quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

PORQUE O PAPA SE DEMITIU.

'La Reppublica' noticia hoje

Papa recebeu relatório "demolidor" a 17 de dezembro

por Patrícia Viegas
IN DIÁRIO DE NOTÍCIAS


Papa Bento XVI anunciou que vai resignar a 28 deste mês
Papa Bento XVI anunciou que vai resignar a 28 deste mês Fotografia © Reuters



 
 
O Papa Bento XVI recebeu a 17 de dezembro um relatório de conteúdo "demolidor", relacionado com a investigação ao chamado caso 'Vatileaks', que terá tido influência na sua decisão de resignar ao cargo, noticia hoje o jornal italiano La Reppublica, citado pelo site do diário espanhol 'El Mundo'.

O relatório, que tem três centenas de páginas, está dividido em volumes e foi guardado na caixa forte do apartamento do pontífice, resulta de uma investigação realizada pelos cardeais Julián Herranz, JOsef Tomko e Salvatore De Giorgi, à extração de documentos do gabinete do Papa.
O caso, que ficou conhecido como 'Vatileaks', levou à detenção do mordomo do Papa, Paolo Gabriele, por ter entregue tais documentos a um jornalista. Gabriele foi declarado culpado pelo tribunal do Vaticano de roubo de documentos confidenciais do apartamento do Papa. Bento XVI indultou-o posteriormente.
Paolo Gabriele, de 46 anos, pai de três filhos, pediu perdão por ter traído o Papa, mas disse ter agido para salvar a Igreja e o Papa.Nalgumas das intervenções que fez em público, Bento XVI chegou a dizer que a Igreja Católica iria conseguir resistir ao "mal destruidor".
"Tudo gira em torno do sexto e do sétimo mandamentos", disse ao 'La Reppublica' uma fonte muito próxima de um dos autores do relatório, lembrando que os respetivos mandamentos dizem que não se deve roubar ou pecar contra a castidade. O documento, refere o 'El Mundo', citando este jornal italiano, "revelaria lutas de poder, má gestão económica, relações homossexuais..."
O 'La Reppublica' lembra um escândalo que, em 2010, revelou encontros sexuais entre um membro do coro do Vaticano e um dos cavaleiros de Sua Santidade, Angelo Balducci. Numa gravação, que apareceu em público na altura, Balducci aparece a conversar com um membro do coro do Vaticano e este diz-lhe: "Só te digo que tem 2 metros, pesa 97 quilos, tem 33 anos e é completamente 'ativo'".
A posse deste documento, diz o jornal italiano, que fala mesmo na possível existência de um "lóbi 'gay' no Vaticano" levou o Papa Banto XVI a refletir sobre a luta que é preciso travar pelo futuro da Igreja e em, última análise, terá influenciado a sua decisão. "O relatório será entregue ao próximo Papa, que deverá ser bastante forte, jovem e santo para poder levar a cabo o trabalho que o espera", escreve o 'La Reppublica', citado pelo 'El Mundo'.
A seguir ao anúncio do resignação do Papa, já a revista italiana 'Panorama' tinha indicado que Bento XVI tomara uma tal decisão após conhecer o conteúdo do relatório sobre o caso 'VatiLeaks'.
Citado pelo jornal irlandês 'Irish Examiner', um porta-voz do Vaticano disse não ter qualquer comentário a fazer sobre as alegações publicadas pelo 'La Reppublica'.

Sucessão de Bento XVI

Cardeal aconselhado a não comparecer no conclave

por Lusa, publicado por Graciosa Silva19 fevereiro 2013
 


O cardeal e ex-arcebispo de Los Angeles Roger Mahony, implicado num escândalo de pedofilia nos Estados Unidos, poderá vir a ser aconselhado a não comparecer no conclave que irá eleger o novo papa.


Esta hipótese foi avançada pelo cardeal italiano Velasio De Paolis, numa entrevista ao jornal Repubblica, hoje divulgada.
O papa Bento XVI anunciou, na passada segunda-feira (11 de fevereiro), a sua resignação.
Um novo papa será escolhido até à Páscoa, a 31 de março, disse o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, anunciando que um conclave deve ser organizado entre 15 e 20 dias após a resignação do pontífice, prevista para o próximo dia 28 de fevereiro.
"É possível que Mahony seja aconselhado a não vir [ao conclave]", afirmou o cardeal italiano, especialista em direito canónico, realçando, no entanto, que tal intervenção só poderá ser feita a nível pessoal "por alguém dotado de uma forte autoridade".
"A prática comum é recorrer à persuasão. Não se pode fazer mais nada" para eventualmente convencer o cardeal norte-americano a não comparecer no conclave papal, disse De Paoli, falando de uma "situação desconcertante".
Uma associação de católicos norte-americanos, a Catholics United, lançou nos últimos dias uma petição online para impedir a presença do cardeal e ex-arcebispo de Los Angeles no conclave.
"Caro cardeal Mahony, fique em casa", pede a petição da associação, que recorda que Mahony foi acusado de ter encoberto centenas de acusações de abuso sexual de menores ao longo de várias décadas e que foi exonerado de "qualquer responsabilidade administrativa ou pública" pelo seu sucessor na arquidiocese de Los Angeles, o arcebispo de Jose Gomez.
"Se um cardeal é privado das funções públicas dentro da sua diocese, por que razão é recompensado ao ser autorizado a votar no próximo papa?", questionou a associação.
Na mesma entrevista ao jornal Repubblica, o cardeal italiano Velasio De Paolis recordou, porém, que "as regras em vigor devem ser respeitadas".
"O cardeal Mahony tem o 'direito-dever' de participar e votar no próximo conclave", acrescentou De Paolis, que é jurista, presidente emérito da prefeitura para os assuntos económicos e delegado do papa para a congregação religiosa Legionários de Cristo, cujo fundador, o padre mexicano Marcial Maciel, foi acusado de abusos sexuais.

Em última instância, "será a sua consciência que irá determinar se deve vir ou não", disse o cardeal De Paolis, considerando ainda improvável que o papa Bento XVI intervenha neste assunto.
Roger Mahony, de 76 anos, que participou no conclave que elegeu o papa Bento XVI em abril de 2005, é teoricamente membro do conclave constituído por 117 cardeais com menos de 80 anos.
O arcebispo de Los Angeles Jose Gomez divulgou no início deste mês, por ordem judicial, milhares de páginas de documentos confidenciais sobre os cerca de 120 padres alegadamente envolvidos em casos de pedofilia.
Em 2007, a arquidiocese de Los Angeles, na altura liderada pelo cardeal Mahony, aceitou pagar 660 milhões de dólares às cerca de 500 vítimas dos alegados abusos. O mesmo acordo previa a publicação dos dossiês pessoais dos padres envolvidos no escândalo.
Os documentos divulgados revelam troca de informações confidenciais entre Roger Mahony e um alto conselheiro, refletindo sobre os meios para impedir a punição dos alegados abusadores.

Ex-bispo auxiliar de Lisboa

D. Carlos Azevedo suspeito de assédio sexual

por Ana MeirelesOntem

D. Carlos Azevedo foi para o Vaticano em 2011
D. Carlos Azevedo foi para o Vaticano em 2011 Fotografia © João Girão/Global Imagens


Suspeitas de assédio sexual cometido por D. Carlos Azevedo a membros da Igreja terão como base uma queixa apresentada ao núncio apostólico em 2010, adianta a revista Visão na sua edição de amanhã.

D. Carlos Azevedo, ex-bispo auxiliar de Lisboa e apontado por muitos como possível sucessor de D. José Policarpo no cargo de cardeal-patriarca, foi nomeado em 2011 para o Conselho Pontifício de Cultura do Vaticano. Uma nomeação que causou na altura estranheza entre o meio eclesiástico português, diz a Visão.
A reportagem da Visão, levada a cabo pelo jornalista Miguel Carvalho, conta que a denúncia de assédio sexual foi feita em 2010 pelo sacerdote José Nuno Ferreira da Silva, de 48 anos, coordenador nacional das capelanias hospitalares, a Rino Passigato, representante diplomático da Santa Sé. E que o próprio queixoso estará entre as alegadas vítimas de assédio por parte do bispo.
Os casos de assédio sexual alegadamente levados a cabo pelo ex-bispo de Lisboa terão começado nos anos 80. Estas suspeitas também são do conhecimento, desde finais de 2011, da Rede de Cuidadores, instituição que denunciou situações de pedofilia na Igreja, e da qual fazem parte o psiquiatra Álvaro de Carvalho e Catalina Pestana.
D. Carlos Azevedo, em resposta a perguntas feitas pela Visão, disse que a Nunciatura Apostólica nunca falou com ele sobre este assunto e afirmou desconhecer "qualquer repreensão pessoal ou processo institucional que tenha a ver com a matéria".
A Conferência Episcopal Portuguesa já reagiu à notícia da Visão, num comunicado assinado pelo seu porta-voz, o Padre Manuel Morujão, dizendo que "da sua veracidade não podemos nem devemos julgar apressadamente

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