segunda-feira, 3 de setembro de 2012

CÃES DE RAÇA PORTUGUESA - SERRA DA ESTRELA



História

O Cão da Serra da Estrela é uma das raças mais antigas da Península Ibérica. Entre as raças portuguesas, é a mais popular nosso país.

O Cão da Serra da Estrela deve o seu nome ao maciço central português onde este cão se fixou e se desenvolveu. O Cão da Serra da Estrela é um cão de montanha, forte a resistente, cujo papel é o de proteger os rebanhos. Ao longo dos séculos, esta raça passou também a ser utilizada na guarda de casas e propriedades, sobretudo por ser bastante grande e emitir um som forte ao ladrar.

O cão acompanhava e acompanha os rebanhos nas subidas sazonais à serra na procura por pastagens mais verdes. Nesta zona existem alcateias, embora actualmente com população reduzida, e outros predadores de ovelhas, cabras, etc. Por vezes, a transumância era mais alargada e os pastores desciam até ao Alentejo ou subiam até ao Douro, conforme a época do ano.

O Cão da Serra da Estrela enfrentava alcateias em grupos, entre 2 a 6 indivíduos, que se asseguravam da vigilância dos rebanhos. Os cães colocam-se naturalmente nas zonas mais altas para poderem observar uma maior extensão da pastagem. Por vezes, os pastores tinham de regressar às aldeias e confiavam aos cães a guarda dos rebanhos sem supervisão.

Devido ao seu trabalho, onde tinha de enfrentar lobos, por exemplo, e às condições climáticas adversas da serra, o Cão da Serra Estrela esteve bastante sujeito à selecção natural. Apenas os cães que sobreviviam ao frio e às lutas conseguiam reproduzir-se.

A selecção humana foi tendo um maior papel ao longo do tempo, sobretudo quando o Cão da Serra da Estrela passou a ser exportado para zonas urbanas.

Mas o maciço central, devido ao seu isolamento permitiu que o Cão da Serra da Estrela se desenvolvesse e fixasse na região. Acredita-se que as duas variedades de pêlo existentes – pêlo curto e pêlo comprido – se devam a variações regionais. Contrariamente ao que seria de se esperar, era na região mais quente, a zona Sul da Serra, na região de Manteigas, onde se podia encontrar mais cães de pêlo comprido, enquanto que a variedade de pêlo curto era mais frequente no Norte, em Seia e Gouveia. Como os pastores interferiam pouco na selecção dos cães, os cruzamentos entre estas duas variedades eram frequentes.

Em 1934 foi elaborado o estalão da raça, no qual se estabeleceu duas variedades de pelagem. A partir desta altura, o cruzamento entre as duas variedades passou a ser indesejável.

A publicação do estalão em 1966 e o reconhecimento da raça pelo FCI não veio trazer mais popularidade à raça. O declínio de alcateias era notório e os pastores podiam arriscar utilizar cães menos possantes e não puros para a guarda do rebanho. Nos anos 60 e 70, os portugueses emigraram procurando fugir da guerra, do regime e também da pobreza. O êxodo rural era outra alternativa e as zonas rurais foram particularmente afectadas por estas migrações.

A população de cães da Serra da Estrela diminuiu drasticamente neste período, mas a dedicação de alguns criadores permitiu a continuação da raça.

Hoje em dia, o Cão da Serra da Estrela é bastante procurado, sobretudo a variedade de pêlo comprido. Embora, fosse a variedade de pêlo curto a mais numerosa no início do século passado, pois não exigia tantos cuidados com o pêlo, sendo mais funcional, hoje em dia, é a variedade de pêlo longo que se destaca. Sobretudo por ser mais vistoso e com um porte mais elegante. Isto fez com que os criadores se concentrassem sobretudo na variedade de pêlo comprido e mesmo hoje a variedade de pêlo curto é particularmente vulnerável e mais rara.

Temperamento


É um cão de guarda por excelência! Independente, era por vezes deixado sozinho a tomar conta do rebanho. Isto fez com que aceite a ausência do dono enquanto trabalha.

Vigoroso e robusto, o Cão da Serra da Estrela é um cão territorial e dominante. Necessita de uma boa socialização e de um dono capaz de impor a sua liderança de forma consistente e recorrendo ao reforço positivo.

O Cão da Serra da Estrela não é um pastor, no sentido em é responsável pela condução do gado. Está antes encarregue de o proteger e o acompanhar. Apesar de uma matilha poder enfrentar uma alcateia de lobos, os cães da Serra da Estrela funcionavam sobretudo como elementos dissuasores para os lobos.

Sempre alerta, o Cão da Serra da Estrela está igualmente apto para defender casas e propriedades.

Com os donos, esta raça é extremamente meiga e afectuosa. Por trás do aspecto imponente, está um cão muito dócil com as crianças da família, de quem aceita muitos abusos.

Com estranhos é reservado e seguro de si. Os donos devem apresentar todas as visitas ao cão e não devem deixá-las sozinhas com ele. Como cão de guarda incorruptível, o Cão da Serra da Estrela é desconfiado em relação aos humanos que não são da casa.

Os machos não toleram outros cães do mesmo sexo. As fêmeas tendem a ser mais receptivas. Podem conviver com animais de outras espécies desde que habituados com elas desde pequenas.

Muito resistentes, esta raça está preparada para enfrentar situações climáticas adversas, tal como é o tempo que se encontra na serra. Por isso, são cães que tanto podem viver no interior como no exterior da casa.


O Cão da Serra da Estrela necessita de um espaço exterior que possa guardar. A sua necessidade de exercício é moderada, mas ainda assim, passeios longos são a melhor forma de exercitar o animal.


Descrição

O Cão da Serra da Estrela é um cão de grande porte, de linhas rústicas e aspecto poderoso.

A cabeça é volumosa e imponente e o crânio arredondado. Tem uns olhos ovais, castanhos, de expressão inteligente e serena. As orelhas são pequenas e pendentes sendo revestidas por um pêlo macio.

Molossóide, tipo mastim, o Cão da Serra da Estrela tem o peito largo e a garupa ligeiramente descaída. Os membros são fortes e musculosos, sendo os anteriores verticais. Os pezunhos estão presentes nos posteriores. A cauda é comprida, grossa e mantida descaída.

Existem duas variedades de pelagem no Cão da Serra da Estrela: pêlo comprido e pêlo curto. O pêlo é forte, algo grosseiro mas não muito áspero. Em algumas regiões é mais comprido do que outras, como por exemplo na cauda, em volta do pescoço e na parte traseira.

São admitidas apenas as cores fulvo, amarelo e lobeiro, que podem formar uma cor sólidas ou apresentar manchas brancas.

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