quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA, A CENTRAL DE NEGÓCIOS

Fio de Prumo

Poder & Associados

As grandes sociedades de advogados transformaram-se em autênticos ministérios-sombra.

Paulo Morais, Professor Universitário
As grandes sociedades de advogados adquiriram uma dimensão e um poder tal que se transformaram em autênticos ministérios-sombra.

É dos seus escritórios que saem os políticos mais influentes e é no seu seio que se produz a legislação mais importante e de maior relevância económica.

Estas sociedades têm estado sobre-representadas em todos os governos e parlamentos.

São seus símbolos o ex-ministro barrosista Nuno Morais Sarmento, do PSD, sócio do mega escritório de José Miguel Júdice, ou a centrista e actual super-ministra Assunção Cristas, da sociedade Morais Leitão e Galvão Teles.

Aos quais se poderiam juntar ministros de governos socialistas como Vera Jardim ou Rui Pena.

Alguns adversários políticos aparentes são até sócios do mesmo escritório. Quando António Vitorino do PS e Paulo Rangel do PSD se confrontam num debate, fazem-no talvez depois de se terem reunido a tratar de negócios no escritório a que ambos pertencem.

Algumas destas poderosas firmas de advogados têm a incumbência de produzir a mais importante legislação nacional. São contratadas pelos diversos governos a troco de honorários milionários. Produzem diplomas que por norma padecem de três defeitos.

São imensas as regras, para que ninguém as perceba, são muitas as excepções para beneficiar amigos; e, finalmente, a legislação confere um ilimitado poder discricionário a quem a aplica, o que constitui fonte de toda a corrupção.

Como as leis são imperceptíveis, as sociedades de jurisconsultos que as produzem obtêm aqui também um filão interminável de rendimento.

Emitem pareceres para as mais diversas entidades a explicar os erros que eles próprios introduziram nas leis. E voltam a ganhar milhões. E, finalmente, conhecedoras de todo o processo, ainda podem ir aos grupos privados mais poderosos vender os métodos de ultrapassar a Lei, através dos alçapões que elas próprias introduziram na legislação.

As maiores sociedades de advogados do país, verdadeiras irmandades, constituem hoje o símbolo maior da mega central de negócios em que se transformou a política nacional.

(ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL CORREIO DA MANHà)

COMENTÁRIOS:

Comentário feito por: Anónimo               
10 Janeiro 2012
Parece-me que o Otelo é que tem razão,ainda que por razões que não propriamente as que ele referiu...revolução/golpe Estado parecem ser a solução...

Comentário feito por:helena r
10 Janeiro 2012
Meu caro Professor! Como alguém já disse publicamente; a AR, é o escritório de negócios de muitos advogados.

Comentário feito por:antuano
10 Janeiro 2012
E no meio desta vigarice toda, onde está o PGR, O Presidente da Republica,os tribunais ou o tribunal de contas?. Urge referendar uma nova CONSTITUIÇÃO p acabar com esta corrupção sem limites.

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