sexta-feira, 27 de abril de 2012

GOVERNADOR DO BANCO CENTRAL ISLANDÊS: "A CULPA DA CRISE É DOS POLÍTICOS E DA BANCA"


Austeridade por si não chega, diz governador islandês
27 Abril 2012 |
Jornal de Negócios com Lusa

A austeridade, por si só, não bastou para superar a crise financeira, mas a consolidação fiscal "foi uma parte muito importante" da recuperação na Islândia, disse ontem em Lisboa o governador do banco central islandês.
Mar Gudmundsson, que falava à imprensa depois de uma conferência no Banco de Portugal, frisou que não se pode traçar comparações directas entre os casos islandês e português.

A Islândia sofreu uma grave crise financeira em 2007, quando a sua banca se tornou insolvente. Reiquejavique teve de pedir ajuda ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Os efeitos ainda persistem, mas a economia islandesa voltou, entretanto, ao crescimento.

"A austeridade foi difícil, mas a recuperação não teria sido possível sem consolidação fiscal", disse. "Julgo que não há dúvidas [na Europa] de que a austeridade por si só não chega, é preciso crescimento, reformas estruturais", acrescentou o banqueiro central. Olhando para a forma como a UE tem respondido à crise, Gudmundsson acha que "as reformas têm ido no sentido certo".

"Em termos gerais, pode-se dizer que a lição a aprender com a Islândia é de que não estaríamos agora onde estamos sem o programa do FMI. Creio que não posso nem devo dar conselhos mais específicos" a Portugal, concluiu Gudmundsson.

Houve muitos culpados pela crise

A responsabilidade pela crise financeira que atingiu a Islândia, em 2007, cabe a políticos, mas também a banqueiros, reguladores e factores externos, disse o governador. "Houve muitos culpados", admitiu Mar Gudmundsson. O banqueiro central explicou a crise islandesa como resultado da combinação de uma "economia sobreaquecida" e da expansão internacional excessiva de três grupos bancários islandeses. Em 2007, os activos da banca islandesa representavam quase 400% do Produto Interno Bruto da Islândia (por comparação, os da banca portuguesa não atingiam 100% do PIB).

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