segunda-feira, 14 de maio de 2012

A FEIRA DO LIVRO DE LISBOA - PRIMEIRO-MINISTRO VAIADO



A Feira do Livro de Lisboa terminou ontem, 13 de Maio.
O convívio entre escritores e leitores é sempre um momento de muita emoção.
A multidão, a festa, ajuda a quebrar barreiras e os artífices da escrita conseguem, finalmente, falar com os seus fãs sem a distância do livro. Todos se desinibem e esquecem, ali, os escolhos que atapetam o destino deste país.
Infelizmente, o primeiro-ministro teve o mau gosto, porque se julga em campanha, de visitar a Feira do Livro de Lisboa. Pedro Passos Coelho esqueceu-se que, para os portugueses, a sua pessoa é a imagem do desencanto. E assim, sem que o prevíssemos, aconteceu que uma tarde de saudável convívio se transformou num momento surrealista. Em segundos, o encanto, o namoro, entre escritores e o público quebrou-se.
Aquele homem era como que um corpo estranho passeando-se entre a multidão, de repente atónita.
O enlevo da ficção, que permitira escritores e leitores sonhar, desaparecera. As filas dos que nos pediam autógrafos desfizeram-se. Cabisbaixos, homens e mulheres, de novo cidadãos, contavam os cêntimos e retiravam-se.
Um ar abafado, húmido, quase pútrido, irrespirável, desceu sobre o Parque Eduardo VII e todos ficamos tristes.
Era escusado.
Pedro Passos Coelho foi insultado por manifestantes quando visitava, no domingo, a Feira do Livro.
O primeiro-ministro percorreu todo o espaço durante cerca de duas horas, comprou livros e encontrou amigos, mas os últimos 15 minutos da visita foram de protestos.



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