quinta-feira, 15 de março de 2012

GOLPE MILITAR OU A "SOLUÇÃO DEVE PASSAR PELA DEMOCRACIA"?


Crise

Militares respondem a Otelo: "Solução deve passar pela democracia"

Económico com Lusa
15/03/12 10:34

O presidente da Associação de Oficiais das Forças Armadas disse hoje que a soberania portuguesa se está "a esvair", o que leva algumas pessoas a procurar solução nos militares, mas defendeu que a situação deve ser resolvida em democracia.

"Apesar de tudo o que se vai passando, e contrariando, infelizmente, as promessas, vamos vendo cada vez mais exemplos de muito pouco edificantes razões que levaram a esta situação em que nos encontramos", afirmou à agência Lusa Manuel Carcel.

No entanto, "diria que a democracia tem mecanismos para nos fazer ultrapassar o período que atravessamos, mal-grado isto estar a atingir uma situação em que todos, militares e população em geral, olham com muita apreensão", acrescentou.

O presidente da Associação dos Oficiais das Forças Armadas falou a propósito de declarações do coronel Otelo Saraiva de Carvalho, que, na quarta-feira à noite, considerou que só as Forças Armadas, em nome do povo, poderão resolver o problema da perda de soberania de Portugal, como a que atualmente se verifica, derrubando o Governo.

"As Forças Armadas, em muitas ocasiões ao longo da nossa História, foram a solução para outros problemas", admitiu Manuel Carcel, ressalvando, no entanto, querer "acreditar que somos capazes, num ambiente de democracia, de ultrapassar este problema".

"Mais que não seja, se assim for entendido, substituindo os governantes que hoje estão à frente dos destinos do país", referiu.

Ainda assim, Manuel Carcel deu alguma razão ao antigo "capitão de Abril" Otelo Saraiva de Carvalho.

"Efetivamente, como diz o coronel Otelo de Saraiva de Carvalho, a soberania - que é a razão de existência de um povo - cada vez mais se vai esvaindo, para desespero de todos nós", afirmou.

"Esta situação leva as pessoas em geral com quem convivo e camaradas meus a sentir a falta de uma luz ao fundo do túnel e a olhar também para os militares" à procura de uma solução, opinou.

Esta não foi a primeira vez que Otelo Saraiva de Carvalho defendeu a possibilidade de avançar para um golpe militar como resposta à situação em Portugal.

Em declarações à agência Lusa, a propósito de uma manifestação de militares que estava marcada para dia 12 de novembro do ano passado, Otelo Saraiva de Carvalho afirmou ser contra essas manifestações, mas defendeu que, se fossem ultrapassados os limites, com perda de mais direitos, a resposta poderia ser um golpe militar, que a
concretizar-se seria mais fácil do que em 1974.

Declarações que levaram um grupo de cidadãos a apresentar queixa ao Ministério Público, tendo este aberto um inquérito em janeiro passado.

Processo que Manuel Carcel considera não se justificar, considerando: "A liberdade de opinião pode acontecer com esta expressão mais viva, sem que o Ministério Público venha incomodar esse nosso camarada".

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