DECLARAÇÃO DE GUERRA DA ALEMANHA A PORTUGAL - 9 DE MARÇO 1916
in jornal A CAPITAL, VI Ano, nº 2007, 10 de Março de 1916.
Portugal e a Primeira Guerra Mundial
Portugal e a Primeira Guerra Mundial
A 5 de Agosto de 1914 toda a Europa estava em Guerra. No dia 2 desse mês, em Portugal começaram-se a fazer sentir os efeitos psicológicos da guerra: a moeda de prata desapareceu de circulação, as mercadorias subiram de preço e deu-se uma corrida aos bancos para levantar o dinheiro.
No dia 7 de Agosto, o Governo de Bernardino Machado levou ao Congresso da República uma declaração sobre a política externa a seguir face à emergência da guerra. Esta declaração reafirmava a tradicional aliança com a Inglaterra sem declarar guerra à Alemanha.
OFENSIVA PORTUGUESA SOBRE AS FORÇAS ALEMÃS
Porém, apenas cinco dias depois, Portugal organiza uma expedição militar com destino a Angola e Moçambique, começando, desta forma, a combater não na Europa, mas em África, isto é, a posição de Portugal na Primeira Guerra Mundial não se podia separar da defesa das colónias ultramarinas, já que as ambições da Alemanha sobre estas eram bastante grandes.
Porém, apenas cinco dias depois, Portugal organiza uma expedição militar com destino a Angola e Moçambique, começando, desta forma, a combater não na Europa, mas em África, isto é, a posição de Portugal na Primeira Guerra Mundial não se podia separar da defesa das colónias ultramarinas, já que as ambições da Alemanha sobre estas eram bastante grandes.
Mesmo antes de eclodir a guerra, o tratado anglo-alemão de 1898 previa uma partilha de Angola, Moçambique e Timor, já que devido às dificuldades financeiras de Portugal, provavelmente, este país se veria obrigado a empenhar as colónias para resolver a crise.
As pretensões da Alemanha não chegaram a realizar-se, devido à acção diplomática portuguesa em Londres e também porque os alemães não concordaram com a exigência por parte da Inglaterra de lhe dar protagonismo.Assim, com o eclodir da guerra, as possessões portuguesas em África ficavam, novamente, à mercê das ambições da Alemanha.
A 25 de Agosto de 1914, os militares alemães fizeram uma incursão ao Norte de Moçambique.
Em 11 de Setembro, Portugal envia a primeira expedição militar para as colónias.
No final de 1914, Portugal estava em guerra não declarada com a Alemanha no Sul de Angola e no Norte de Moçambique.Em 4 de Agosto de 1914, o Foreign Office, ou Ministério dos Negócios Estrangeiros Britânico, declarou que não julgava propício que o Governo português declarasse a neutralidade ou a guerra, isto é, o Governo inglês, no caso de precisar que Portugal interviesse, pediria o seu auxílio, mas não se comprometia a defender militarmente o país e as suas colónias caso Portugal decidisse entrar na guerra sozinho.
Porém, nos últimos meses de 1914, a situação interna e externa de Portugal definiu-se no sentido da intervenção. A primeira solicitação estrangeira feita a Portugal, com intuito militar, partiu da França, em Setembro de 1914, que queria que Portugal pudesse participar com a sua artilharia e infantaria.
Os ingleses apoiaram o pedido e, em 10 de Outubro, o Foreign Office convidou o Governo português a fazer parte dos Aliados.
A 14 deste mês, Freire de Andrade comunicava às legações portuguesas na Europa que era certa a entrada de Portugal na guerra como aliado da Inglaterra.
Decorridos cinco dias, a 19 de Outubro, um incidente ocorrido em Angola com tropas alemãs confirmou este envolvimento.
Cerca de um mês depois, a 23 de Novembro, o Congresso reuniu extraordinariamente por ordem de Bernardino Machado, para obter autorização para intervir no confronto, quando e como achar necessário, como nação livre e aliada da Inglaterra. Dois dias volvidos é feita a mobilização.
Apesar da unanimidade com que foi votada a declaração de 23 de Novembro, na prática não se revelou da mesma forma. As dificuldades financeiras e logísticas que antecediam os preparativos revelaram dúvidas quanto ao rápido desfecho da guerra.
Novas divergências políticas surgiam entre os republicanos. O Partido Democrático dizia ser o momento para formar um governo de unidade republicana sob o seu comando, acabando, desta forma, com o afastamento do poder de Bernardino Machado em 5 de Dezembro de 1914.
Em 1915, as dificuldades económicas e sociais provocadas pela conjuntura de guerra começaram a fazer-se sentir: certos géneros alimentares começaram a falhar e os seus preços subiram, originando revoltas populares nas principais cidades de Portugal.
Nos finais de 1915, os Aliados preparam uma ofensiva para o início do ano seguinte.
A 29 de Novembro de 1915, Afonso Costa forma o seu segundo governo e é empossado pelo novo presidente da República, eleito pelo Congresso em 6 de Agosto de 1915 e investido a 5 de Outubro: Bernardino Machado.
Em 30 de Dezembro, o Foreign Office perguntava ao Governo português se estava disponível para começar o resgate dos navios mercantes alemães que se encontravam nos portos portugueses da metrópole, colónias e ilhas.
Desta forma, Afonso Costa, já em Janeiro de 1916, tenta que a Inglaterra autorize Portugal a declarar guerra à Alemanha, antes da apreensão dos navios, mas em vão.
A 23 de Fevereiro, o Governo português ordenou a apreensão dos navios alemães no porto de Lisboa. No dia 9 de Março, a Alemanha declara guerra a Portugal. Seis dias depois, António José de Almeida assume a chefia do governo, enquanto Afonso Costa fica com as Finanças. A partir de Março, o governo tem como prioridade a organização de um Corpo Expedicionário.