por FERREIRA FERNANDES
PSD e PS podem radicalizar as suas posições? A questão não é líquida. Ou melhor, é: os socialistas querem que a água consumida no Parlamento seja da torneira e os do PSD são adeptos da água engarrafada. Há vários meses que se discute por uma ou outra das causas! Até agora os argumentos eram ecológicos. O plástico, a não reciclagem, etc. Mas isso era no tempo da outra senhora, quando éramos ricos. Com isto da troika e do fechar da torneira, perdão, esta imagem faz confusão nesta discussão engarrafada, perdão, outra imagem confusa, com isto da austeridade, dizia eu, os argumentos passaram a praticar o novo desporto nacional: a análise financeira. Custos da coisa, pois. Aqui chegados, parece que a torneira venceria a rolha, certo? Errado. O Conselho de Administração da Assembleia da República calculou o preço da água saída das torneiras, acrescentou-lhe o dos funcionários para o enchimento do vasilhame, a limpeza e o arrumo, e concluiu que ficava em 2730 euros mensais. Já a água engarrafada ficava a 259,20 euros, dez vezes menos... Esta guerra da garrafa e da torneira, ridícula em si, pode também ter desarrolhado outra questão. Reparem, as contas indiciam que os serviços prestados na água engarrafada (onde também há enchimento, transporte...), feitos por operários do sector privado, são bem mais baratos que o serviço dos funcionários parlamentares. Entre dois goles, o PSD levou água ao seu moinho para defender o liberalismo.
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