nesta democracia da treta ...
Vi as imagens da família da vítima a chegar ao tribunal numa moderna carrinha Mercedes ... o Rendimento Social de Inserção deve ser maior que o meu subsídio de desemprego ou, então, é complementado com uns biscates nocturnos.
O seu advogado, que de vez em quando vai à TV mandar uns bitaites sobre a justiça, o Arrobas da Silva, foi recentemente condenado por falsificação de documentos e outras merdas, ... um belo exemplo de advogado Sr. Marinho Pinto, não concorda? ...
O sr juíz, ou juíza, não sei nem quero saber, se lhe assaltassem a casa, roubassem as sapatilhas e o telemóvel ao filho no caminho da escola, se tentassem violar a filha, ... estou certo que, na hora de ponderar a sentença, não condenaria um homem com uma farda que o investe de autoridade, trabalha e paga impostos e, sobretudo, agiu em defesa de todos nós fazendo aquilo que jurou fazer e que é suposto que aconteça sempre ...
Não, este não é um país de merda não !!!! ... é um país com gente de merda !!!!
Não foi dito por mim mas CONCORDO EM TUDO.
Como diz? Racista?! Ah, sim, pois claro!
Barra da Costa
quinta-feira, 14 de novembro de 2013
E EM PORTUGAL QUANDO SE CONDENAM OS GAJOS DO BPN, DOS SUBMARINOS, E ETC...?
Justiça brasileira decide por prisão imediata dos condenados do Mensalão
Por PÚBLICO
(actualizado às )
Supremo Tribunal decidiu que vai executar as condenações por crime e não por arguido. José Dirceu e outras antigas figuras gradas do PT estão entre os que devem ser presos
O Supremo Tribunal Federal (STF) brasileiro decidiu que devem começar a ser cumpridas imediatamente as penas de prisão a que foram condenados a maioria dos implicados no escândalo do Mensalão, entre eles José Dirceu, o ex-ministro da Casa do Presidente Lula da Silva.
A decisão foi tomada na quarta-feira por maioria de votos. Entre os nomes dos condenados no maior processo de sempre que denunciou um esquema de subornos, estão nomes como o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, condenado como o mentor de todo o plano, o ex-tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT) Delúbio Soares e o "executor" dos pagamentos ilegais, Marcos Valério.
A primeira decisão tomada diz respeito ao ex-director do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, condenado a 12 anos e sete meses pelos crimes de corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro. Foi a primeira decisão sobre prisão no processo do Mensalão. Pizzolato viu-lhe negado o último recurso possível e vai agora cumprir a sua pena em regime fechado numa prisão de segurança média ou máxima.
Mas o STF decidiu também que vai executar as condenações por crime e não por arguido — já que quase todos foram indiciados pela prática de mais do que uma actividade ilícita. Assim, mesmo que ainda haja algum recurso pendente para uma das condenações, o réu começará a cumprir a pena para as restantes. Este será o caso de José Dirceu, que apresentou recurso apenas contra a acusação de formação de quadrilha (associação criminosa), mas também foi condenado por corrupção activa.
Dirigentes do Partido dos Trabalhadores (PT, no poder) e deputados recebiam subornos mensais para votarem de determinada maneira. Dirceu e outros réus foram acusados e condenados por corrupção e formação de quadrilha criminosa.
O caso Mensalão, como ficou conhecido, veio a público em 2005, na presidência de Lula da Silva, reeleito em 2006, apesar do escândalo que atingiu figuras muito próximas do antigo líder do Partido dos Trabalhadores. O julgamento decorreu em Brasília e bateu todos os recordes da Justiça no país, ao ser o processo mais extenso de sempre nas mãos do Supremo Tribunal Federal, com mais de 600 testemunhas, 300 volumes, 50 mil páginas, 53 sessões e 38 réus. Ao todo, entre réus do esquema de compra de votos de parlamentares descoberto em 2005, o STF absolveu 12 e condenou 25.
No entanto, a decisão da execução imediata das penas também gerou grande discussão, diz a Folha de São Paulo, no que diz respeito aos que ainda têm direito a recursos e que são conhecidos como “embargos infringentes”.
A dúvida recai sobre os réus condenados pela maioria dos 11 juízes que constituem o Tribunal Supremo, mas que receberam pelo menos um voto contrário à condenação. Em sessões anteriores, os magistrados concordaram que só haveria recurso para aqueles que receberam quatro ou mais votos a favor da absolvição, enquanto na quarta-feira passou a ser colocada a possibilidade de analisar os recursos dos réus que contestaram a decisão, tendo recebido apenas um voto favorável.
De todas as formas, “apesar da sessão confusa e pontuada por debates acalorados, os ministros determinaram a execução imediata da pena para 16 condenados no maior julgamento da história do STF. Onze irão para a prisão. Os outros cinco poderão cumprir suas penas em regime aberto ou foram condenados a penas alternativas”, diz a Folha de São Paulo. Nesta quinta-feira serão confirmados os pormenores do caso.
As sentenças foram emitidas há um ano, mas os réus continuam em liberdade, porque apresentaram recurso das penas a que foram condenados – e conseguiram reabrir os seus processos. Mas algumas das condenações a que foram sujeitos não são passíveis de recurso – são essas que os juízes do Supremo deliberaram que devem ser executadas de imediato. Não se sabe ainda em que regime os condenados ficarão presos – aberto, semi-aberto ou fechado, ou seja, se poderão ficar em casa, ir dormir a casa ou ficar confinados à prisão. A pena exacta deverá ser decidida nesta quinta-feira, adianta o jornal O Estado de São Paulo.
No entanto, diz o jornal O Globo, o mais provável é que os mandados de prisão só venham a ser executados na segunda-feira - a lei não permite que se efectuem prisões aos feridos (como na sexta-feira) e ao fim-de-semana.
O Supremo Tribunal não divulgou ainda oficialmente a lista de todos os condenados que vão começar a cumprir a pena, diz o jornal O Globo. O presidente do tribunal, Joaquim Barbosa, deve revelá-los hoje.No entanto, diz o jornal O Globo, o mais provável é que os mandados de prisão só venham a ser executados na segunda-feira - a lei não permite que se efectuem prisões aos feridos (como na sexta-feira) e ao fim-de-semana.
A decisão foi tomada na quarta-feira por maioria de votos. Entre os nomes dos condenados no maior processo de sempre que denunciou um esquema de subornos, estão nomes como o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, condenado como o mentor de todo o plano, o ex-tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT) Delúbio Soares e o "executor" dos pagamentos ilegais, Marcos Valério.
A primeira decisão tomada diz respeito ao ex-director do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, condenado a 12 anos e sete meses pelos crimes de corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro. Foi a primeira decisão sobre prisão no processo do Mensalão. Pizzolato viu-lhe negado o último recurso possível e vai agora cumprir a sua pena em regime fechado numa prisão de segurança média ou máxima.
Mas o STF decidiu também que vai executar as condenações por crime e não por arguido — já que quase todos foram indiciados pela prática de mais do que uma actividade ilícita. Assim, mesmo que ainda haja algum recurso pendente para uma das condenações, o réu começará a cumprir a pena para as restantes. Este será o caso de José Dirceu, que apresentou recurso apenas contra a acusação de formação de quadrilha (associação criminosa), mas também foi condenado por corrupção activa.
Dirigentes do Partido dos Trabalhadores (PT, no poder) e deputados recebiam subornos mensais para votarem de determinada maneira. Dirceu e outros réus foram acusados e condenados por corrupção e formação de quadrilha criminosa.
O caso Mensalão, como ficou conhecido, veio a público em 2005, na presidência de Lula da Silva, reeleito em 2006, apesar do escândalo que atingiu figuras muito próximas do antigo líder do Partido dos Trabalhadores. O julgamento decorreu em Brasília e bateu todos os recordes da Justiça no país, ao ser o processo mais extenso de sempre nas mãos do Supremo Tribunal Federal, com mais de 600 testemunhas, 300 volumes, 50 mil páginas, 53 sessões e 38 réus. Ao todo, entre réus do esquema de compra de votos de parlamentares descoberto em 2005, o STF absolveu 12 e condenou 25.
No entanto, a decisão da execução imediata das penas também gerou grande discussão, diz a Folha de São Paulo, no que diz respeito aos que ainda têm direito a recursos e que são conhecidos como “embargos infringentes”.
A dúvida recai sobre os réus condenados pela maioria dos 11 juízes que constituem o Tribunal Supremo, mas que receberam pelo menos um voto contrário à condenação. Em sessões anteriores, os magistrados concordaram que só haveria recurso para aqueles que receberam quatro ou mais votos a favor da absolvição, enquanto na quarta-feira passou a ser colocada a possibilidade de analisar os recursos dos réus que contestaram a decisão, tendo recebido apenas um voto favorável.
De todas as formas, “apesar da sessão confusa e pontuada por debates acalorados, os ministros determinaram a execução imediata da pena para 16 condenados no maior julgamento da história do STF. Onze irão para a prisão. Os outros cinco poderão cumprir suas penas em regime aberto ou foram condenados a penas alternativas”, diz a Folha de São Paulo. Nesta quinta-feira serão confirmados os pormenores do caso.
PORTUGAL VISTO PELO ESCRITOR LOBO ANTUNES
Portugal visto por Lobo Antunes
Agora sol na rua a fim de me melhorar a disposição, me reconciliar com a vida.
Passa uma senhora de saco de compras: não estamos assim tão mal, ainda
compramos coisas, que injusto tanta queixa, tanto lamento.
Isto é internacional, meu caro, internacional e nós, estúpidos,
culpamos logo os governos.
Quem nos dá este solzinho, quem é? E de graça. Eles a trabalharem para
nós, a trabalharem, a trabalharem e a gente, mal agradecidos,
protestamos.
Deixam de ser ministros e a sua vida um horror, suportado em estóico
silêncio. Veja-se, por exemplo, o senhor Mexia, o senhor Dias
Loureiro, o senhor Jorge Coelho, coitados. Não há um único que não
esteja na franja da miséria. Um único. Mais aqueles rapazes generosos,
que, não sendo ministros, deram o litro pelo País e só por orgulho não
estendem a mão à caridade.
O senhor Rui Pedro Soares, os senhores Penedos pai e filho, que isto
da bondade as vezes é hereditário, dúzias deles.
Tenham o sentido da realidade, portugueses, sejam gratos, sejam
honestos, reconheçam o que eles sofreram, o que sofrem. Uns
sacrificados, uns Cristos, que pecado feio, a ingratidão.
O senhor Vale e Azevedo, outro santo, bem o exprimiu em Londres. O
senhor Carlos Cruz, outro santo, bem o explicou em livros. E nós, por
pura maldade, teimamos em não entender. Claro que há povos ainda
piores do que o nosso: os islandeses, por exemplo, que se atrevem a
meter os beneméritos em tribunal.
Pelo menos nesse ponto, vá lá, sobra-nos um resto de humanidade, de respeito.
Um pozinho de consideração por almas eleitas, que Deus acolherá
decerto, com especial ternura, na amplidão imensa do Seu seio. Já o
estou a ver:
- Senta-te aqui ao meu lado ó Loureiro
- Senta-te aqui ao meu lado ó Duarte Lima
- Senta-te aqui ao meu lado ó Azevedo
que é o mínimo que se pode fazer por esses Padres Américos, pela nossa
interminável lista de bem-aventurados, banqueiros, coitadinhos,
gestores que o céu lhes dê saúde e boa sorte e demais penitentes de coração puro, espíritos de eleição, seguidores escrupulosos do Evangelho. E com a bandeirinha nacional na lapela, os patriotas, e com a arraia miúda no coração. E melhoram-nos obrigando-nos a sacrifícios purificadores, aproximando-nos dos banquetes de bem-aventuranças da Eternidade.
As empresas fecham, os desempregados aumentam, os impostos crescem,
penhoram casas, automóveis, o ar que respiramos e a maltosa incapaz de
enxergar a capacidade purificadora destas medidas. Reformas ridículas,
ordenados mínimos irrisórios, subsídios de cacaracá? Talvez. Mas
passaremos semdificuldade o buraco da agulha enquanto os Loureiros todos abdicam, por amor ao próximo, de uma Eternidade feliz. A transcendência deste acto dá-me vontade de ajoelhar à sua frente. Dá-me vontade? Ajoelho à sua frente indigno de lhes desapertar as correias dos sapatos.
Vale e Azevedo para os Jerónimos, já!
Loureiro para o Panteão já!
Jorge Coelho para o Mosteiro de Alcobaça, já!
Sócrates para a Torre de Belém, já! A Torre de Belém não, que é tão
feia. Para a Batalha.
Fora com o Soldado Desconhecido, o Gama, o Herculano, as criaturas de
pacotilha com que os livros de História nos enganaram.
Que o Dia de Camões passe a chamar-se Dia de Armando Vara. Haja
sentido das proporções, haja espírito de medida, haja respeito.
Estátuas equestres para todos, veneração nacional. Esta mania tacanha
de perseguir o senhor Oliveira e Costa: libertem-no. Esta pouca
vergonha contra os poucos que estão presos, os quase nenhuns que estão
presos como provou o senhor Vale e Azevedo, como provou o senhor
Carlos Cruz, hedionda perseguição pessoal com fins inconfessáveis.
Admitam-no. E voltem a pôr o senhor Dias Loureiro no
Conselho de Estado, de onde o obrigaram, por maldade e inveja, a sair.
Quero o senhor Mexia no Terreiro do Paço, no lugar D. José que, aliás,
era um pateta. Quero outro mártir qualquer, tanto faz, no lugar do
Marquês de Pombal, esse tirano. Acabem com a pouca vergonha dos
Sindicatos. Acabem com as manifestações, as greves, os protestos, por
favor deixem de pecar.
Como pedia o doutor João das Regras, olhai, olhai bem, mas vêde. E
tereis mais fominha e, em consequência, mais Paraíso. Agradeçam este
solzinho.
Agradeçam a Linha Branca.
Agradeçam a sopa e a peçazita de fruta do jantar.
Abaixo o Bem-Estar.
Vocês falam em crise mas as actrizes das telenovelas continuam a
aumentar o peito: onde é que está a crise, então? Não gostam de olhar
aquelas generosas abundâncias que uns violadores de sepulturas, com a
alcunha de cirurgiões plásticos, vos oferecem ao olhinho guloso? Não
comem carne mas podem comer lábios da grossura de bifes do lombo
e transformar as caras das mulheres em tenebrosas máscaras de Carnaval.
Para isso já há dinheiro, não é? E vocês a queixarem-se sem vergonha,
e vocês cartazes, cortejos, berros. Proíbam-se os lamentos injustos.
Não se vendem livros? Mentira. O senhor Rodrigo dos Santos vende e,
enquanto vender o nível da nossa cultura ultrapassa, sem dificuldade,
a Academia Francesa.
Que queremos? Temos peitos, lábios, literatura e os ministros e os
ex-ministros a tomarem conta disto.
Sinceramente, sejamos justos, a que mais se pode aspirar?
O resto são coisas insignificantes: desemprego, preços a dispararem,
não haver com que pagar ao médico e à farmácia, ninharias. Como é que
ainda sobram criaturas com a desfaçatez de protestarem? Da mesma forma
que os processos importantes em tribunal a indignação há-de,
fatalmente, de prescrever. E, magrinhos, magrinhos mas com peitos de
litro e beijando-nos uns aos outros com os bifes das bocas seremos,
como é nossa obrigação, felizes.
Agora sol na rua a fim de me melhorar a disposição, me reconciliar com a vida.
Passa uma senhora de saco de compras: não estamos assim tão mal, ainda
compramos coisas, que injusto tanta queixa, tanto lamento.
Isto é internacional, meu caro, internacional e nós, estúpidos,
culpamos logo os governos.
Quem nos dá este solzinho, quem é? E de graça. Eles a trabalharem para
nós, a trabalharem, a trabalharem e a gente, mal agradecidos,
protestamos.
Deixam de ser ministros e a sua vida um horror, suportado em estóico
silêncio. Veja-se, por exemplo, o senhor Mexia, o senhor Dias
Loureiro, o senhor Jorge Coelho, coitados. Não há um único que não
esteja na franja da miséria. Um único. Mais aqueles rapazes generosos,
que, não sendo ministros, deram o litro pelo País e só por orgulho não
estendem a mão à caridade.
O senhor Rui Pedro Soares, os senhores Penedos pai e filho, que isto
da bondade as vezes é hereditário, dúzias deles.
Tenham o sentido da realidade, portugueses, sejam gratos, sejam
honestos, reconheçam o que eles sofreram, o que sofrem. Uns
sacrificados, uns Cristos, que pecado feio, a ingratidão.
O senhor Vale e Azevedo, outro santo, bem o exprimiu em Londres. O
senhor Carlos Cruz, outro santo, bem o explicou em livros. E nós, por
pura maldade, teimamos em não entender. Claro que há povos ainda
piores do que o nosso: os islandeses, por exemplo, que se atrevem a
meter os beneméritos em tribunal.
Pelo menos nesse ponto, vá lá, sobra-nos um resto de humanidade, de respeito.
Um pozinho de consideração por almas eleitas, que Deus acolherá
decerto, com especial ternura, na amplidão imensa do Seu seio. Já o
estou a ver:
- Senta-te aqui ao meu lado ó Loureiro
- Senta-te aqui ao meu lado ó Duarte Lima
- Senta-te aqui ao meu lado ó Azevedo
que é o mínimo que se pode fazer por esses Padres Américos, pela nossa
interminável lista de bem-aventurados, banqueiros, coitadinhos,
gestores que o céu lhes dê saúde e boa sorte e demais penitentes de coração puro, espíritos de eleição, seguidores escrupulosos do Evangelho. E com a bandeirinha nacional na lapela, os patriotas, e com a arraia miúda no coração. E melhoram-nos obrigando-nos a sacrifícios purificadores, aproximando-nos dos banquetes de bem-aventuranças da Eternidade.
As empresas fecham, os desempregados aumentam, os impostos crescem,
penhoram casas, automóveis, o ar que respiramos e a maltosa incapaz de
enxergar a capacidade purificadora destas medidas. Reformas ridículas,
ordenados mínimos irrisórios, subsídios de cacaracá? Talvez. Mas
passaremos semdificuldade o buraco da agulha enquanto os Loureiros todos abdicam, por amor ao próximo, de uma Eternidade feliz. A transcendência deste acto dá-me vontade de ajoelhar à sua frente. Dá-me vontade? Ajoelho à sua frente indigno de lhes desapertar as correias dos sapatos.
Vale e Azevedo para os Jerónimos, já!
Loureiro para o Panteão já!
Jorge Coelho para o Mosteiro de Alcobaça, já!
Sócrates para a Torre de Belém, já! A Torre de Belém não, que é tão
feia. Para a Batalha.
Fora com o Soldado Desconhecido, o Gama, o Herculano, as criaturas de
pacotilha com que os livros de História nos enganaram.
Que o Dia de Camões passe a chamar-se Dia de Armando Vara. Haja
sentido das proporções, haja espírito de medida, haja respeito.
Estátuas equestres para todos, veneração nacional. Esta mania tacanha
de perseguir o senhor Oliveira e Costa: libertem-no. Esta pouca
vergonha contra os poucos que estão presos, os quase nenhuns que estão
presos como provou o senhor Vale e Azevedo, como provou o senhor
Carlos Cruz, hedionda perseguição pessoal com fins inconfessáveis.
Admitam-no. E voltem a pôr o senhor Dias Loureiro no
Conselho de Estado, de onde o obrigaram, por maldade e inveja, a sair.
Quero o senhor Mexia no Terreiro do Paço, no lugar D. José que, aliás,
era um pateta. Quero outro mártir qualquer, tanto faz, no lugar do
Marquês de Pombal, esse tirano. Acabem com a pouca vergonha dos
Sindicatos. Acabem com as manifestações, as greves, os protestos, por
favor deixem de pecar.
Como pedia o doutor João das Regras, olhai, olhai bem, mas vêde. E
tereis mais fominha e, em consequência, mais Paraíso. Agradeçam este
solzinho.
Agradeçam a Linha Branca.
Agradeçam a sopa e a peçazita de fruta do jantar.
Abaixo o Bem-Estar.
Vocês falam em crise mas as actrizes das telenovelas continuam a
aumentar o peito: onde é que está a crise, então? Não gostam de olhar
aquelas generosas abundâncias que uns violadores de sepulturas, com a
alcunha de cirurgiões plásticos, vos oferecem ao olhinho guloso? Não
comem carne mas podem comer lábios da grossura de bifes do lombo
e transformar as caras das mulheres em tenebrosas máscaras de Carnaval.
Para isso já há dinheiro, não é? E vocês a queixarem-se sem vergonha,
e vocês cartazes, cortejos, berros. Proíbam-se os lamentos injustos.
Não se vendem livros? Mentira. O senhor Rodrigo dos Santos vende e,
enquanto vender o nível da nossa cultura ultrapassa, sem dificuldade,
a Academia Francesa.
Que queremos? Temos peitos, lábios, literatura e os ministros e os
ex-ministros a tomarem conta disto.
Sinceramente, sejamos justos, a que mais se pode aspirar?
O resto são coisas insignificantes: desemprego, preços a dispararem,
não haver com que pagar ao médico e à farmácia, ninharias. Como é que
ainda sobram criaturas com a desfaçatez de protestarem? Da mesma forma
que os processos importantes em tribunal a indignação há-de,
fatalmente, de prescrever. E, magrinhos, magrinhos mas com peitos de
litro e beijando-nos uns aos outros com os bifes das bocas seremos,
como é nossa obrigação, felizes.
NÃO LEMBREM ISTO AO GOVERNO PORTUGUÊS.
PARA APOSENTADOS...
Ver com muita atenção
LEVANTEM O SOM E DIVIRTAM-SE...
É só isto que nos falta ...
Por favor cuidado ao reencaminharem este e-mail, porque pode ir ter às mãos de algum dos nossos governantes e eles podem se lembrar de coisas terríveis ...
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quarta-feira, 13 de novembro de 2013
ANGOLA-JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS HÁ DEMASIADO TEMPO NO PODER
José Eduardo dos Santos reconhece que está há “demasiado” tempo no poder
O Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, reconheceu, em entrevista à estação brasileira de televisão TVBand, divulgada pela agência Angop, que está há "demasiado" tempo no poder.
© 2012 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.
PEDRO PARENTE / ANGOP/ANGOP
Na entrevista, realizada em finais de outubro, a uma questão sobre se não acha que está há muito tempo no poder, José Eduardo dos Santos reconheceu que sim e, num registo invulgar, foi mais longe que a pergunta e disse que há "demasiado" tempo.
"Acho que é muito tempo. Até demasiado. Mas também temos que ver as razões conjunturais que nos levaram a essa situação", afirmou.
José Eduardo dos Santos, 71 anos, substituiu o primeiro chefe de Estado angolano, António Agostinho Neto, em 1979, e a guerra civil foi a razão que aduziu para justificar a sua longevidade no exercício do poder.
"Se tivéssemos retomado o processo regular de realização de eleições em 1992, certamente hoje já não estaria aqui. Mas a conjuntura não permitiu", avançou, assegurando que, "daqui para a frente, as coisas vão mudar".
Na entrevista, José Eduardo dos Santos abordou ainda a luta de libertação nacional e as razões da guerra civil, as relações com o Brasil e o último processo eleitoral, de agosto de 2012.
Nestas eleições, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que lidera, renovou a maioria absoluta alcançada em 2008, mas teve menos 10 por cento de votos.
Ainda à volta do tema da sua sucessão, José Eduardo dos Santos respondeu que a questão está a ser debatida no seio do MPLA, para o que estão a ser "ensaiados vários modelos".
"Estamos a ensaiar vários modelos de como a transição poderá ser feita. Se é feita a nível do Estado, se é feita a nível do partido, se se faz de uma vez. Enfim, estamos a estudar, tendo sempre em conta que é preciso manter a estabilidade", frisou.
Quanto à quebra eleitoral de dez pontos percentuais nas últimas eleições, em que obteve 72 por cento, José Eduardo dos Santos explicou a descida como traduzindo uma "crise de crescimento" do partido no poder.
"Temos que admitir que haja crescimento também do lado da oposição", adiantou.
A entrevista, feita pelo jornalista Franklin Martins, que foi ministro da Comunicação Social do ex-Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, integra uma série intitulada "Presidentes Africanos", da produtora Cine Group, com presidentes de cinco países africanos: Angola, África do Sul, Moçambique, Nigéria e Congo.
EL // JMR
Presidente de Angola diz à imprensa brasileira que «substituição está em discussão»
Luanda - O Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, disse a jornalistas brasileiros em Luanda, que "internamente" a direcção do seu partido, o MPLA, já está a discutir a questão da sua substituição nos destinos do país e na liderança dessa formação política, e reconheceu que está «demasiado tempo» no poder, noticia a agência angolana de notícias (ANGOP).
"Realmente estamos a discutir este assunto internamente no MPLA, de como será a transição", referiu num excerto de uma entrevista concedida, recentemente, a cadeia de Televisão brasileira, TVBand, segundo a ANGOP.
José Eduardo dos Santos que está actualmente em Barcelona, Espanha, em visita privada, aparentemente por motivos de saúde, adiantou que se está a "ensaiar vários modelos" da forma como a transição deverá ser feita.
"Se é feita primeiro a nível do Estado, se é feita primeiro a nível do Partido, se se faz de uma vez, (...) enfim estamos a estudar". "Pode levar o seu tempo, tendo sempre em conta que é preciso manter a estabilidade", asseverou o Chefe de Estado angolano.
Instado a comentar sobre o tempo em que está no poder no país , desde 1979, disse: " Eu acho que é muito tempo, (...) até demasiado, mas também temos que ver as razões de natureza conjuntural que nos levaram a essa situação".
Angola esteve em guerra durante muito tempo, acrescentou José Eduardo dos Santos, para depois anuir que por esta razão "não pode consolidar as instituições do Estado e nem sequer pode tornar regular o funcionamento do processo de democratização" .
"Por isso muitas vezes as eleições tiveram que ser adiadas", sublinhou acrescentando que "se tivéssemos retomado o processo regular de realização de eleições, em 1992, depois das primeiras eleição (...) certamente eu já não estaria aqui". (Risos)
"Mas a conjuntura não permitiu que se realizassem eleições, (...) fui ficando até que realizamos estas eleições", realçou o Presidente, admitindo que "daqui para a frente as coisas vão mudar".
José Eduardo dos Santos subiu ao poder depois da morte de Agostinho Neto, o primeiro presidente de Angola, em Setembro de 1979.
José Eduardo dos Santos subiu ao poder depois da morte de Agostinho Neto, o primeiro presidente de Angola, em Setembro de 1979.
terça-feira, 12 de novembro de 2013
INDONÉSIA - ASIA STRATEGIC HUMAN CAPITAL
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Who We Are
Socrates Rudy, Ph.D
Chairman
Rudy has more than twenty five years of experiences throughout various industries in Indonesia, ranging from energy such as power plant and coal mining to banking and telecommunication. Prior to ASA, he held and worked on Director level in several public listed companies in Indonesia. His specialties are as a strategist for investment, structuring, and business development. He has close networking to many key business people in Indonesia. Alumni from Universitas Gadjah Mada, Universitas Indonesia and has a Ph.D on global economy from Yokohama National University in Japan.
Bowo Witjaksono Suhardjo, ChFC, CFP
Advisor
Bowo started his more than 25 years of career in the capital market and financial industry in PT Bank Niaga Tbk. (now PT CIMB Niaga Tbk.), PT Kliring Deposit Efek Indonesia (the Indonesia securities depository and clearing company), and becoming Board of Director of PT Danareksa Investment Management, PT Recapital Asset Management. HIs expertise ranging from wealth management, operations, product development, investment management and strategic partnership. Currently, he is the Vice Chairman of Indonesian Investment Managers Association, Immediate Past Chairman of Financial Planner Association of Indonesia (“FPAIndonesia”) and active in Asia Pacific Financial Services Association (“APFinSA”). Also he is the Member of REDD+ Task Force of President’s Unit for Development Control and Monitoring (“UKP4″), Member of Funding Task Force of Indonesia National Council on Climate Change (“DNPI”). Previously, he was active in Indonesian Mutual Fund Association (“APRDI”) for years with his last position was as the Vice Chairman.
Andy Laver Sirait, MBA
Managing Director
Andy has years of experience in corporate strategy and business planning. Prior to ASA, Andy was living in Japan, working for Deutsche Bank Group and Citigroup, mostly in the CFO team. During his time in Japan, he was the Chairman of Indonesian Community in Japan and had built an extensive network with financial industry, IT industry, and government people from both countries. He enjoys sports and an enthusiast photographer. Bachelor degree from Universitas Padjadjaran and MBA degree from Universitas Gadjah Mada and International University of Japan.
Henrique Castro, MA
Director
Henrique has an extensive background in Recruitment and Business Development. Previously, he was a Senior Consultant for one of the top Consulting firms in Indonesia where he was consistently over achieved his sales targets and awarded twice as Best Consultant. He holds a Master degree in Economics from Universidade Nova de Lisboa and used to work in the capital markets industry in Portugal. After arriving in Indonesia to work in the Portuguese Chamber of Commerce, he decided to move to the Recruitment Industry, where he attained remarkable success and built his network across Indonesia and Asia Pacific. Besides his professional life, Henrique is a passionate and competitive sports practitioner, including Canoeing, Futsal, Surfing, Muay Thai, and is an avid reader of Literature and Economics books.
Jati Andrianto
Director
Jati has years of experiences in research and investment. Currently, he is also a VP Investment in Asia Strategic Advisory and assigned as a Director in Asia Strategic Human Capital. Prior to ASA, Jati worked as a Head of Research at Warta Ekonomi Intelligence Unit and Economist and Researcher at reputable economic research firms in Indonesia. Jati is an avid writer and he has published more than 40 articles on finance & economics topic through academics journal, book, and printed media. His bachelor degree from Universitas Brawijaya, Indonesia, majoring in Accounting.
segunda-feira, 11 de novembro de 2013
MARK BLYTH DIZ QUE A AUSTERIDADE EM PORTUGAL É INÚTIL
Mark Blyth Autor de 'Austeridade' diz que cortes em Portugal são inúteis
Mark Blyth, professor de Economia Política, e autor do livro "Austeridade -- uma ideia perigosa", lançado hoje em Portugal, disse à Lusa que os cortes orçamentais anunciados pelo Governo de Passos Coelho não servem para nada.
14:22 - 18 de Outubro de 2013 | Por Lusa
"[Os cortes orçamentais] São totalmente inúteis. O problema é a forma como os bancos portugueses e a economia portuguesa estão agarrados a um sistema monetário que tem um banco central mas não dispõe de um sistema de coleta de impostos (a nível Europeu) capaz de resolver o problema. Podem espancar a despesa pública portuguesa até a rebaixarem a 'níveis neolíticos'. É como instalar uma instituição bancária na Idade da Pedra. Não resolve o problema. O que estão a fazer é totalmente inútil", disse à Lusa Mark Blyth a propósito dos cortes orçamentais anunciados pelo Governo português.
O escocês Mark Blyth, professor de Economia Política no departamento de Ciência Política da Universidade de Brown, em Providence, Estados Unidos, é autor do livro "Austeridade -- uma ideia perigosa" em que defende que as medidas drásticas não são adequadas para a solução da crise económica.
"Quando tudo começou a arrebentar em 2007 e 2008 ficámos a saber tudo sobre as fragilidades das economias do sul da Europa, mas também sobre o elevado nível de endividamento do sistema bancário e que esteve escondido durante mais de uma década", disse o académico, sublinhando que as medidas impostas pelos governos dos países expostos à crise não fazem sentido porque apenas servem o sistema
bancário em crise.
"O que são necessárias são políticas - caso contrário - a mobilidade laboral vai tentar afastar o problema justificando-a como uma medida económica afastando as pessoas com qualificações que simplesmente vão abandonar os países. E depois quem paga os impostos?", questiona Mark Blyth, recordando que na Irlanda milhares de académicos já abandonaram o país.
Para o professor de Economia Política, pressionar o sistema com austeridade "como se fosse um estilo de vida" só pode dar maus resultados e a crise não pode ser solucionada enquanto se tenta resolver, "ao mesmo tempo", uma crise bancária "através de reformas governamentais, porque uma coisa não tem nada que ver com a outra".
"A austeridade é uma forma de deflação voluntária em que a economia se ajusta através da redução de salários, preços e despesa pública para 'restabelecer' a competitividade, que (supostamente) se consegue melhor cortando o Orçamento do Estado, promovendo as dívidas e os défices" (página 16), escreve Blyth no livro "Austeridade -- uma ideia perigosa", realçando que não se verificam à escala mundial casos que tenham sido solucionados com políticas de austeridade.
"Os poucos casos positivos que conseguimos encontrar explicam-se facilmente pelas desvalorizações da moeda e pelos pactos flexíveis com sindicatos (...) A austeridade trouxe-nos políticas de classe, distúrbios, instabilidade política, mais dívida do que menos, homicídios e guerra" (páginas 337-338), escreve o autor.
"Mas também é uma ideia perigosa porque o modo como a austeridade está a ser apresentada, tanto pelos políticos como pela comunicação social -- como o retorno de uma coisa chamada 'crise da dívida soberana' supostamente criada pelos Estados que aparentemente 'gastaram de mais' -- é uma representação fundamentalmente errada dos factos", defende Blyth.
Como alternativa, o autor da investigação defende a "repressão financeira" assim como um esforço renovado na coleta de impostos "sobre os mais ganhadores", a nível mundial, assim como a procura de riqueza que se encontra "escondida em offshores" e que os Estados "sabem" onde está.
"Na verdade, um novo estudo da Tax Justice Network calcula que haja 32 mil biliões de dólares, que é mais duas vezes o total da dívida nacional dos Estados Unidos, escondidos em offshores, sem pagar impostos" (página 358), conclui Mark Blyth no livro "Austeridade -- A história de uma ideia perigosa" (editora Quetzal, 416 páginas).
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Mark Blyth, professor de Economia Política, e autor do livro "Austeridade -- uma ideia perigosa", lançado hoje em Portugal, disse à Lusa que os cortes orçamentais anunciados pelo Governo de Passos Coelho não servem para nada.
14:22 - 18 de Outubro de 2013 | Por Lusa
"[Os cortes orçamentais] São totalmente inúteis. O problema é a forma como os bancos portugueses e a economia portuguesa estão agarrados a um sistema monetário que tem um banco central mas não dispõe de um sistema de coleta de impostos (a nível Europeu) capaz de resolver o problema. Podem espancar a despesa pública portuguesa até a rebaixarem a 'níveis neolíticos'. É como instalar uma instituição bancária na Idade da Pedra. Não resolve o problema. O que estão a fazer é totalmente inútil", disse à Lusa Mark Blyth a propósito dos cortes orçamentais anunciados pelo Governo português.
O escocês Mark Blyth, professor de Economia Política no departamento de Ciência Política da Universidade de Brown, em Providence, Estados Unidos, é autor do livro "Austeridade -- uma ideia perigosa" em que defende que as medidas drásticas não são adequadas para a solução da crise económica.
"Quando tudo começou a arrebentar em 2007 e 2008 ficámos a saber tudo sobre as fragilidades das economias do sul da Europa, mas também sobre o elevado nível de endividamento do sistema bancário e que esteve escondido durante mais de uma década", disse o académico, sublinhando que as medidas impostas pelos governos dos países expostos à crise não fazem sentido porque apenas servem o sistema
bancário em crise.
"O que são necessárias são políticas - caso contrário - a mobilidade laboral vai tentar afastar o problema justificando-a como uma medida económica afastando as pessoas com qualificações que simplesmente vão abandonar os países. E depois quem paga os impostos?", questiona Mark Blyth, recordando que na Irlanda milhares de académicos já abandonaram o país.
Para o professor de Economia Política, pressionar o sistema com austeridade "como se fosse um estilo de vida" só pode dar maus resultados e a crise não pode ser solucionada enquanto se tenta resolver, "ao mesmo tempo", uma crise bancária "através de reformas governamentais, porque uma coisa não tem nada que ver com a outra".
"A austeridade é uma forma de deflação voluntária em que a economia se ajusta através da redução de salários, preços e despesa pública para 'restabelecer' a competitividade, que (supostamente) se consegue melhor cortando o Orçamento do Estado, promovendo as dívidas e os défices" (página 16), escreve Blyth no livro "Austeridade -- uma ideia perigosa", realçando que não se verificam à escala mundial casos que tenham sido solucionados com políticas de austeridade.
"Os poucos casos positivos que conseguimos encontrar explicam-se facilmente pelas desvalorizações da moeda e pelos pactos flexíveis com sindicatos (...) A austeridade trouxe-nos políticas de classe, distúrbios, instabilidade política, mais dívida do que menos, homicídios e guerra" (páginas 337-338), escreve o autor.
"Mas também é uma ideia perigosa porque o modo como a austeridade está a ser apresentada, tanto pelos políticos como pela comunicação social -- como o retorno de uma coisa chamada 'crise da dívida soberana' supostamente criada pelos Estados que aparentemente 'gastaram de mais' -- é uma representação fundamentalmente errada dos factos", defende Blyth.
Como alternativa, o autor da investigação defende a "repressão financeira" assim como um esforço renovado na coleta de impostos "sobre os mais ganhadores", a nível mundial, assim como a procura de riqueza que se encontra "escondida em offshores" e que os Estados "sabem" onde está.
"Na verdade, um novo estudo da Tax Justice Network calcula que haja 32 mil biliões de dólares, que é mais duas vezes o total da dívida nacional dos Estados Unidos, escondidos em offshores, sem pagar impostos" (página 358), conclui Mark Blyth no livro "Austeridade -- A história de uma ideia perigosa" (editora Quetzal, 416 páginas).
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