quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

UM ABALO SÍSMICO NAS RELAÇÕES DE PODER DO PLANETA

Uma ponte para lado nenhum


por MANUEL MARIA CARRILHO
Os políticos podem bem não ser capazes de resolver os problemas do nosso mundo mas, como temos visto, podem agravá-los de um modo muito significativo.
Por isso seria bom que em 2012 se conseguisse transformar a política num instrumento um pouco mais lúcido, eficaz, respeitado, e sobretudo mais focaliza- do no interesse comum. Porque é justamente isto que tem falta- do: um foco que indique o essencial e o equacione com intuição, com conhecimento e com pedagogia.
Não é fácil, porque o Ocidente há muito que fez da "mudança" o seu imperativo ideológico nuclear. Mas agora que ela ameaça os hábitos instalados e os interesses consolidados por décadas - ou mesmo séculos - de domínio quase absoluto do mundo, não sabe como reagir. A não ser arrastando por inércia essa mesma ideologia, entretanto convertida numa tagarelice que apenas procura iludir o facto de o Ocidente já não querer mudar, mas apenas conservar.
O que se passa no mundo é algo que, todavia, não se compadece com ilusões. O que está a acontecer é um abalo sísmico de enormes proporções e consequências, que vai certamente redefinir até ao fim desta década todas as relações de poder e de influência no planeta, alterando posições históricas que muitos acreditavam serem eternas.
O ano de 2012 exige, por isso, que se olhe de olhos bem abertos para o futuro, procurando compreender as mutações que vão ditar uma imensa redefinição do poder estratégico (económico, político, financeiro, militar, cultural) no mundo, com um óbvio mas inevitável prejuízo do Ocidente, que detinha esse mesmo poder desde a Revolução Industrial. O que, naturalmente, terá consequências incontornáveis no nível de vida dos povos: enquanto uns subirão, outros descerão.

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