quarta-feira, 13 de novembro de 2013

ANGOLA-JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS HÁ DEMASIADO TEMPO NO PODER

José Eduardo dos Santos reconhece que está há “demasiado” tempo no poder

O Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, reconheceu, em entrevista à estação brasileira de televisão TVBand, divulgada pela agência Angop, que está há "demasiado" tempo no poder.

PEDRO PARENTE / ANGOP/ANGOP

PEDRO PARENTE / ANGOP/ANGOP


Na entrevista, realizada em finais de outubro, a uma questão sobre se não acha que está há muito tempo no poder, José Eduardo dos Santos reconheceu que sim e, num registo invulgar, foi mais longe que a pergunta e disse que há "demasiado" tempo.
"Acho que é muito tempo. Até demasiado. Mas também temos que ver as razões conjunturais que nos levaram a essa situação", afirmou.
José Eduardo dos Santos, 71 anos, substituiu o primeiro chefe de Estado angolano, António Agostinho Neto, em 1979, e a guerra civil foi a razão que aduziu para justificar a sua longevidade no exercício do poder.
"Se tivéssemos retomado o processo regular de realização de eleições em 1992, certamente hoje já não estaria aqui. Mas a conjuntura não permitiu", avançou, assegurando que, "daqui para a frente, as coisas vão mudar".
Na entrevista, José Eduardo dos Santos abordou ainda a luta de libertação nacional e as razões da guerra civil, as relações com o Brasil e o último processo eleitoral, de agosto de 2012.
Nestas eleições, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que lidera, renovou a maioria absoluta alcançada em 2008, mas teve menos 10 por cento de votos.
Ainda à volta do tema da sua sucessão, José Eduardo dos Santos respondeu que a questão está a ser debatida no seio do MPLA, para o que estão a ser "ensaiados vários modelos".
"Estamos a ensaiar vários modelos de como a transição poderá ser feita. Se é feita a nível do Estado, se é feita a nível do partido, se se faz de uma vez. Enfim, estamos a estudar, tendo sempre em conta que é preciso manter a estabilidade", frisou.
Quanto à quebra eleitoral de dez pontos percentuais nas últimas eleições, em que obteve 72 por cento, José Eduardo dos Santos explicou a descida como traduzindo uma "crise de crescimento" do partido no poder.
"Temos que admitir que haja crescimento também do lado da oposição", adiantou.
A entrevista, feita pelo jornalista Franklin Martins, que foi ministro da Comunicação Social do ex-Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, integra uma série intitulada "Presidentes Africanos", da produtora Cine Group, com presidentes de cinco países africanos: Angola, África do Sul, Moçambique, Nigéria e Congo.
EL // JMR

 
 
Presidente de Angola diz à imprensa brasileira que «substituição está em discussão»
 
Luanda - O Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, disse a jornalistas brasileiros em Luanda, que "internamente" a direcção do seu partido, o MPLA, já está a discutir a questão da sua substituição nos destinos do país e na liderança dessa formação política, e reconheceu que está «demasiado tempo» no poder, noticia a agência angolana de notícias (ANGOP).
 
"Realmente estamos a discutir este assunto internamente no MPLA, de como será a transição", referiu num excerto de uma entrevista concedida, recentemente, a cadeia de Televisão brasileira, TVBand, segundo a ANGOP.

José Eduardo dos Santos que está actualmente em Barcelona, Espanha, em visita privada, aparentemente por motivos de saúde, adiantou que se está a "ensaiar vários modelos" da forma como a transição deverá ser feita.

"Se é feita primeiro a nível do Estado, se é feita primeiro a nível do Partido, se se faz de uma vez, (...) enfim estamos a estudar".   "Pode levar o seu tempo, tendo sempre em conta que é preciso manter a estabilidade", asseverou o Chefe de Estado angolano.
Instado a comentar sobre o tempo em que está no poder no país , desde 1979, disse: " Eu acho que é muito tempo, (...) até demasiado, mas também temos que ver as razões de natureza conjuntural que nos levaram a essa situação".

Angola  esteve em guerra durante muito tempo,  acrescentou  José Eduardo dos Santos,  para depois anuir que por esta razão "não pode consolidar as instituições do Estado e nem sequer pode tornar regular o funcionamento do processo de democratização" .

"Por isso muitas vezes as eleições tiveram que ser adiadas", sublinhou acrescentando que "se tivéssemos retomado o processo regular de realização de eleições, em 1992, depois das primeiras eleição (...) certamente eu já não estaria aqui". (Risos)
 
"Mas  a conjuntura não permitiu que se realizassem eleições, (...) fui ficando até que realizamos estas eleições",  realçou o Presidente, admitindo que "daqui para a frente as coisas vão mudar".
José Eduardo dos Santos subiu ao poder depois da morte de Agostinho Neto, o primeiro presidente de Angola, em Setembro de 1979.

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