segunda-feira, 4 de março de 2013

OS ROSTOS DOS RESPONSÁVEIS PELA CRISE



Bode expiatório?
A fúria que muitos sentem relativamente à chanceler alemã Angela Merkel é compreensível. Mas não foi Angela Merkel a responsável pelo estado a que chegámos, pela crise em que nos mergulharam, pelo enorme endividamento das famílias ou pelos esquemas de corrupção que exauriram as contas públicas.
Por:
Paulo Morais, Professor universitário


Foi Cavaco Silva, e não Merkel, que enquanto primeiro-ministro permitiu o desbaratar de fundos europeus em obras faraónicas e inúteis, desde piscinas e pavilhões desportivos sem utentes, ao desnecessário Centro Cultural de Belém. Foi o seu ministro Ferreira do Amaral que hipotecou o estado no negócio tipo PPP que ele actualmente gere (!!!!!!!) da Ponte Vasco da Gama.
Foi António Guterres, e não Merkel, que decidiu esbanjar centenas de milhões de euros na construção de dez estádios de futebol (pela mão do Dr. Arnaut). Foi também no seu tempo que se construiu o Parque das Nações (terminou com António Vitorino), o negócio imobiliário mais ruinoso para o estado em toda a história de Portugal.
 
Foi mais tarde, já com Durão Barroso e o seu ministro da defesa Paulo Portas, que ocorreu o caso de corrupção (?) na compra de 2 submarinos a uma empresa alemã. E enquanto no país de Merkel os corruptores estão presos, por cá nada acontece.

 
 
Mas o descalabro maior ainda estava para chegar. Os mandatos de José Sócrates ficarão para a história como aqueles em que os socialistas entregaram os principais negócios de estado ao grande capital. Concederam-se privilégios sem fim à EDP e aos seus parceiros das energias renováveis (torres de vento fabricadas em Espanha na sua maioria); celebraram-se os mais ruinosos contratos de parceria público-privada (as célebres PPP de má memória), com todos os lucros garantidos aos concessionários, correndo o estado todos os riscos (Como hoje referiu em pormenor o Bastonário da Ordem dos Advogados no seu discurso na Abertura do Ano Judicial). O seu ministro Teixeira dos Santos nacionalizou e assumiu todos os prejuízos do BPN, mas esqueceu-se de passar para a esfera do Estado os activos lucrativos da SLN hoje camuflados na Galilei.
 
Finalmente, chegou Passos Coelho, que prometeu nos discursos eleitoralistas, não aumentar impostos nem tocar nos subsídios dos reformados, mas quando assumiu o poder, fez logo exactamente o contrário. Também não é Merkel a culpada dessa incoerência, nem tão pouco é responsável pelos disparates de Vítor Gaspar, que não pára de subir taxas de impostos. A colecta diminui, a dívida pública cresce, a economia soçobra.
 
A raiva face aos dirigentes políticos deve ser dirigida a outros que não à chanceler alemã. Aliás, os que fazem de Angela Merkel o bode expiatório dos nossos problemas estão implicitamente a amnistiar os verdadeiros culpados.
Convém relembrar... é que neste País há um grave problema de "perda de memória".(vulgo Alzheimer).
Afinal, quem é que os pôs lá? Então vão-se queixar ao… (esse mesmo … !)

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